|
Índice
Semana do Leitor
leitor@uol.com.br
Unesco
"Os livros estão em sua imaginação. Traga-os e eu os queimarei para você". Essa é a frase
que teria dito o candidato egípcio à direção da Unesco, até
agora apoiado pelo Brasil.
Tenho dificuldade em ver no
que a precisão do contexto atenuaria a gravidade da afirmação. Livros não se queimam, sejam imaginários ou reais. Aliás,
não há livro que antes de ser
real foi imaginário. Mas o grave
não está aí. Está na aceitação de
que se pode queimar do imaginário muçulmano livros escritos em hebraico. Um imaginário intolerante é a raiz de qualquer intolerância real. Quanto
a isso, alguém que há 22 anos lida com cultura e é um pintor
abstrato não deveria vacilar. A
afirmação se deu, conforme o
próprio Farouk Hosny, em
conversa com um parlamentar
do grupo islâmico.
E como um Centro Nacional
de Tradução não contém livros
em hebraico? Se não tem, deveria ter. Se não tem, é porque a
política de Farouk é restritiva.
E um país cujo centro de tradução tem política restritiva não
pode presidir um órgão que representa a cultura da humanidade -e, evidentemente, o Brasil não pode apoiá-lo."
DANIEL TOURINHO PERES (Salvador, BA)
"Não dá para entender a política externa de Lula e do chanceler Celso Amorim. E não só
em relação ao apoio dado a um
político estrangeiro para dirigir
a Unesco, prejudicando a candidatura do diplomata brasileiro Márcio Barbosa.
Nosso governo já deu sinais
de antipatriotismo em vários
episódios, constrangedores para a reputação do país. Em relação a nossos vizinhos sul-americanos, o país vem assumindo
uma posição vergonhosamente
submissa. O certo seria romper
relações diplomáticas e comerciais com esses países e liquidar
de uma vez por todas essa ridícula macaqueação da União
Europeia chamada Mercosul.
Quanto à China, parece que
viramos mesmo sua colônia:
exportamos produtos primários -ferro, soja e, proximamente, petróleo- e recebemos
em troca ou produtos que nos
fazem concorrência, como têxteis e sapatos, ou as quinquilharias das lojas de R$ 1,99.
Um país com uma política
exterior entreguista como essa
não tem categoria nem legitimidade para ocupar um lugar
no Conselho de Segurança
da ONU."
RICARDO MARTINS SOARES (Curitiba, PR)
Zé Rodrix
Ele foi um dos principais
ícones do rock "pé na
estrada" e começou a
mudar a cara do nosso
rock. Compôs o hino de
quase todos os que
vivem a loucura das
cidades: "Eu quero uma
casa no campo!". Usou e
abusou da voz e nos fez
"viajar" sem sair do
lugar. Bem que Zé
Rodrix poderia ficar
mais tempo conosco."
ADILSON LUIZ GONÇALVES (Santos, SP)
Educação
"A cada dez linhas escritas
sobre educação, oito dizem que
o Estado precisa de professores
"mais qualificados", "mais bem
formados". Pois bem, o doutor
João Batista Araujo e Oliveira
escreveu mais que dez linhas
("Tendências/Debates", sexta-feira), porém o "elogio" veio ao
final: "[é preciso um] programa
de atração de pessoas adequadamente qualificadas para o
magistério". Mas o que é ser
bem qualificado? É ser formado em pedagogia na USP? É ter
uma fórmula mágica para o aluno aprender? (Alguém tem?).
O diretor Camilo Oliveira
disse: "O governo só me atrapalha". Ele disse "o governo", não
"os professores". Então a problemática está nas políticas públicas e no uso eleitoral da educação. E a causa são as ações irresponsáveis dos políticos.
O fiasco em que se encontra a
educação não tem a ver com má
formação do professor, pois, se
tivesse, as escolas que andam
descoladas do governo também
iriam mal. E o professor que
trabalha na escola pública é,
muitas vezes, o mesmo que trabalha nas escolas particulares,
que por muitas vezes se saíram
bem nessas provas.
Nós, professores, somos muito competentes e interessados
em modernizar a categoria."
