São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010

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Índios
"Filho de um antigo sertanista do Serviço de Proteção aos Índios, órgão fundado por Rondon e extinto em 1967, na ditadura, para que fosse aberta essa indecência burocrática chamada Funai, testemunhei o sofrimento dos povos indígenas, massacrados física, moral e culturalmente, em nome do progresso. Agora, para comprovar que a Funai ainda não conseguiu implementar uma política minimamente decente, o presidente da República assinou, no dia 28, um decreto fechando o escritório do órgão em Pernambuco.
Não levou em conta que o Estado tem a maior população indígena do Nordeste -e a quarta do Brasil. Se, com o escritório do Recife, as comunidades indígenas pernambucanas já viviam uma cruel situação de abandono, imagino o que acontecerá quando seus pleitos dependerem de gestores sediados em outros Estados -e muitos deles completamente analfabetos em assuntos indígenas.
Vai ver que o mais próximo que muitos dirigentes da Funai já estiveram de uma aldeia indígena foi quando foram ao cinema assistir a filmes em que soldados da cavalaria norte-americana matavam "selvagens" sem dó nem piedade."
JÚLIO FERREIRA (Recife, PE)

Prestar contas
"Que tal se, a partir desta eleição, todo político, desde um vereador até o presidente, fosse obrigado a, periodicamente, reunir-se com uma comissão de eleitores para prestar contas de suas eternas promessas de campanha? Submeter-se-iam também a uma sabatina pelos eleitores. O resultado dessas reuniões seria publicado na imprensa, oficial ou não."
WAGNER JOSÉ CALLEGARI (Limeira, SP)

Preconceitos
"Muito oportuna a coluna de Clóvis Rossi de 7/1 ("O foguete Brasil caiu em Angra'). Sou negro, classe média, filho estudando na prestigiosa USP e padrão de vida superior ao de muitas famílias brancas. Não vejo, a curto prazo, num país cuja população negra está entre 35% e 40% do total, como parcela significativa dessas famílias tenha padrão de vida como a minha. Tampouco a família dos meus pais teve.
O segredo é que meus pais acreditavam que a educação nos ajudaria. Como observado pelo colunista, noto que as vítimas em desgraças em sua grande maioria são negras. Vejo com tristeza que a mídia em geral é pródiga em colocar os negros como figurantes nas situações inferiores. Preconceito não é restrito a cor das pessoas, a posição social delas é motivo de piadas e preconceitos.
O recente episódio protagonizado por Boris Casoy mostrou o ruído que o preconceito provoca. O silêncio da mídia a respeito da atitude de Casoy incentiva novos casos. Ele continua, belo e formoso, apresentando seu programa, todas as noites, depois de uma desculpa cínica e esfarrapada (está na moda errar, assumir, desculpar-se e seguir em frente).
Pergunto: devemos esperar por atitudes mais corretas dos demais atores públicos? A mídia, em geral, utiliza dois pesos e duas medidas. Infelizmente, até o momento, notamos somente um "silêncio tumular" em toda a mídia, a respeito da "gafe" do Boris. Uma discussão seria no mínimo salutar.
LAURO BRITO DE ALMEIDA , doutor em contabilidade pela FEA-USP, professor da UFPR (Curitiba, PR)

Caças
"Ao que tudo indica, o relatório do projeto FX-2 foi enfim concluído. Aqueles que o elaboraram são os mesmos que operarão por anos as novas aeronaves e, a menos que sejam suicidas, jamais indicariam um modelo ruim tendo a possibilidade de escolher algo melhor.
A vantagem do Gripen NG sobre os demais no relatório (ou seja, no contexto brasileiro) só veio confirmar algo que já vinha sendo comentado na imprensa especializada.
Ao contrário do que alguns dizem, o modelo nórdico não é um mero projeto, mas uma nova versão de um caça que já voa em quatro países. Também vale lembrar que desde a Guerra Fria, quando tinham como ameaça ninguém menos do que a URSS, os suecos vêm se especializando em tecnologia militar. Portanto, não se trata de pagar pouco para receber mercadoria duvidosa.
Há pouco tempo, na Rússia, quando o ministro Jobim fechou a compra de 12 helicópteros de combate, ninguém falou em política; comprou-se o mais adequado e ponto final. Por que só agora insistem na tal "escolha política'? O acordo bilionário para a compra de helicópteros e submarinos já não satisfaz a "política" com a França?
Ninguém discute que uma nova frota de caças é imprescindível. Nenhum país organizado sobrevive sem meios de defesa, principalmente se tiver riquezas em seu território. A FAB está desgastada e precisa ser renovada, e o presidente Lula merece elogios por estar enfim resolvendo essa questão.
A cúpula do governo poderia pensar em "fazer política" com a opinião pública brasileira, não com empresários franceses."
PLINIO DANIEL LINS (São Paulo, SP)

Jogos eletrônicos
"Parabenizo Ronaldo Lemos e Pedro Mizukami pelo artigo "Games incomodam e viram arte" (Ilustrada, 7/1).
Recentemente, joguei a missão "No Russian" de "Modern Warfare 2" e fiquei impressionado quanto à capacidade do game em prender a atenção do jogador através do enredo, da trilha sonora e do design gráfico muito bem elaborado. Ao mesmo tempo, fiquei preocupado, como educador, ao ver como os jogos podem influenciar jovens que não sabem delinear a fronteira entre a ficção e a realidade. Não custa lembrar que, há pouco mais de dez anos, o estudante de medicina Mateus da Costa Meira, inspirado numa cena do jogo "Duke Nukem 3D", invadiu o cinema de um shopping em São Paulo e matou três pessoas e feriu outras quatro."
ISAQUE MITSUO KOBAYASHI (Guarulhos, SP)

 

"Parabéns a Ronaldo Lemos e a Pedro Mizukami por escreverem o artigo mais relevante sobre games que li na imprensa brasileira em muito tempo.
É quase inacreditável que a mídia que responde pela produção cultural mais importante e influente dos nossos tempos, o videogame, seja tratada de forma tão superficial, quando não ignorada, pelos jornalistas de cultura."
PAULO MUPPET (São Paulo, SP)

Eduardo Knapp - 4.jan.10/Folha Imagem
RODINHO
"É triste vermos, na Primeira Página de 5/1, um funcionário da prefeitura, com a melhor das intenções, passar um rodinho naquela inundação total no túnel do Anhangabaú.
Infelizmente, nos dá a certeza da total incompetência de nossos governantes. Será que o rodinho e a vassoura são o máximo de "equipamentos" de que a prefeitura dispõe?"
CELSO HELADIO PEREIRA ORTIZ (São Paulo, SP)


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