São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2011

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Dieta do brasileiro é pobre em nutrientes e rica em calorias

Pesquisa do IBGE mostra que o prato mais comum ainda é o arroz com feijão e carne, mas faltam frutas e verduras

Refrigerante é o quinto produto mais consumido; ingestão de vitaminas, cálcio e fibras é insuficiente

ANTÔNIO GOIS
DENISE MENCHEN

DO RIO

O brasileiro consome menos frutas, verduras, legumes, leite e alimentos com fibras do que o recomendado.
Ao mesmo tempo, ingere excesso de biscoitos, refrigerantes e outros produtos industrializados com muitas calorias e poucos nutrientes.
O resultado dessa dieta é que brasileiros a partir de dez anos apresentam padrões altos demais de ingestão de sódio (oriundo do sal), açúcar e gordura saturada -substâncias associadas ao desenvolvimento de hipertensão, diabetes e até câncer.
O consumo de vitaminas A, D e E, cálcio e fibras está abaixo do recomendado.
A constatação é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que ouviu 34 mil pessoas entre 2008 e 2009 para o primeiro estudo de abrangência nacional sobre consumo individual de alimentos.
Foram considerados os produtos ingeridos dentro e fora de casa.
"Embora tenha uma alimentação ainda à base de arroz e feijão, que têm teores de nutrientes bons, o brasileiro precisa melhorar o consumo de frutas, legumes e verduras e diminuir o de sódio e de açúcar", diz André Martins, técnico do IBGE e um dos responsáveis pelo estudo.

FALTA VITAMINA
De acordo com o endocrinologista Isaac Benchimol, especializado em nutrologia, o baixo consumo de vitaminas e cálcio constatado pela pesquisa pode levar ao desenvolvimento de osteoporose e a problemas nos olhos, na pele e nos cabelos, entre outros.
Um dos "vilões" apontados por André Martins, do IBGE, é o refrigerante, que já aparece entre os cinco produtos mais consumidos pelos brasileiros, atrás do café, do feijão, do arroz e dos sucos e refrescos. Mesmo ingeridos em quantidades menores, biscoitos, salgadinhos, pizzas e doces também preocupam.
Outro problema é a escassez de frutas, verduras e legumes -alimentos que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), deveriam somar ao menos 400 g por dia.
De acordo com a pesquisa, mais de 90% da população com dez anos ou mais de idade consome menos do que isso. Metade sequer atinge 69 g diários -ou seja, pouco mais de um sexto do ideal.

CAMPANHA
Para a coordenadora geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Constante Jaime, os dados do estudo confirmam a "urgência" de políticas públicas para a promoção da alimentação saudável no país.
Segundo ela, o governo está desenvolvendo um plano nacional de combate à obesidade e outro para o combate às doenças crônicas. Ambos devem ser lançados até o fim deste ano.
O objetivo é não só conscientizar os consumidores para a necessidade de fazer escolhas mais saudáveis mas também adotar medidas que permitam elevar a qualidade dos alimentos disponíveis para consumo.
Exemplos dessa estratégia são acordos com a indústria para a redução dos teores de sódio dos alimentos processados e o fomento da agricultura familiar.
Para corrigir o deficit generalizado de nutrientes, porém, a melhor receita é dar preferência a alimentos naturais e montar um prato colorido, como ensina o endocrinologista Isaac Benchimol.


Próximo Texto: Análise: Falta de tempo deixa comida de verdade fora da mesa
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.