São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2010

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"O jovem não vê mais a cara feia da Aids", diz sanitarista

Nova geração não se cuida, segundo Mariângela Simão, que assume coordenação de órgão da ONU para prevenção da doença

Sergio Lima/Folhapress
Em Brasilia, a sanitarisma Mariângela Simão mostra painel com camisinhas do mundo todo

ANGELA PINHO
LARISSA GUIMARÃES

DE BRASÍLIA Nova coordenadora de prevenção da Unaids (braço da ONU para a Aids), a médica Mariângela Simão, 54, diz que o uso da camisinha tem caído entre os jovens. Ela deixou nesta semana a direção da área de DST/Aids do Ministério da Saúde para assumir o cargo na ONU. Segundo a sanitarista, a nova geração não acompanhou o drama dos primeiros infectados pela Aids e, por isso, não se cuida. "O jovem não vê a cara feia da Aids."

FOLHA - O que é preciso fazer para reduzir os números da Aids no Brasil?
Mariângela Simão
- O que se faz é investir na informação e no trabalho com as populações que têm maior prevalência. Entre os gays jovens vem sendo observado um aumento do número de casos. Esse quadro ocorre também nos EUA, na França e na Inglaterra.

No Brasil, onde a sra. encontrou resistência ao trabalho de prevenção?
A resistência foi maior em relação a usuários de droga. Cada vez que se toca no tema redução de danos, as forças conservadoras se levantam. Estávamos trabalhando com o mundo real, em que há pessoas que usam drogas e estão vulneráveis à transmissão do HIV, com a troca de seringa.

Pesquisas mostram um relaxamento em relação à camisinha. O que se pode fazer?
Isso acontece principalmente entre jovens gays. Não se vê mais a cara feia da Aids, do começo da década de 90. Não se considera que é uma doença sem cura, que você tem que tomar drogas todos os dias com efeitos colaterais de longo prazo.

Qual é a saída, então?
Criar uma cultura de prevenção. Tenho dois filhos, um tem 19, e o outro 22. Em casa, sempre teve preservativo. A gente queira ou não, os filhos decidem quando vão começar a transar. Os pais têm que abrir esse diálogo.


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