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Índios
"Filho de um antigo sertanista do Serviço de Proteção aos
Índios, órgão fundado por Rondon e extinto em 1967, na ditadura, para que fosse aberta essa
indecência burocrática chamada Funai, testemunhei o sofrimento dos povos indígenas,
massacrados física, moral e culturalmente, em nome do progresso.
Agora, para comprovar que a
Funai ainda não conseguiu implementar uma política minimamente decente, o presidente
da República assinou, no dia 28,
um decreto fechando o escritório do órgão em Pernambuco.
Não levou em conta que o Estado tem a maior população indígena do Nordeste -e a quarta
do Brasil. Se, com o escritório
do Recife, as comunidades indígenas pernambucanas já viviam uma cruel situação de
abandono, imagino o que acontecerá quando seus pleitos dependerem de gestores sediados
em outros Estados -e muitos
deles completamente analfabetos em assuntos indígenas.
Vai ver que o mais próximo
que muitos dirigentes da Funai
já estiveram de uma aldeia indígena foi quando foram ao cinema assistir a filmes em que
soldados da cavalaria norte-americana matavam "selvagens" sem dó nem piedade."
JÚLIO FERREIRA (Recife, PE)
Prestar contas
"Que tal se, a partir desta eleição, todo político, desde um
vereador até o presidente, fosse obrigado a, periodicamente,
reunir-se com uma comissão de eleitores para prestar contas
de suas eternas promessas de campanha? Submeter-se-iam
também a uma sabatina pelos eleitores. O resultado dessas
reuniões seria publicado na imprensa, oficial ou não."
WAGNER JOSÉ CALLEGARI (Limeira, SP)
Preconceitos
"Muito oportuna a coluna de
Clóvis Rossi de 7/1 ("O foguete
Brasil caiu em Angra'). Sou negro, classe média, filho estudando na prestigiosa USP e padrão de vida superior ao de
muitas famílias brancas. Não
vejo, a curto prazo, num país
cuja população negra está entre
35% e 40% do total, como parcela significativa dessas famílias tenha padrão de vida como
a minha. Tampouco a família
dos meus pais teve.
O segredo é que meus pais
acreditavam que a educação
nos ajudaria. Como observado
pelo colunista, noto que as vítimas em desgraças em sua grande maioria são negras. Vejo
com tristeza que a mídia em geral é pródiga em colocar os negros como figurantes nas situações inferiores. Preconceito
não é restrito a cor das pessoas,
a posição social delas é motivo
de piadas e preconceitos.
O recente episódio protagonizado por Boris Casoy mostrou o ruído que o preconceito
provoca. O silêncio da mídia a
respeito da atitude de Casoy incentiva novos casos. Ele continua, belo e formoso, apresentando seu programa, todas as
noites, depois de uma desculpa
cínica e esfarrapada (está na
moda errar, assumir, desculpar-se e seguir em frente).
Pergunto: devemos esperar
por atitudes mais corretas dos
demais atores públicos? A mídia, em geral, utiliza dois pesos
e duas medidas. Infelizmente,
até o momento, notamos somente um "silêncio tumular"
em toda a mídia, a respeito da
"gafe" do Boris. Uma discussão
seria no mínimo salutar.
LAURO BRITO DE ALMEIDA , doutor em contabilidade pela FEA-USP, professor da UFPR
(Curitiba, PR)
Caças
"Ao que tudo indica, o relatório do projeto FX-2 foi enfim
concluído. Aqueles que o elaboraram são os mesmos que operarão por anos as novas aeronaves e, a menos que sejam suicidas, jamais indicariam um modelo ruim tendo a possibilidade
de escolher algo melhor.
A vantagem do Gripen NG
sobre os demais no relatório
(ou seja, no contexto brasileiro)
só veio confirmar algo que já vinha sendo comentado na imprensa especializada.
Ao contrário do que alguns
dizem, o modelo nórdico não é
um mero projeto, mas uma nova versão de um caça que já voa
em quatro países. Também vale
lembrar que desde a Guerra
Fria, quando tinham como
ameaça ninguém menos do que
a URSS, os suecos vêm se especializando em tecnologia militar. Portanto, não se trata de
pagar pouco para receber mercadoria duvidosa.
Há pouco tempo, na Rússia,
quando o ministro Jobim fechou a compra de 12 helicópteros de combate, ninguém falou
em política; comprou-se o mais
adequado e ponto final. Por que
só agora insistem na tal "escolha política'? O acordo bilionário para a compra de helicópteros e submarinos já não satisfaz
a "política" com a França?
Ninguém discute que uma
nova frota de caças é imprescindível. Nenhum país organizado sobrevive sem meios de
defesa, principalmente se tiver
riquezas em seu território. A
FAB está desgastada e precisa
ser renovada, e o presidente
Lula merece elogios por estar
enfim resolvendo essa questão.
A cúpula do governo poderia
pensar em "fazer política" com a
opinião pública brasileira, não
com empresários franceses."
PLINIO DANIEL LINS (São Paulo, SP)
Jogos eletrônicos
"Parabenizo Ronaldo Lemos
e Pedro Mizukami pelo artigo
"Games incomodam e viram arte" (Ilustrada, 7/1).
Recentemente, joguei a missão "No Russian" de "Modern
Warfare 2" e fiquei impressionado quanto à capacidade do
game em prender a atenção do
jogador através do enredo, da
trilha sonora e do design gráfico muito bem elaborado.
Ao mesmo tempo, fiquei
preocupado, como educador,
ao ver como os jogos podem influenciar jovens que não sabem
delinear a fronteira entre a ficção e a realidade. Não custa
lembrar que, há pouco mais de
dez anos, o estudante de medicina Mateus da Costa Meira,
inspirado numa cena do jogo
"Duke Nukem 3D", invadiu o cinema de um shopping em São
Paulo e matou três pessoas e
feriu outras quatro."
ISAQUE MITSUO KOBAYASHI (Guarulhos, SP)
"Parabéns a Ronaldo Lemos
e a Pedro Mizukami por escreverem o artigo mais relevante
sobre games que li na imprensa
brasileira em muito tempo.
É quase inacreditável que a
mídia que responde pela produção cultural mais importante e influente dos nossos tempos, o videogame, seja tratada
de forma tão superficial, quando não ignorada, pelos jornalistas de cultura."
PAULO MUPPET (São Paulo, SP)
Eduardo Knapp - 4.jan.10/Folha Imagem
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RODINHO
"É triste vermos, na Primeira Página de 5/1, um funcionário da
prefeitura, com a melhor das intenções, passar um rodinho
naquela inundação total no túnel do Anhangabaú.
Infelizmente, nos dá a certeza da total incompetência de
nossos governantes. Será que o rodinho e a vassoura são o
máximo de "equipamentos" de que a prefeitura dispõe?"
CELSO HELADIO PEREIRA ORTIZ (São Paulo, SP)
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