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Enxaqueca com aura eleva risco de morte
Dor de cabeça acompanhada de distúrbios visuais indica maior chance de óbito por doença cardíaca ou qualquer outra
Estudo avaliou 20 mil pacientes por 26 anos e sugere uma relação genética entre a doença e falhas circulatórias
GABRIELA CUPANI
DE SÃO PAULO
Pessoas que sofrem de enxaqueca com aura -quando
a dor vem acompanhada de
sintomas visuais- têm mais
risco de morrer de qualquer
causa do que aquelas que
não têm dores de cabeça crônicas ou que sofrem do tipo
sem aura.
O dado é de um estudo que
acompanhou quase 20 mil
homens e mulheres durante,
em média, 26 anos na Islândia, publicado no "British
Medical Journal".
Vários estudos têm sugerido uma associação entre enxaqueca, particularmente a
do tipo com aura, e um aumento de risco para doenças
cardiovasculares. No entanto, segundo o artigo, poucos
trabalhos têm avaliado a relação da doença com a mortalidade por qualquer causa.
De acordo com os autores,
vários mecanismos podem
estar por trás do efeito, mas
nenhum foi comprovado.
Um desses mecanismos
sugere uma relação genética
entre enxaqueca e problemas circulatórios, outros
apontam a enxaqueca como
uma doença sistêmica, que
pode levar a comprometimentos vasculares.
MAIS SENSIBILIDADE
Segundo o neurologista
Abouch Krymchantowski,
do Centro de Avaliação e Tratamento da Dor de Cabeça,
no Rio de Janeiro, na enxaqueca com aura há alteração
no funcionamento dos vasos.
"Os pacientes com essa forma de enxaqueca têm maior
sensibilidade a fenômenos
isquêmicos. Quem tem esse
diagnóstico não deve fumar,
usar pílula nem ser obeso e
sedentário. Além disso, deve
fazer acompanhamento com
neurologista."
"Essa é uma relação conhecida. A enxaqueca tem
vários genes envolvidos com
potencial lesivo aos vasos.
Por isso quem tem enxaqueca tem mais risco de AVC ou
de demência vascular", completa o vice-coordenador do
departamento de cefaleias
da Associação Brasileira de
Neurologia, Claudio Brito.
No entanto, os próprios
autores reconhecem que a
dor é um fator de risco cardiovascular menos importante do que os outros já estabelecidos, como tabagismo,
diabetes ou pressão alta.
Estima-se que a enxaqueca atinja 20% das mulheres e
10% dos homens. Um estudo
recente, feito no Brasil, revelou uma prevalência de cerca
de 15%. Mulheres são a enorme maioria das vítimas.
A enxaqueca com aura
acomete cerca de 14% dos
portadores de enxaqueca.
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