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SP proíbe venda da pílula Nociclin
Governo paulista interditou 164 mil cartelas; ministério ainda não decidiu por suspensão nacional
Empresa EMS diz que os
lotes do anticoncepcional
não foram comercializados
no varejo e que o único
destino foi a rede pública
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de hoje, estão proibidas a venda e a distribuição do
anticoncepcional Nociclin em
todo Estado de São Paulo. A Secretaria de Estado da Saúde
também decidiu interditar, de
forma cautelar, cinco lotes da
pílula, com 164 mil cartelas -o
equivalente a 3,4 milhões de
comprimidos.
A decisão, publicada hoje no
"Diário Oficial" do Estado, foi
baseada em exames do Instituto Adolfo Lutz que revelaram
problemas em amostras do
produto, que poderiam tornar
ineficaz a prevenção da gravidez, segundo a secretaria.
O Nociclin está na lista do
Programa Farmácia Popular,
do governo federal, mas, segundo a EMS -fabricante do anticoncepcional-, os lotes interditados não foram comercializados no varejo. "Seu único
destino foi o Ministério da Saúde, para a distribuição às redes
públicas de saúde estaduais",
diz a nota da empresa.
O Ministério da Saúde informou ontem que 20 milhões de
cartelas de Nociclin foram distribuídas em nove Estados brasileiros por meio do programa
Saúde da Mulher. A Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda não decidiu
se vai suspender o anticoncepcional nesses Estados.
Segundo Maria Cristina Megid, diretora do CVS (Centro de
Vigilância Sanitária) do Estado
de São Paulo, durante os ensaios clínicos, a dissolução do
remédio ocorreu de forma mais
lenta, indicando que a absorção
do princípio ativo do anticoncepcional pelo organismo pode
ser inferior ao necessário para a
prevenção à gravidez.
A Anvisa informou ontem
que análises feitas pelo laboratório EMS nos cinco lotes de
Nociclin que vieram para São
Paulo -de números 157430,
152933, 156383, 156389 e
156390- não constataram as
irregularidades apontadas pelo
Adolfo Lutz.
Por isso, a agência disse que
fará novos exames (contraprova) nos lotes do produto antes
de decidir pela interdição ou
não em âmbito nacional. Segundo a Anvisa, também serão
realizadas análises de outros
lotes do anticoncepcional
-com ao menos 50 milhões de
comprimidos- que foram distribuídos em outros Estados.
Rotina
A diretora do CVS paulista
disse que os lotes de Nociclin
vieram do Ministério da Saúde
para serem distribuídos em
municípios com menos 500 mil
habitantes. As análises fazem
parte de um monitoramento de
rotina, segundo ela.
"Antes de fazer a distribuição
de qualquer remédio, coletamos amostras e analisamos.
Outros anticoncepcionais que
vieram do Ministério da Saúde
e outros lotes de Nociclin que
analisamos anteriormente tiveram resultados satisfatórios", afirmou Megid.
Segundo ela, a EMS tem dez
dias corridos para apresentar
sua defesa. Além de se manifestar oficialmente sobre o problema, o laboratório deverá encaminhar ao CVS informações
sobre a quantidade total produzida nos lotes interditados e sobre os clientes para os quais o
produto foi vendido, nas áreas
pública e privada.
Outro lado
Por meio de nota, o laboratório EMS informou ontem que
realizou testes nos lotes de Nociclin antes de entregá-los ao
Ministério da Saúde e que todos eles apresentaram resultados satisfatórios, comprovando
a qualidade do produto.
"O Instituto Adolfo Lutz realizou teste em oito lotes do medicamento, sendo que três deles foram plenamente aprovados. O órgão não realizou testes
de contraprova previstos pela
legislação com os cinco lotes
que, segundo a avaliação do instituto, apresentaram resultados insatisfatórios apenas no
ensaio de dissolução. Todos os
demais ensaios foram considerados satisfatórios."
A empresa EMS disse que solicitou ontem a realização de
testes de contraprova do produto, "visando o esclarecimento dos fatos e a comprovação da
qualidade e segurança do medicamento".
A EMS mantém um canal de
atendimento às usuárias do
medicamento pelo telefone
0800-191914, para o esclarecimento de dúvidas e informações, com funcionamento diário de 8h30 às 20h.
É a segunda vez que ocorre
interdição de anticoncepcionais fabricados pela EMS. No
final de 2007, o Contracep foi
suspenso porque, segundo o
governo paulista, em três lotes
do produto havia quantidade
de hormônios menor que a esperada. Houve relatos de pelo
menos três mulheres que disseram ter engravidado enquanto
usavam o remédio. A empresa
diz que "não tem registro de casos conclusivos de gravidez por
ineficácia do produto".
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