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Preparador físico comemora a possível 'cura' da infeção por HIV

Americano ex-viciado em heroína participou de estudo inovador

RAFAEL GARCIA
EM WASHINGTON

O sucesso do primeiro teste da droga vorinostat, que desmascara os vírus da Aids que escapam da terapia convencional, gerou grande otimismo entre os oito voluntários que participaram do ensaio clínico em Chapel Hill, na Carolina do Norte (EUA).

Um deles se sentiu tão recompensado pelo êxito do estudo -considerado um passo crucial para uma possível cura- que veio a público para revelar que é soropositivo, depois de manter esse segredo por 18 anos.

Rob Hill, 50, começou a terapia antirretroviral logo depois de receber o diagnóstico, em 1996, e há sete anos tem níveis de vírus tão baixos no sangue que seus testes de HIV dão negativo.

Depois de ter conseguido retomar a vida, o ex-DJ e ex-viciado em heroína se tornou atleta e preparador físico. Desde então, teve três namoradas: as únicas pessoas que sabiam de sua infecção pelo HIV até o mês passado.

Quando foi convidado a participar do teste do vorinostat, a droga anticâncer que desmascarou o HIV, Hill diz que encarou a oportunidade como uma missão. Mesmo com os antirretrovirais tendo devolvido sua saúde física, uma remota perspectiva de cura foi suficiente para motivá-lo a tomar a nova droga, um medicamento com efeitos colaterais que poderiam perturbar sua terapia normal.

"Eu me preparei por muitos anos para fazer o que faço agora. Além desse estudo, já fui voluntário em vários outros", conta Hill, que tem orgulho de manter forma física excepcional. "Se uma droga falha, os médicos não ficam achando que ela fracassou por causa do meu estado de saúde. Se a droga é eficaz, tem de funcionar comigo."

O vorinostat, no final de contas, não se mostrou muito tóxico em doses baixas. "Tive só um pouquinho de indigestão no começo", diz Hill, que decidiu se voluntariar como cobaia humana não só por altruísmo. "Tenho gasto US$ 3.700 por mês com a terapia antirretroviral. As drogas que eu tomo me afetam emocionalmente."

Ele diz que agora considera sua saúde um compromisso com a equipe médica que dirige os testes clínicos, pois vai entrar na segunda etapa do teste do vorinostat na Universidade da Carolina do Norte. "Não fiz muita coisa útil no começo da vida, mas agora quero retribuir."

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