São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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85% dos pacientes sentem medo de anestesia geral

Enquete inglesa mostra que um dos motivos para a ansiedade é o receio de não acordar após a operação

RACHEL BOTELHO
DE SÃO PAULO

O medo de anestesia geral é mais comum do que se pensa. Uma enquete feita com 460 ingleses que haviam acabado de passar por uma cirurgia com esse tipo de anestesia revelou que 85% ficaram ansiosos dias antes.
O sentimento foi classificado como extremo por 17% dos participantes, razoável por 22% e pequeno por 46%. Medo de morrer e de acordar durante a cirurgia foram as principais razões apontadas.
Os entrevistados, que tinham entre 18 e 75 anos, também citaram como motivo para ansiedade o medo de não acordar após a cirurgia e a necessidade de confiar sua vida a estranhos.
A ansiedade e o medo são generalizados entre os pacientes, segundo o anestesista Maurício Nunes Nogueira, do hospital Oswaldo Cruz.
"Eles ouvem relatos que os deixam apreensivos, mas hoje a angústia é menor, porque há um contato com o anestesista antes da cirurgia."
Segundo Nogueira, no passado, a pessoa mal via o anestesista. "Hoje, pode-se marcar uma consulta antes."
Para o anestesista Wilson Nogueira Soares Jr., do hospital Albert Einstein, a ansiedade se deve a dois fatores.
"Primeiro, autopreservação, medo de uma situação em que há risco de morte. E porque os mais velhos viveram em uma época em que a anestesia era menos segura."
Ele cita a evolução dos equipamentos e dos remédios como responsáveis pelo aprimoramento da segurança. "Trabalhamos hoje em condições muito boas, com uma monitorização intensa do paciente", afirma.
Segundo ele, um desafio é verificar o nível de consciência da pessoa, porque há relatos de pacientes que ficaram conscientes durante a operação. "Procuramos diminuir as ocasiões em que isso acontece, porque pode ser traumático, embora não traga riscos."
A anestesia geral suscita mais desconfiança do que as demais, mas não é mais arriscada. "O que faz diferença é se o médico indicou uma anestesia que era menos apropriada para o caso", diz Soares Jr.


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