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Gêmeos vão ganhar rins das irmãs gêmeas

Silvana e Luciane, 42, vão doar um rim cada uma aos caçulas Fábio e Fabiano, 35, que têm insuficiência do órgão

Brincadeira do tempo em que eram crianças determinou qual delas ia doar o órgão para cada um dos irmãos

NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO

Dois irmãos gêmeos que sofrem da mesma doença, uma insuficiência renal crônica, devem fazer um transplante de rim nas próximas semanas. As doadoras serão as duas irmãs mais velhas deles, que também são gêmeas.

Tudo começou há um ano, quando o escriturário Fábio Gomes da Silva, 35, procurou um médico para averiguar as constantes dores de cabeça e a pressão, que estava alta. Entre uma consulta e outra, ele passou por exames que revelaram uma alteração nos níveis de creatinina.

O diagnóstico foi insuficiência renal crônica. "Foi um baque", conta Fábio. Ele resolveu alertar o irmão gêmeo, Fabiano, para que também procurasse um médico e fizesse os exames.

"No início ele até falou: se eu estiver bem, eu doo o rim para você. Mas o primeiro exame já revelou o mesmo problema", relata Fábio.

Os dois começaram então a fazer uma dieta específica, com pouco sal, para manter as funções do rim. Enquanto isso, a família, que mora em Maringá, no norte do Paraná, iniciou os testes de compatibilidade para tentar fazer um transplante do órgão.

"Decidimos sem titubear. Se eles precisassem, nós estaríamos prontas", conta Silvana Gomes da Silva Minatel, 42, uma das irmãs.

Cerca de dois meses e 45 exames depois, veio a boa notícia: o resultado foi favorável para ela e Luciane, que também são gêmeas univitelinas (idênticas).

A primeira cirurgia será no dia 20. Silvana irá doar um dos rins para Fábio, que hoje tem apenas 15% dos dois órgãos em funcionamento.

"O normal seria acima de 90%", afirma. O mesmo acontece com o irmão -por conta disso, os dois estão de licença médica.

Em seguida, a família deve acompanhar o transplante de Luciane para Fabiano, ainda sem data definida.

Segundo o nefrologista Sérgio Torres, que acompanha os irmãos na Santa Casa de Maringá, a chance de os transplantes serem bem-sucedidos "é grande devido à compatibilidade genética quase idêntica", além da idade dos quatro e do bom estado de Fábio e Fabiano.

Silvana conta que ela e a irmã recorreram a uma antiga brincadeira, de quando os caçulas eram bebês, para decidir quem doaria para quem.

"Optei por doar para o Fábio porque eu cuidava dele quando era criança, e a minha irmã cuidava do Fabiano. A gente brincava de casinha, como se fossem nossos filhos", diverte-se Silvana.

"Falei para minha irmã que ela tem direito a mil pedidos agora", completa Fábio.

Silvana não teme problemas de saúde e se diz ansiosa para fazer a cirurgia. "Não vejo a hora. Quero ver minha mãe sorrir de novo."

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