São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

Índice

Semana do Leitor

leitor@uol.com.br

Apu Gomes-12.nov.06/Folha Imagem
Atletas participam de corrida na Cidade Universitária (USP)

Educação
"Nos anos 60, o São Paulo, pretendendo reforçar o time, contratou Zizinho, do Bangu, jogador veterano e dos mais considerados à época.
Feita a transação, ficou acertado o salário, bem maior que dos outros titulares. Procurou-se manter segredo sobre o valor. Mas trair a mulher e manter arranjos escusos em segredo nunca dá certo. Assim foi com o Zizinho. Os outros jogadores ficaram irritados com a diferença de salário e em toda oportunidade passavam a bola para o infeliz Zizinho, pois, se ganhava mais, deveria carregar o time nas costas.
Assim também o diferencial de salário no magistério, além de inócuo, é motivo de discórdia e não atende ao que se propõe. E todo tratamento diferenciado é perverso e ineficaz.
E o que aconteceu com o adicional de local de difícil acesso?
Fixou o professor em escolas distantes? Não. E as gratificações especiais do Escola Padrão, deram em quê? Houve efetiva melhora na educação pública? Efetivamente não. Ao menos assim avaliou o governo do PSDB que se instalou em seguida. Caso contrário, o projeto Escola Padrão não teria sido extinto na gestão Covas.
Enquanto os salários continuarem baixos, o professor continuará se desdobrando em vários empregos."
SEVERIANO GARCIA NETO, diretor, primeiro vice-presidente do Sindicato de Supervisores do Magistério no Estado de São Paulo e diretor de Assuntos de Servidores Estaduais da Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

 

"Ao ler o artigo de Maria Izabel Azevedo Noronha ("Tendência/Debates", 2/2), fiquei com a impressão de que ela não entende a realidade da educação pública. Sendo educadora, deveria, em vez de criticar as avaliações e defender uma ideia corporativista, considerar que o professor é o principal agente do processo de ensino-aprendizagem e precisa, portanto, ser constantemente avaliado e incentivado a melhorar, com metas e uma carreira que lhe permita progredir. Em minha opinião, desta vez o governo do Estado acertou o prumo e está no caminho certo."
ELIZABETH CORDELICCIO (São Paulo, SP)

 

"O leitor Antonio Carlos Garcia ("Painel do Leitor", 2/2) sugere à Folha que a mesma reportagem feita no Rio seja feita em São Paulo. Para quê? Será perda de tempo. A situação aqui é muito parecida. Há falta de professores, professores e alunos desmotivados, desgaste, enfrentamento... Tudo misturado a bons professores e alunos interessados. É preciso reconstruir a educação. Mas essa reconstrução não é mágica, não trará resultados imediatos. Será preciso muito trabalho e planejamento adequado. Avaliar professores e dizer que quase a metade não tem condições de lecionar é necessário, mas insuficiente. É preciso saber o que fazer para que eles tenham um desempenho melhor. E é preciso fazer com que o aluno tenha a certeza de que a escola é importante para ele."
BAHIGE FADEL, supervisor de ensino aposentado (Botucatu, SP)

Igreja e democracia
"A Igreja Católica cumpre o seu papel no processo democrático social brasileiro. Com a autoridade que lhe é peculiar por ter participado do processo de construção nacional, ela profeticamente se posiciona diante das decisões políticas que interferem na vida não só dos católicos mas de toda a sociedade.
Ao assinarem a nota citada na reportagem "Bispos acusam governo de adotar "método autoritário" (3/2), os "67 integrantes da CNBB" cumprem um direito constitucional: o de manifestar a opinião de uma parcela considerável da sociedade que contribui para a construção desta nação.
Destarte, não é de estranhar que num sistema que se define "democrático" seja lícita a posição da igreja, que não está isolada, mas respaldada por grande parte dos católicos atuantes nas comunidades, paróquias e dioceses espalhadas pelo país."
JESUEL ARRUDA, agente de pastoral da arquidiocese de Campinas (Sumaré, SP)

 

"Quando o presidente do TJ-RJ mandou retirar o crucifixo das salas de audiências, um desembargador fez este comentário: "Imagine-se que um político ateu seja eleito prefeito da cidade. Poderia, em nome do Estado laico, mandar derrubar o Cristo Redentor? E a avenida Nossa Senhora de Copacabana, a rua São Bento, os bairros de Santa Teresa e São Cristóvão e a rua Allan Kardec? E, com seu prestígio, o prefeito aliciaria os governos de São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo...".
No caso dos crucifixos, o ex-presidente do TJ-RJ desembargador Paulo Dourado lembra que a presença do Cristo nos tribunais é um símbolo do grande injustiçado, como advertência a todos os juízes."
ALYRIO CAVALLIERI, desembargador aposentado (São Paulo, SP)

Ambiente
"Em relação às audiências sobre alteração do Código Florestal, acredito, como agricultor, que o foco da questão deveria ser outro, pois nós, como a maioria dos brasileiros, não somos contra o ambiente, mas sim contra o ônus de ter 20% de nossas áreas produtivas destinadas a reserva legal sem nenhuma compensação, sendo que o beneficio ambiental é para toda a sociedade. Os recursos dessa compensação deveriam vir dos que continuam poluindo -por exemplo, dos que poluem o nosso Tietê. Ou seremos desiguais perante as leis?"
PAULO ANTONIO C.B. BANNWART (Assis, SP)

Correr na USP
"É comum surgirem defensores do uso do campus da USP no Butantã como "espaço público", como fez o arquiteto Fernando Serapião em 3/2. Essas tentativas esbarram no mal entendimento do que seja a coisa pública, que não é aquela com a qual todos fazem o que bem entendem. A USP é local de estudo, ensino e pesquisa. Silêncio e tranquilidade são dados essenciais para o bom uso de seu campus por aqueles que devem usá-lo em sua função primordial: estudo, ensino, pesquisa. As grandes universidades públicas do mundo não abrem seus espaços para competições e lazer indiscriminado.
Garantir o espaço público da USP não passa por corridas de bicicletas. Passa pela valorização da educação, pela melhoria do ensino público e por esforços para que nossos filhos e netos continuem tendo ensino universitário público de qualidade e para que o país continue se beneficiando com as pesquisas de ponta que se realizam em seu campus."
MARLENE SUANO, professora da FFLCH-USP (São Paulo, SP)






Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.