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"Centenários são pessoas moderadas", diz pesquisador

DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Há quase 20 anos estudando os centenários, Thomas Perls, professor da Universidade de Boston, pesquisa agora um grupo ainda mais seleto: os supercentenários, que passaram dos 110 anos.

Segundo Perls, a resposta para a longevidade extrema está nos genes. Mas ele aposta que mesmo os que não tenham uma boa herança genética poderão viver mais se cultivarem hábitos saudáveis.

Um dos autores do best-seller "Living at 100", Perls costuma dizer que estará muito satisfeito se viver bem até os 95. O médico falou à Folha na última terça, no Rio, onde participou de um congresso de geriatria. (CC)

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Folha - Ainda é muito difícil se tornar um centenário?
Thomas Perls - Tem se tornado cada vez mais fácil. Quando comecei a estudar os centenários, em 1994, havia 1 em 10 mil na população dos EUA. Hoje, há 1 em 5.000. Conseguimos melhorar as condições de saúde e curar muitos que antes morriam de doenças infecciosas, por exemplo. As pessoas estão controlando mais doenças como diabetes e hipertensão e estão parando de fumar. Isso tudo tem impacto na longevidade.

É possível chegar bem aos cem, mesmo com doenças?
Por muito tempo, as pessoas pensavam que, para chegar aos cem, você tinha que evitar doenças relacionadas à idade. Mas não é verdade.
O mais importante é evitar as disfunções. Mais de 90% dos centenários que estudamos eram funcionalmente independentes [andavam, comiam e tomavam banho sozinhos] aos 90, mesmo tendo doenças relacionadas ao envelhecimento [como câncer, osteoporose, diabetes].
Mesmo pessoas que não tenham "bons" genes para a longevidade podem viver mais se tiverem bons hábitos.

Qual o perfil dos centenários?
A maioria, 85%, é mulher. São pessoas que nunca fizeram coisas ao extremo, são moderadas. Não beberam muito, não fumaram, não são obesos. São muito sociáveis, gostam de estar vivos.
O sr. tem estudado agora os supercentenários. Qual é o segredo deles?
A longevidade dessas pessoas tem um forte componente genético. Elas representam a melhor chance para estudarmos os genes protetores e os seus mecanismos bioquímicos e, quem sabe, desenvolver medicamentos que ajudem pessoas que não têm os mesmos genes.

Mas é só genética?
Para essas pessoas com longevidade extrema, sim. Os genes respondem por 60% a 70% da longevidade.

Qual foi a pessoa mais longeva que o sr. estudou?
Uma senhora de 119 anos, a segunda pessoa que mais viveu no mundo. Morreu em 1997. Cinco anos antes, era muito independente. Em geral, os supercentenários seguem bem até os 109 anos. Aí começam a decair.

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