São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2011

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Chocolate protege de infarto e diabetes

Pesquisa inglesa com 114 mil pessoas afirma que o consumo diário evita a hipertensão e a resistência à insulina

Quem comia mais tinha risco 37% menor de doenças cardíacas e 31% menos chances de desenvolver diabetes


MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

Boa notícia para os chocólatras: quem come mais chocolate tem menos risco de desenvolver doenças cardiovasculares, derrame e até diabetes, afirma novo estudo.
A má notícia é que, segundo especialistas, o benefício só vale se o chocolate for consumido em pequenas quantidades (20 gramas, ou dois quadradinhos de uma barra), o equivalente a 140 calorias.
A pesquisa da Universidade de Cambridge, publicada no periódico "British Medical Journal", analisou sete estudos com 114 mil pessoas, a maioria delas acompanhadas de oito a 16 anos.
Os estudos quantificaram o consumo de chocolate de diferentes formas e, por isso, os pesquisadores compararam apenas os resultados da maior e da menor ingestão do produto e levantaram as doenças associadas a essas quantidades.
A conclusão é que maiores níveis de consumo de chocolate reduzem em 37% o risco de doenças cardiovasculares, em 31% o risco de diabetes e em 29% o de derrame.
Segundo os pesquisadores, os benefícios se devem aos antioxidantes, que evitam a hipertensão e a resistência à insulina, condição que pode levar ao diabetes.

AMARGO
Outros trabalhos já apontavam na mesma direção e relatavam os benefícios do chocolate, principalmente da versão amarga, com mais cacau e antioxidantes.
Mas o estudo inglês não fez distinção entre os tipos de chocolate e ainda considerou uma gama maior de produtos, como barras, bebidas à base de chocolate, bolachas e sobremesas.
Esse é ainda o primeiro estudo a agrupar as pesquisas já feitas sobre a associação entre consumo de chocolate e doenças cardiometabólicas.
"Mas é preciso tomar cuidado com a qualidade. Alguns chocolates têm mais cacau, e outros, mais gordura", afirma o médico nutrólogo Celso Cukier, presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Clínica.
Os benefícios não valem se o chocolate for consumido esporadicamente e em grandes quantidades.

CAUTELA
O nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, afirma que o efeito protetor do chocolate é real e funciona a longo prazo.
"Mas não dá para indicá-lo para fins terapêuticos porque ele pode levar ao ganho de peso, até porque poucos se limitam aos 20 gramas recomendados", diz.
Os próprios pesquisadores afirmam que as conclusões da pesquisa devem ser interpretadas com cautela, justamente pela grande quantidade de calorias dos chocolates mais vendidos.
O chocolate branco, por exemplo, é a pior escolha possível, segundo Magnoni, porque ele tem mais leite e gordura e pouco cacau.
Ainda que os pesquisadores tenham ajustado dados como idade, peso, sexo e nível de atividade física dos participantes, é difícil atribuir os benefícios só ao consumo do doce.
"O chocolate é só mais uma ferramenta. Não adianta comer um bombom por dia e continuar sedentário."


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