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Uma a cada 4 mães não sabe amamentar
Estudo avaliou 1.800 mulheres; fissuras nos seios e baixa produção de leite estão entre as maiores dificuldades
Apesar do "oba-oba" sobre aleitamento, ainda faltam educação
e orientação básica, segundo especialistas
GABRIELA CUPANI
GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
Apesar de tantas campanhas e de ninguém questionar as vantagens, uma em
cada quatro mulheres enfrenta dificuldades na hora
de amamentar.
O estudo, do Centro de Referência Estadual em Bancos
de Leite Humano do Piauí,
foi apresentado em um congresso de bancos de leite,
que acontece em Brasília.
A pesquisa avaliou 1.800
mulheres que deram à luz entre fevereiro e março deste
ano. Delas, 435 -24% do total- apresentaram algum
problema no aleitamento,
sendo os mais comuns mamas cheias demais, baixa
produção de leite, fissura do
bico do seio e dificuldade no
posicionamento do bebê.
O que justifica o índice, diz
a nutricionista Vanessa Paz
Lima, coordenadora do levantamento, é a falta de informação sobre os modos
corretos de amamentar e de
prevenir esses problemas.
"Falta educação", concorda a pediatra e neonatologista Clery Bernardi Gallacci, da
Maternidade Santa Joana,
em São Paulo. "É preciso dar
assistência no pré-natal, no
momento do nascimento e
depois." A mama cheia, que
foi o problema mais recorrente, está diretamente relacionada à falta de informação.
Se a mãe não sabe que deve
alimentar o bebê periodicamente, o peito enche e o bebê
só vai abocanhar o bico, o
que pode levar a fissuras.
"O correto é que ele abocanhe toda a região da aréola,
que é onde ficam os sacos de
leite, e não o bico", explica
Danielle Silva, coordenadora
de Processamento e Controle
de Qualidade do Banco de
Leite Humano do Instituto
Fernandes Figueira/Fiocruz.
Para isso, a posição correto do bebê é fundamental: a
cabeça deve estar recostada
na curva do braço da mãe e o
corpo alinhado ao dela.
O mau posicionamento
também pode até causar fissuras nos mamilos, o que leva a dores nas mamadas.
Nesses casos, recomenda-se que a mãe hidrate o bico
do seio com o próprio leite ao
final da mamada. "Ele também protege contra infecções", diz Danielle Silva.
FALTA DE APOIO
O segundo problema mais
frequente foi a baixa produção, que é evitada dando de
mamar com frequência.
"O maior problema é a falta de apoio. Muitos pediatras
não sabem orientar direito",
acredita Fabíola Cassab, fundadora do grupo Matrice, de
apoio à amamentação.
Todas essas orientações,
segundo Vanessa Paz Lima,
devem ser passadas à mãe logo no pré-natal e devem continuar nos dias seguintes ao
nascimento do bebê.
"Se, durante a internação
do pós-parto, identificarmos
que a mãe apresenta algum
problema para amamentar,
ela passa a receber uma
orientação intensiva e só recebe alta se tiver entendido
os procedimentos", afirma.
Segundo ela, o importante
é que haja conforto durante o
aleitamento: "Qualquer condição que provoque dor pode
interferir na amamentação e
desestimulá-la".
Danielle Silva completa:
"A Organização Mundial da
Saúde preconiza seis meses
de aleitamento exclusivo. Isso não apenas nutre, como
protege contra infecções".
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