NADEJE M. PEIXOTO AIRES (São Paulo, SP)
Facultativo
"Fala-se muito em voto de lista, lista aberta, voto misto,
fidelidade partidária, mas nada sobre o voto livre. Apenas
o Brasil, algumas ditaduras, como o Iraque de Saddam, e
uma meia dúzia de republiquetas usam o voto obrigatório.
Ele nasceu com o intuito de ajudar o brasileiro a aprender
a votar, mas, passados 24 anos da redemocratização e
umas 15 eleições (contando turnos e plebiscitos), já dá para supor que o brasileiro aprendeu a votar. Caso contrário,
é melhor considerar esse aluno eternamente incapaz.
O voto livre, ao contrário do que se propala, é o único
praticamente imune à compra. Hoje vota-se em troca de
camiseta, cesta básica, promessa de emprego. É um garrote patrocinado pela elite covarde, por políticos oportunistas e por eleitores colecionadores de migalhas."
ROSENILDO GOMES FERREIRA (São Paulo, SP)
Violência e impunidade
"O assassinato da menina de 8 anos em Rio Claro (SP), o deputado que matou dois jovem em acidente de trânsito e milhares de
outros casos de violência são o resultado de muitos problemas,
mas o maior deles é a impunidade que existe no Brasil.
Atirar em crianças inocentes, jogá-las pela janela do apartamento, arrastá-las pelas ruas, matar os próprios pais, sequestrar, estuprar e causar mortes no trânsito por imprudência virou rotina,
pois no fundo todos os criminosos deste país sabem que dificilmente serão condenados. E, se forem, sabem que serão soltos por
bom comportamento ou que terão a oportunidade de fugir no primeiro indulto que aparecer.
Onde estão os três Poderes, que nada fazem para mudar a situação de guerra civil que atingiu as cidades brasileiras? É preciso alterar a legislação. Os benefícios para réus e condenados são um tapa na cara de famílias que sofrerão por toda a vida a perda de entes
queridos. No dia em que um condenado a 30 anos de prisão for
obrigado a ficar os 10.957 dias na cadeia, a sociedade brasileira vai
saber que realmente está sendo feita justiça no país."
CRISTIANO REZENDE PENHA (Campinas, SP)
Jefferson Péres
"Será que Jefferson Péres
morreu de verdade? Pois seus
ideais e bandeiras não morreram. Senão, vejamos: em maio
de 2008, denunciou a Petrobras pelo aumento irregular e
injusto no preço dos combustíveis, acusou Lula de manipular
os reajustes, reclamou da falta
de transparência nas decisões,
afirmando existir uma caixa-preta na empresa, e sentenciou:
"Apesar de ser uma empresa de
economia mista, com acionistas privados, duvido que algum
dos seus acionistas conheça
realmente a estrutura de custo
do petróleo no Brasil". Daí fica
fácil concluir que suas denúncias, aliadas ao fato de pagarmos a gasolina mais cara do
mundo, justificam plenamente
a instalação da CPI no Senado.
Em abril, também no plenário, rechaçou com veemência a
ideia do terceiro mandato presidencial: "O terceiro mandato
fere um dos fundamentos da
democracia, que é a alternância
no poder. Instituir um terceiro
mandato seria um pulo para o
quarto, para o quinto, para o
sexto, enfim, para a permanência indefinida do presidente
Lula ou de outro no poder. Isso
seria a negação da democracia".
E, em relação à tese do plebiscito, ensinou: "Não se pode
usar dos instrumentos da democracia para destruir a própria democracia. Democracia
não é ditadura da maioria".
Ontem completou-se um ano
de sua morte. Será que a agenda
política brasileira ainda está regida pelos seus ideais?"
CARREL YPIRANGA BENEVIDES (Brasília, DF)
"O presidente Lula precisa
demonstrar que não é tão primitivo quanto os seus bajuladores de plantão. Deveria afirmar em cadeia nacional de TV:
"O Brasil tem uma Constituição
em vigor, que deve ser respeitada, custe o que custar. Parem de
falar em terceiro mandato para
mim. Isso é ilegal". Seriam os 15
segundos mais significativos de
sua administração."
ROBERTO BENITEZ (S. José dos Campos, SP)
Índice
|