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Semana do Leitor
leitor@uol.com.br
Copa-2014
"Não me surpreendi com a
notícia de que a previsão de
gastos com a Copa-2014 será
120% superior a da África do
Sul (Esporte, 17/2). Não me
surpreendi porque o Brasil não
é rigoroso com os gastos públicos -e menos ainda com quem
promove os desmandos. As denúncias dos escândalos do
Pan-2007 não deram em nada.
Na euforia pela Copa e pela
Olimpíada, esquece-se de tudo,
tanto que o senhor Carlos Nuzman estará à frente da Olimpíada-2016, na mesma cidade.
Resta alguma esperança?"
ANTÔNIO DILSON PEREIRA (Curitiba, PR)
Mito
"O presidente do Supremo
Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, tem razão: a morosidade da Justiça é um mito.
Mas para ele. Para nós, povão,
não é mito. É a realidade nua e
crua para uma cidadã como eu,
70 anos, aposentada, que paga
seus impostos em dia e mantém a sua casa e um dependente, o filho.
Pergunto ao senhor ministro
se é realmente um mito quando
uma ação de despejo por denúncia vazia leva cerca de seis
meses para notificar o inquilino. Se é mito uma ação de consignação levar um ano ou mais
para tramitar de uma vara à outra. Se é mito quando o aluguel
depositado em consignação se
perde na morosidade da Justiça.
E mais: é mito quando o proprietário entrega a chave do
imóvel à Justiça e tem seu imóvel fechado, sem direito à posse, enquanto não vier a ordem
da Justiça?
Pelo que sei, essas ações não
envolvem "controvérsias profundas", que necessitam de prazos longos para serem resolvidas. O ministro deve estar noutro planeta, pois a sua realidade
não é a mesma da maioria dos
brasileiros, que padecem com a
morosidade da Justiça."
RAYMUNDA DE DEUS (Contagem, MG)
Remédios
"Na polêmica sobre remédios, concordo com o diretor da
Federação Nacional dos Farmacêuticos ("Painel do Leitor",
15/2): propaganda médica,
amostras grátis, brindes e qualquer publicidade de medicamentos deveriam ser peremptoriamente proibidas.
Segundo a própria indústria,
esses instrumentos colaboram
em cerca de 30% para o custo
final do medicamento, além de
causarem constrangimento
tanto aos médicos nesta relação com os representantes das
indústrias quanto aos pacientes, que ficam aguardando no
consultório para serem atendidos.
Como se pode concluir das
reportagens publicadas, toda
regulamentação do comércio
deve obediência à legislação vigente no país, aprovada no
Congresso Nacional, embora
muitos parlamentares sejam
profissionais de saúde e tenham campanhas financiadas
pela indústria farmacêutica.
Pergunto: o que leva um parlamentar, nos projetos de lei
sobre patentes, a votar de acordo com o interesse da indústria
para postergar a implantação
de medicamentos genéricos,
cujos preços são bem menores
que os medicamentos de marca? A Folha poderia investigar
e desvendar esse mistério."
ALBA LYGIA BRINDEIRO, ex-presidente do
Conselho Federal de Farmácia
(João Pessoa, PB)
Morte
"Na coluna de João Pereira
Coutinho de 16/2 ("Matadouros'), chamou minha atenção a
dificuldade de compreensão do
colunista a respeito da tal clínica de suicídio assistido. Fertilização in vitro, inseminação artificial, "barriga de aluguel", gestação em mulheres acima de 50
anos... Os avanços da medicina
relativos à concepção, gestação
e sobrevivência dos seres humanos não nos causam espanto. Já quando o assunto é morte, surge o tabu. A possibilidade
de o ser humano ter alguma autonomia em relação ao momento final da vida gera espanto e recuo. Não é só na clínica
suíça que a morte parece industrial e feia. Nas UTIs em que se
prolongam tratamentos muitas
vezes infrutíferos ela também é
pouco humana.
Diferentes culturas lidam
com a morte de várias maneiras
diferentes. O texto nos mostra
a negação da morte na nossa
sociedade e a repulsa que sentimos quando algo nos lembra
a sua inevitabilidade e a possibilidade de termos algum controle sobre a escolha desse
momento."
MARISTELA SCHAUFELBERGER SPANGHERO,
doutora em psiquiatria - Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto
(Ribeirão Preto, SP)
Propaganda na TV
"Nunca concordei com as declarações do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia,
pois têm sempre um viés ideológico pré-Muro de Berlim.
Mas uma coisa devo acrescentar sobre os canais pagos: por
vezes, têm mais propaganda do
que os canais abertos. Cheguei
a contar em um deles propagandas durante 5 minutos seguidos. E quando mudei de canal, lá estavam as mesmas propagandas. Se já pago pelo serviço, não deveria ver propaganda.
Se o assessor quiser fazer algo em vez de falar "abobrinhas",
que crie uma regulamentação
limitando em um minuto a propaganda em canais pagos. Já resolveria muitos problemas.
Quanto à qualidade da programação, por enquanto -e
muito a contragosto do ilustre
assessor-, cada um assiste ao
que quiser."
PAULO DE BRAGANTE (São Paulo, SP)
Literatura na TV
"Não sou favorável ao merchandising nas novelas. Aliás,
nem vejo mais novelas, mas um
detalhe me veio à lembrança.
No início dos anos 70, assistindo à novela "Toninho On
The Rocks", na extinta TV Tupi,
vi o personagem principal, vivido pelo falecido Antônio Marcos, chegar a uma pensão em
uma cidade do interior. Ele deixa a sua mala e um livro sobre a
cama. O espectador que ora escreve anotou o nome do livro e
logo comprou-o para sua leitura. Nome do livro: "O Apanhador no Campo de Centeio"."
WAGNER RUBENS LARA (Itaguara, MG)
Enlatados na TV
"Não votei em Lula nem
apoio seu governo, mas as declarações de Marco Aurélio
Garcia sobre a programação da
TV paga -e eu incluo a da TV
aberta- são verdadeiras.
Sou diretor e produtor de
programação de TV e sei que fazer uma TV diferente, com produção nacional, levando cultura e entretenimento para a família brasileira, não é fácil. Afinal, temos de competir com
enlatados e séries americanas e
com uma programação nacional que nada mais é do que lixo
-ou trash. Passamos por todos
os canais, mas a programação é
a mesma: programas de auditório, mulheres-frutas, realities,
fofocas, programas policiais e
nada, absolutamente nada, sobre cultura, história, produções
bem montadas, musicais, prestação de serviço, informação de
qualidade. O que vale é explorar toda e qualquer desgraça e
cenas de sexo. E aí temos essa
violência e falta de cultura desenfreadas, graças a uma programação sem criatividade e
que não agrega nada à cultura
brasileira."
LUIZ CLAUDIO ZABATIERO, coordenador-geral da TV Mundi (São Paulo, SP)
"Gosto de me divertir com
programas cômicos na TV. E
pergunto ao senhor Marco Aurélio Garcia o que devo fazer
para evitar o esterco cultural ao
qual ele se refere. Trocar o texto primoroso de "Seinfeld" por
"Zorra Total"? A ingenuidade de
"Friends" pelo humor tosco de
Tom Cavalcanti ou de "A Praça
É Nossa'? Contentar-me com a
apelação do "Pânico" em vez de
assistir a "Will & Grace'?
Em se tratando de humor, o
esterco cultural está muito
mais na TV aberta do que na
fechada."
SUSANA VIDAL (São Paulo, SP)
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