São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Semana do Leitor

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Copa-2014

"Não me surpreendi com a notícia de que a previsão de gastos com a Copa-2014 será 120% superior a da África do Sul (Esporte, 17/2). Não me surpreendi porque o Brasil não é rigoroso com os gastos públicos -e menos ainda com quem promove os desmandos. As denúncias dos escândalos do Pan-2007 não deram em nada. Na euforia pela Copa e pela Olimpíada, esquece-se de tudo, tanto que o senhor Carlos Nuzman estará à frente da Olimpíada-2016, na mesma cidade. Resta alguma esperança?"
ANTÔNIO DILSON PEREIRA (Curitiba, PR)

Mito
"O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, tem razão: a morosidade da Justiça é um mito. Mas para ele. Para nós, povão, não é mito. É a realidade nua e crua para uma cidadã como eu, 70 anos, aposentada, que paga seus impostos em dia e mantém a sua casa e um dependente, o filho.
Pergunto ao senhor ministro se é realmente um mito quando uma ação de despejo por denúncia vazia leva cerca de seis meses para notificar o inquilino. Se é mito uma ação de consignação levar um ano ou mais para tramitar de uma vara à outra. Se é mito quando o aluguel depositado em consignação se perde na morosidade da Justiça.
E mais: é mito quando o proprietário entrega a chave do imóvel à Justiça e tem seu imóvel fechado, sem direito à posse, enquanto não vier a ordem da Justiça? Pelo que sei, essas ações não envolvem "controvérsias profundas", que necessitam de prazos longos para serem resolvidas. O ministro deve estar noutro planeta, pois a sua realidade não é a mesma da maioria dos brasileiros, que padecem com a morosidade da Justiça."
RAYMUNDA DE DEUS (Contagem, MG)

Remédios
"Na polêmica sobre remédios, concordo com o diretor da Federação Nacional dos Farmacêuticos ("Painel do Leitor", 15/2): propaganda médica, amostras grátis, brindes e qualquer publicidade de medicamentos deveriam ser peremptoriamente proibidas. Segundo a própria indústria, esses instrumentos colaboram em cerca de 30% para o custo final do medicamento, além de causarem constrangimento tanto aos médicos nesta relação com os representantes das indústrias quanto aos pacientes, que ficam aguardando no consultório para serem atendidos.
Como se pode concluir das reportagens publicadas, toda regulamentação do comércio deve obediência à legislação vigente no país, aprovada no Congresso Nacional, embora muitos parlamentares sejam profissionais de saúde e tenham campanhas financiadas pela indústria farmacêutica.
Pergunto: o que leva um parlamentar, nos projetos de lei sobre patentes, a votar de acordo com o interesse da indústria para postergar a implantação de medicamentos genéricos, cujos preços são bem menores que os medicamentos de marca? A Folha poderia investigar e desvendar esse mistério."
ALBA LYGIA BRINDEIRO, ex-presidente do Conselho Federal de Farmácia (João Pessoa, PB)

Morte
"Na coluna de João Pereira Coutinho de 16/2 ("Matadouros'), chamou minha atenção a dificuldade de compreensão do colunista a respeito da tal clínica de suicídio assistido. Fertilização in vitro, inseminação artificial, "barriga de aluguel", gestação em mulheres acima de 50 anos... Os avanços da medicina relativos à concepção, gestação e sobrevivência dos seres humanos não nos causam espanto. Já quando o assunto é morte, surge o tabu. A possibilidade de o ser humano ter alguma autonomia em relação ao momento final da vida gera espanto e recuo. Não é só na clínica suíça que a morte parece industrial e feia. Nas UTIs em que se prolongam tratamentos muitas vezes infrutíferos ela também é pouco humana.
Diferentes culturas lidam com a morte de várias maneiras diferentes. O texto nos mostra a negação da morte na nossa sociedade e a repulsa que sentimos quando algo nos lembra a sua inevitabilidade e a possibilidade de termos algum controle sobre a escolha desse momento."
MARISTELA SCHAUFELBERGER SPANGHERO, doutora em psiquiatria - Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, SP)

Propaganda na TV
"Nunca concordei com as declarações do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia, pois têm sempre um viés ideológico pré-Muro de Berlim. Mas uma coisa devo acrescentar sobre os canais pagos: por vezes, têm mais propaganda do que os canais abertos. Cheguei a contar em um deles propagandas durante 5 minutos seguidos. E quando mudei de canal, lá estavam as mesmas propagandas. Se já pago pelo serviço, não deveria ver propaganda. Se o assessor quiser fazer algo em vez de falar "abobrinhas", que crie uma regulamentação limitando em um minuto a propaganda em canais pagos. Já resolveria muitos problemas. Quanto à qualidade da programação, por enquanto -e muito a contragosto do ilustre assessor-, cada um assiste ao que quiser."
PAULO DE BRAGANTE (São Paulo, SP)

Literatura na TV
"Não sou favorável ao merchandising nas novelas. Aliás, nem vejo mais novelas, mas um detalhe me veio à lembrança. No início dos anos 70, assistindo à novela "Toninho On The Rocks", na extinta TV Tupi, vi o personagem principal, vivido pelo falecido Antônio Marcos, chegar a uma pensão em uma cidade do interior. Ele deixa a sua mala e um livro sobre a cama. O espectador que ora escreve anotou o nome do livro e logo comprou-o para sua leitura. Nome do livro: "O Apanhador no Campo de Centeio"."
WAGNER RUBENS LARA (Itaguara, MG)

Enlatados na TV
"Não votei em Lula nem apoio seu governo, mas as declarações de Marco Aurélio Garcia sobre a programação da TV paga -e eu incluo a da TV aberta- são verdadeiras. Sou diretor e produtor de programação de TV e sei que fazer uma TV diferente, com produção nacional, levando cultura e entretenimento para a família brasileira, não é fácil. Afinal, temos de competir com enlatados e séries americanas e com uma programação nacional que nada mais é do que lixo -ou trash. Passamos por todos os canais, mas a programação é a mesma: programas de auditório, mulheres-frutas, realities, fofocas, programas policiais e nada, absolutamente nada, sobre cultura, história, produções bem montadas, musicais, prestação de serviço, informação de qualidade. O que vale é explorar toda e qualquer desgraça e cenas de sexo. E aí temos essa violência e falta de cultura desenfreadas, graças a uma programação sem criatividade e que não agrega nada à cultura brasileira."
LUIZ CLAUDIO ZABATIERO, coordenador-geral da TV Mundi (São Paulo, SP)

"Gosto de me divertir com programas cômicos na TV. E pergunto ao senhor Marco Aurélio Garcia o que devo fazer para evitar o esterco cultural ao qual ele se refere. Trocar o texto primoroso de "Seinfeld" por "Zorra Total"? A ingenuidade de "Friends" pelo humor tosco de Tom Cavalcanti ou de "A Praça É Nossa'? Contentar-me com a apelação do "Pânico" em vez de assistir a "Will & Grace'? Em se tratando de humor, o esterco cultural está muito mais na TV aberta do que na fechada."
SUSANA VIDAL (São Paulo, SP)



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