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'Nova geração de empresários percebe risco para o clima'

Para ex-primeira-ministra da Noruega Gro Brundtland, setor privado já vê oportunidades surgindo do combate ao aquecimento

MARCELO LEITE DE SÃO PAULO

Gro Harlem Brundtland, 75, poderia ser chamada de "mãe do desenvolvimento sustentável". A expressão, hoje de uso corrente em ambientalismo, foi cunhada em 1987 na declaração "Nosso Futuro Comum", o chamado "Relatório Brundtland".

A médica e diplomata que se tornou primeira-ministra da Noruega foi convidada pela ONU para presidir a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Lá, definiu-se o desenvolvimento "sustentável" como aquele "que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades".

Quase três décadas depois, Brundtland diz que isso deixou de ser abstração. "Foi necessária uma geração inteira de aprendizado, de conscientização, de eventos meteorológicos e outros sinais concretos de mudança dramática para reverter a maré, no sentido da noção de que não há rota alternativa à frente."

Brundtland fala nesta quarta (1º) em palestra da série Fronteiras do Pensamento, em São Paulo, com ingressos esgotados. Ela elogia o Brasil pela redução do desmate e se diz otimista quanto a um acordo global sobre o clima, a ser fechado em Paris no fim de 2015.

Folha - A agenda da mudança do clima perdeu impulso depois da crise de 2008. A sra. acredita que a Cúpula de Nova York ajudou a reverter essa tendência, mesmo sendo uma discussão mais informal?

Sim, acredito. Formal ou informal não é a questão. O que importa é o que os líderes dos países estão dispostos a fazer, porque os negociadores não são os líderes. Eles são pessoas em nível ministerial ou subministerial às vezes. Todos eles dependem dos processos de decisão de seus países, que por sua vez depende do que os líderes executivos ou seus parlamentos estão dispostos a fazer. Tudo isso é um processo complicado e varia de país para país. Então, é importante reunir essas pessoas, como fez o secretário-geral da ONU.

Relatórios recentes sobre a economia da mudança obtiveram mais repercussão na comunidade empresarial do que a "Revisão Stern", de 2007. Por quê?

O recente relatório "Crescimento Melhor, Clima Melhor" impressionou muita gente. Ficou claro que há muitos mais no setor privado que agora enxergam oportunidades, não apenas necessidade, em se adotar soluções de baixo carbono.

Eles demandaram que se atribua um preço ao carbono, pediram um esclarecimento dos governos sobre regulação futura, estavam impacientes, pedindo mais ação. Sim, acredito que uma nova geração de líderes empresariais se deu conta dos riscos de não se converter a uma abordagem amigável ao clima.

O problema que ainda emperra as discussões sobre um acordo global de redução de emissões é a oposição entre países ricos com longo histórico de emissões e os emergentes grandes emissores?

Isso ainda não foi solucionado. Francamente, o que está acontecendo é que todos estão contando com esses movimentos de baixo para cima, com países declarando o que estão dispostos a prometer em plano nacional. Depois, soma-se tudo para ver o quão distantes estamos de onde precisamos estar. E estamos muito longe. Essas declarações precisam melhorar. E isso se aplica tanto aos países ricos quanto a os pobres.

Está otimista com a Conferência de Paris, em 2015?

Paris precisa dar um grande salto à frente! Muitos países estão impondo condicionalidades do tipo: "A menos que se prometa tanto em financiamento para adaptação e mitigação em países pobres, não estamos dispostos a prometer nada". Há muitas condicionalidades na mesa de negociação e é preciso saber a posição de cada país --mesmo aquelas posições que são apenas sussurradas', que não são divulgadas publicamente. É preciso aumentar a soma de promessas, de modo que os negociadores tenham chance de fazer algo até dezembro do ano que vem, para finalizar em Paris algo que realmente vá funcionar.


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