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Primeiro transplante de ovário do país é realizado no Paraná

Cirurgia ocorreu entre irmãs gêmeas em hospital de Maringá

LUIZ FERNANDO CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MARINGÁ (PR)

O primeiro transplante de ovário do Brasil foi realizado no sábado (28), em Maringá (PR). Na cirurgia, uma parte do tecido do ovário da nutricionista Elisa Gerep de Morais, 29, foi transplantado em sua irmã gêmea, a turismóloga Mariana Gerep de Morais.

Outra parte do tecido será preservada para o caso de um novo transplante ser necessário. Se o órgão não for rejeitado, Mariana poderá finalmente engravidar.

"Foram sete anos esperando esse momento. Não sei como explicar a emoção que estou sentindo", diz.

Segundo o cirurgião e pesquisador em reprodução humana da Universidade Federal de São Paulo Carlos Gilberto Almodin, que conduziu o procedimento, é necessário aguardar até seis meses para saber se haverá rejeição. Apesar de serem gêmeas univitelinas, as irmãs são heterozigóticas, isto é, não têm o mesmo código genético.

"A cirurgia é simples, mas a parte onde foi feito o transplante é frágil", diz Almodin.

Mariana, que vive em Ouro Branco (MG), teve menopausa precoce causada por problemas genéticos.

TÉCNICA

O procedimento realizado no Hospital São Marcos, em Maringá, é fruto de uma pesquisa iniciada por Almodin em 1999. Os resultados dos estudos experimentais em animais foram apresentados nos EUA, em 2002.

"Conseguimos provar que o transplante dava certo", diz o pesquisador, que teve sua técnica aplicada pela primeira vez em 2005, por médicos da Bélgica. "A paciente conseguiu engravidar", conta.

Segundo o chefe da disciplina de ginecologia e obstetrícia da Universidade Estadual de Maringá, Adilson Carlos Gomes, o mais comum é o autotransplante do ovário -quando a paciente com câncer, antes de fazer o tratamento, tem parte do tecido ovariano congelado para reimplante após a cura.

"Esse transplante é um marco, mas depende de outros estudos para se consolidar na prática clínica."

César Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, afirma que esse é um feito importante, mas a prova de seu sucesso virá se a paciente voltar a ovular e conseguir engravidar.

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