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Anvisa restringe venda de emagrecedor
Sibutramina, uma das principais substâncias usadas para perda de peso, só poderá ser comprada com receita controlada
Nova regra torna mais difícil a comercialização, porque a receita, azul, é de controle especial; medicamento foi associado a risco cardíaco
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) endureceu as regras para prescrição
e venda de drogas para emagrecer que contêm sibutramina. A
partir de hoje, elas deixam de
ser vendidas com receita branca (de controle simples) e passam a ser vendidas com receita
azul (de controle especial).
Assim, a sibutramina deixa
de constar da lista de medicamentos de controle comum
(que inclui cerca de 200 substâncias) e passa a ser classificada como droga anorexígena
(que atua no sistema nervoso
central), junto com outras três:
dietilpropiona (anfepramona),
femproporex e mazindol.
Alguns remédios que contêm
sibutramina são Reductil,
Plenty, Saciette, Biomag, Vazy,
Slenfig, Sibutran e Sigran. A sibutramina é uma das drogas
para emagrecer mais vendidas
do país, principalmente depois
que caiu sua patente, em 2007,
quando seu consumo aumentou de dez a 20 vezes, segundo o
endocrinologista Márcio Mancini, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Síndrome Metabólica.
Segundo a endocrinologista
Cláudia Cozer, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a sibutramina atua em duas regiões do
sistema nervoso: no centro do
apetite e no da saciedade.
Ela age diminuindo a recaptação do neurotransmissor responsável pelo apetite e do que
promove a sensação de saciedade. "É a única que atua nos dois
centros ao mesmo tempo. Além
de o paciente ingerir menos alimento, ele terá sensação de saciedade", explica Cozer.
A decisão, publicada hoje no
"Diário Oficial da União", foi
tomada pouco mais de dois meses depois de a Europa suspender a venda da substância, com
base em um estudo que ligou o
remédio ao maior risco cardíaco em pessoas propensas.
Outra decisão da agência é
que seja ampliado o alerta de
segurança sobre o risco de problemas cardíacos na bula.
Não é a primeira vez que um
emagrecedor é associado a
doenças cardíacas. "Na década
de 90, a fenfluramina e a dexfenfluramina foram suspensas
mundialmente", diz Mancini.
Receita azul
Com a nova norma, os medicamentos com sibutramina
não poderão mais ser vendidos
com receita branca -que era
impressa pelo médico na gráfica em duas vias, sendo que uma
delas era retida na farmácia.
Agora os médicos deverão
usar a receita azul, que é entregue pela Vigilância Sanitária e
tem numeração controlada.
"Para ter direito ao talonário
azul, o médico assina um termo
de responsabilidade, o que evita a venda abusiva", diz Elmo
Santana, coordenador de produtos controlados da Anvisa.
Para Mancini, a decisão foi
acertada. "Não havia motivos
para proibir o uso da sibutramina, pois ela é uma droga bem
tolerada. Agora, com a restrição, talvez ela passe a ser indicada apenas por especialistas."
O cardiologista Maurício
Scavanacca, médico-assistente
da Unidade Clínica de Arritmias do InCor, também considerou a decisão positiva. Ele
disse que, quando bem prescrita, a sibutramina é eficiente.
"Ela é eficaz no controle da
síndrome metabólica. Se o paciente for selecionado cuidadosamente, se houver uma boa
análise clínica e se os riscos forem menores que o benefícios,
ela pode ser útil", diz.
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