São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010 |
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CARTAS Racismo às avessas Lendo as absurdas argumentações de Janaina Paschoal ("Em defesa da estudante Mayara", 12/11), lembrei que grandes pesquisadores do racismo no Brasil, como Roger Bastide e Florestan Fernandes, denunciaram a lógica da inversão. Por ela, não apenas não somos racistas como tudo o que acontece é culpa da vítima. Se não fossem os negros, nordestinos, pobres, prostitutas, homossexuais, se Lula não fosse presidente, a estudante não teria cometido o despautério de pedir o assassinato de ninguém e tampouco teria sido demonizada. HELOÍSA FERNANDES , professora associada de sociologia da Faculdade de Filosofia da USP (São Paulo, SP)
As tensões inter-regionais são graves e antigas. Estamos muito longe da harmonia "exemplar" pretendida por Janaina Paschoal. Em vez de buscar a justificação de propósitos racistas, a professora contribuiria mais à sociedade se explicasse que a superação das desigualdades regionais é objetivo fundamental da República, nos termos de nossa Constituição. Não depende de governos, portanto. A estudante racista não é uma vítima da campanha, mas representa com consciência uma corrente de pensamento há muito estabelecida. Ao defendê-la, a professora corrobora a perpetuação da clivagem Norte-Sul que diz condenar. LEONARDO LIMA (São Paulo, SP)
Janaina Paschoal foi corajosa, pois, ao defender Mayara (reconhecendo seu erro), afrontou conceitos do "politicamente correto", que a tantos engessa. E mostrou a responsabilidade de Lula em criar esse antagonismo belicoso entre regiões do Brasil em vez de agradecer ao Sul-Sudeste a fundamental contribuição no financiamento do bom programa alavancador do Nordeste, o Bolsa Família. CARLOS EDUARDO CUNHA (São paulo, SP)
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