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Cirurgia com tablet ajuda a "ver" órgãos

Mistura de tomografia com imagens de iPad cria realidade virtual que permite visualizar tecidos ocultos do corpo

Testada em operações renais por cientistas da Alemanha, técnica pode evitar lesões acidentais em locais vulneráveis

Divulgação/DKFZ
Médicos fazem operação com iPad em hospital de Heidelberg (Alemanha)
Médicos fazem operação com iPad em hospital de Heidelberg (Alemanha)

MARIANA VERSOLATO
ENVIADA ESPECIAL A HEIDELBERG (ALEMANHA)

Aplicativos para celular e tablets ligados a saúde e qualidade de vida são bastante populares e existem aos montes. Mas um grupo de pesquisadores alemães deu um passo à frente e resolveu levar o iPad para a sala de cirurgia.

A técnica experimental, batizada de navegação assistida por iPad para visão 3D aumentada, poderá ajudar os cirurgiões a visualizar melhor os órgãos próximos ao rim na retirada de cálculos, e também na remoção de tumores do rim e da próstata em cirurgias minimamente invasivas.

O projeto foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Heidelberg, no sudoeste da Alemanha, e do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer, na mesma cidade. Por enquanto, o procedimento foi testado para cirurgia de retirada de pedra no rim em cinco pacientes, para analisar se a técnica era exequível.

Antes do procedimento, o paciente faz uma tomografia com eletrodos, usados como assistentes de navegação. Na cirurgia, esses marcadores são colados na pele na mesma posição do exame.

O iPad então captura as imagens dos eletrodos e as transmite para um servidor, que faz a sobreposição das imagens em tempo real da cirurgia e as da tomografia computadorizada.

O software cria as imagens em realidade aumentada e as envia para a tela do iPad. É como se o médico tivesse uma visão geral de vários órgãos.

A vantagem da novidade é a melhor visualização do local da punção no rim e dos órgãos próximos. Hoje, a visualização é feita por contraste e imagens radiológicas ou de ultrassonografia.

Ter uma visão precisa de todos os órgãos é importante porque, durante a cirurgia renal, há o risco de atingir a pleura (membrana que envolve o coração e o pulmão) e o cólon, diz Antonio Correa Lopes Neto, urologista do HCor (Hospital do Coração) e da Faculdade de Medicina do ABC. Ele afirma que existem também relatos de lesões no fígado, no baço e no duodeno.

"A técnica atual é padronizada, eficiente e segura. Mas um avanço na visualização da cirurgia melhoraria a segurança do procedimento."

Robôs também já foram desenvolvidos com esse propósito. Mas, segundo os pesquisadores, seu preço pode ser um empecilho.

PERSPECTIVA

Michael Müller, pesquisador do Departamento de Informática Médica e Biológica e um dos responsáveis por desenvolver a técnica, diz acreditar que em dois anos o projeto seja lançado comercialmente, e os tablets poderão invadir as salas cirúrgicas.

Ele afirma, porém, que ainda faltam estudos para comparar a novidade com a cirurgia tradicional.

Segundo Lopes Neto, estudos como esse são muito iniciais, mas abrem a perspectiva de que, num futuro próximo, seja possível aumentar a segurança do procedimento e expandir a utilidade médica dos tablets.

A repórter MARIANA VERSOLATO viajou a convite do Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha

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