São Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

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Jogo de empurra

"Sou professora da rede municipal de São Paulo e senti-me no direito de escrever a este "Painel do Leitor" porque, na "Entrevista da 2ª", o economista Martin Carnoy apontou a falta de preparo dos professores como uma das falhas do sistema brasileiro.
Antes de qualquer coisa, acho que seria mais interessante se passássemos a olhar mais os avanços do que as falhas dos professores e do sistema. Temos visto frequentes tentativas de apontar este ou aquele fator como o único culpado pelo fracasso educacional, e a isso seguem-se justificativas de sindicatos, governos, escolas etc.
Esse "jogo de empurra" apenas desvia o foco das atenções e aumenta a lengalenga, mais uma vez adiando as possibilidades reais de melhorar a situação. Parece-me que não está na hora de nos preocuparmos tanto em achar culpados. Todos, governantes, professores, pais, alunos, têm sua parcela de culpa. Não importa definir quem tem a culpa maior.
O fato é que existem muitos problemas e temos que, realmente, querer resolvê-los. Não adianta transformar a educação em chamariz de campanha, querendo "inventar a roda" a cada eleição. A educação deve ser pensada de maneira integrada a outras políticas sociais -de emprego, de planejamento familiar, de moradia. É preciso que haja mais permanência nas políticas públicas; é preciso que a sociedade como um todo valorize a profissão do educador; é preciso que a educação passe realmente a ser vista como um valor, e não como a redenção de todos os pecados.
Num país em que alguns senadores fazem a "farra do boi" com o nosso dinheiro e se ofendem (e nos ofendem) em rede nacional, isso parece estar um pouco distante. Mas quem sabe na eleição de 2010 alguma coisa melhore."
MARINA DIAS (São Paulo, SP)

 

"Não considero adequado à realidade das escolas de São Paulo o estudo de Martin Carnoy. O problema da educação é muito mais amplo do que simplesmente oferecer bônus aos docentes. Bônus são uma farsa que camufla a necessidade de melhoria no salário e na forma de tratar a questão. É preciso intervir conjunturalmente, na formação do profissional, na sua forma de inserção na escola pública, no material didático, numa coordenação que dê suporte a novas medidas."
MAICON FERREIRA , professor de geografia da rede estadual (São Paulo, SP)

 

"É absurda a posição de Martin Carnoy sobre o ensino no Brasil. Não podemos comparar a realidade econômica e social do Brasil com a de outras nações da América, principalmente Cuba. A historiografia mostra isso.
Aqui há uma dinâmica específica, que merece uma pesquisa muito mais detalhada. Não se podem tecer comentários tão veementes -e inconsistentes- sem que se vivencie o processo educacional de um país."
ROBERTO GOMES DA SILVA FILHO , geógrafo e professor (São Paulo, SP)

 

"Há uma colocação interessante de Martin Carnoy em sua entrevista. É a afirmação de que em Cuba os melhores estudantes do ensino médio foram convocados para atuar como professores. E essa afirmação demonstra que a imagem socialmente construída dessa profissão é diferente da que os meios de comunicação difundem por aqui. Além disso, os melhores são os que possuem mais conteúdo, o que mostra que a questão não é "como" ensinar (o que as faculdades fazem bem), mas "o que" ensinar (o que os cursos de pedagogia não fornecem)."
OMAR SAAD (São Paulo, SP)

 

"É para ler e guardar a boa entrevista com Martin Carnoy. Entretanto, convém lembrar ao entrevistado que vários países têm ótimos sistemas educacionais, mas não são ditaduras como o regime cubano. Exemplos não faltam, como Coreia do Sul, Austrália, Canadá, Inglaterra, Chile... A leitura dessa entrevista deveria ser obrigatória para professores, pedagogos, pais de alunos e, principalmente, políticos."
MARCELO CIOTI (Atibaia, SP)

 

Integração
"Parabéns à Folha pela feliz publicação dos artigos "Mais que uma celebração simbólica" e "A hipótese Marina" ("Tendências/Debates", 9/8). Não só pela qualidade dos artigos como pela apresentação de ambos na mesma edição.
Se uma nova geração de profissionais viesse do povo indígena, estaríamos unindo o seu conhecimento sobre as propriedades medicinais de inúmeras espécies de plantas à formação de recursos humanos diferenciados, aptos a explorar e aplicar esse conhecimento de forma científica visando, por exemplo, o desenvolvimento de novos fármacos.
Sem dúvida, por esse aspecto, se a hipótese Marina Silva se tornar uma realidade, creio que a sociedade brasileira poderá vislumbrar a possibilidade de integração necessária e ativa daqueles hoje excluídos.
Se o PV abrir os espaços estratégicos necessários para que Marina e outros profissionais qualificados desenvolvam projetos de governo exequíveis, com certeza poderemos sonhar com uma política ambiental séria, que necessitará de uma reforma eleitoral igualmente séria.
SILVIA HELENA PIRES SERRANO (São Paulo, SP)



Nossa expressão
"Nos pecados dos políticos vemos nossa redenção. É como se pudéssemos transferir nossas culpas e nos eximirmos das responsabilidades da cidadania. Com exceção dos que são nomeados, nenhum político ocupa o cargo por vontade própria. Todos são eleitos por nós. Logo, a responsabilidade é nossa. Eles nada mais são do que a expressão da sociedade. Nesse caso, acho que o exemplo vem de baixo.
É muito fácil exibir indignação contra as roubalheiras e politicalhas enquanto somos lenientes na vida privada. Os jornais não cobrem a corrupção que existe nas empresas. Somente agora, com a crise, começam a aparecer casos de fraudes de impolutos executivos. Os empresários são sempre apresentados como homens honestos, empreendedores. As pessoas que não respeitam filas, faixa de pedestre, sinal vermelho, lugar numerado em campo de futebol, que buzinam sem necessidade, que param em fila dupla, que bebem e depois dirigem, que dão caixinha para levar vantagem, que não limpam o cocô do cachorro na rua, essas são vítimas da corrupção dos nossos políticos.
O governo, que deveria devolver em serviços os impostos que pagamos, não o faz porque não exigimos de fato.
A educação vai mal? Colocamos nossos filhos nas escolas privadas. Faltam hospitais?
Compramos planos de saúde que nos levam ao paraíso dos hospitais de referência. E assim construímos uma sociedade que não integra, apenas exclui e gera mais violência."
EDSON PINTO DE ALMEIDA (São Paulo, SP)

 

"Quando abro os jornais pela manhã, sinto vergonha de meu país. É triste, muito deprimente. Acordamos cedo, pagamos nossos impostos, trabalhamos muito, amamos nossa pátria, cumprimos com nosso papel na sociedade e sonhamos com uma nação séria. O que recebemos em troca não é justo!
Ainda não aprendemos a votar. O brasileiro ainda não compreendeu o poder que tem seu voto, a importância de votar certo, nas pessoas certas.
E a culpa é sua, é nossa, nós é que os colocamos lá, nós é que lemos os jornais e assistimos à TV, sentados em nossas poltronas, em nossos lares e escritórios, e ficamos calados. Onde está o povo brasileiro?
Onde estamos nós, cidadãos deste país?
JOSÉ RODRIGO DE ALMEIDA (Bebedouro, SP)



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