|
Texto Anterior | Índice
foco
Documentário retrata mulheres que contraíram o HIV dos seus maridos
Divulgação
|
|
Sílvia Almeida, uma das mulheres cuja história é contada em "Positivas", com os filhos
CAIO BARRETTO BRISO
DA SUCURSAL DO RIO
Maria Medianeira pensou
ter encontrado o homem de
sua vida aos 44 anos. Esperou
tanto tempo para ter certeza
de que escolheria a pessoa
certa. Três meses após o casamento, descobriu que seu
marido lhe transmitira o vírus que já matou 25 milhões
de pessoas no mundo: o HIV.
A história de Medianeira e
as de Ana Paula Silveira, Cida
Lemos, Heli Cordeiro, Michelle Caires, Rosária Rodriguez e Silvia Almeida estão no
documentário "Positivas", de
Susanna Lira, que será lançado hoje -com estreia prevista
para o primeiro semestre do
próximo ano-, no Rio, na
véspera do Dia Mundial de
Combate à Aids.
Todas as personagens se
tornaram soropositivas dentro do casamento ou em relações estáveis. Elas confiavam
nos parceiros e decidiram não
usar preservativo.
"A gente acha que o amor
imuniza, que Aids é coisa de
artista, que não vai acontecer
com a gente. Mas acontece",
diz Cida Lemos, 54.
Só quando ela começou a
perder os cabelos e a emagrecer -ficou 45 quilos abaixo
do peso normal- uma médica pediu o exame de HIV. Pela
demora e pelo excesso de medicação errada, que enfraqueceu seu sistema imunológico,
ela teve um problema na retina e ficou cega.
"O HIV atinge cada vez
mais mulheres como as do filme, casadas, comuns", diz a
ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres. No país, em
2008, foram 37 casos de mulheres com Aids por dia, segundo o Ministério da Saúde.
"O preconceito não é coisa
do passado. Outras mulheres
também quiseram participar,
mas de costas e com voz distorcida. Não aceitei, por achar
que isso só confirmaria o preconceito", diz Lira.
As sete mulheres de "Positivas" tiveram que reavaliar
suas vidas e mudar as atitudes. "Minha família começou
a dizer que eu estava com
câncer. Não permiti. Quando
assumi o HIV, percebi que
poderia ajudar outras mulheres", diz Cida Lemos.
Ela não passa um dia sem
cantar. Michelle Caires conseguiu emprego como cozinheira em um restaurante.
Maria Medianeira criou a
ONG Associação Medianeira
Ama Vida. Silvia viaja sempre
que pode. Ana Paula cuida de
plantas. Heli escreve poesias.
No filme, ela cita um poema
seu: "Preciso brincar nesta
dor, esquecer o que magoa e
reescrever a minha história.
Se cada pássaro cria seu próprio balé, por que não eu?".
Texto Anterior: Remédio e dor crônica favorecem queda Índice
|