São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

Índice

Semana do Leitor

leitor@uol.com.br

Unesco
"Os livros estão em sua imaginação. Traga-os e eu os queimarei para você". Essa é a frase que teria dito o candidato egípcio à direção da Unesco, até agora apoiado pelo Brasil. Tenho dificuldade em ver no que a precisão do contexto atenuaria a gravidade da afirmação. Livros não se queimam, sejam imaginários ou reais. Aliás, não há livro que antes de ser real foi imaginário. Mas o grave não está aí. Está na aceitação de que se pode queimar do imaginário muçulmano livros escritos em hebraico. Um imaginário intolerante é a raiz de qualquer intolerância real. Quanto a isso, alguém que há 22 anos lida com cultura e é um pintor abstrato não deveria vacilar. A afirmação se deu, conforme o próprio Farouk Hosny, em conversa com um parlamentar do grupo islâmico. E como um Centro Nacional de Tradução não contém livros em hebraico? Se não tem, deveria ter. Se não tem, é porque a política de Farouk é restritiva. E um país cujo centro de tradução tem política restritiva não pode presidir um órgão que representa a cultura da humanidade -e, evidentemente, o Brasil não pode apoiá-lo."
DANIEL TOURINHO PERES (Salvador, BA)

 

"Não dá para entender a política externa de Lula e do chanceler Celso Amorim. E não só em relação ao apoio dado a um político estrangeiro para dirigir a Unesco, prejudicando a candidatura do diplomata brasileiro Márcio Barbosa. Nosso governo já deu sinais de antipatriotismo em vários episódios, constrangedores para a reputação do país. Em relação a nossos vizinhos sul-americanos, o país vem assumindo uma posição vergonhosamente submissa. O certo seria romper relações diplomáticas e comerciais com esses países e liquidar de uma vez por todas essa ridícula macaqueação da União Europeia chamada Mercosul. Quanto à China, parece que viramos mesmo sua colônia: exportamos produtos primários -ferro, soja e, proximamente, petróleo- e recebemos em troca ou produtos que nos fazem concorrência, como têxteis e sapatos, ou as quinquilharias das lojas de R$ 1,99. Um país com uma política exterior entreguista como essa não tem categoria nem legitimidade para ocupar um lugar no Conselho de Segurança da ONU."
RICARDO MARTINS SOARES (Curitiba, PR)

Zé Rodrix
Ele foi um dos principais ícones do rock "pé na estrada" e começou a mudar a cara do nosso rock. Compôs o hino de quase todos os que vivem a loucura das cidades: "Eu quero uma casa no campo!". Usou e abusou da voz e nos fez "viajar" sem sair do lugar. Bem que Zé Rodrix poderia ficar mais tempo conosco." ADILSON LUIZ GONÇALVES (Santos, SP)

Educação
"A cada dez linhas escritas sobre educação, oito dizem que o Estado precisa de professores "mais qualificados", "mais bem formados". Pois bem, o doutor João Batista Araujo e Oliveira escreveu mais que dez linhas ("Tendências/Debates", sexta-feira), porém o "elogio" veio ao final: "[é preciso um] programa de atração de pessoas adequadamente qualificadas para o magistério". Mas o que é ser bem qualificado? É ser formado em pedagogia na USP? É ter uma fórmula mágica para o aluno aprender? (Alguém tem?). O diretor Camilo Oliveira disse: "O governo só me atrapalha". Ele disse "o governo", não "os professores". Então a problemática está nas políticas públicas e no uso eleitoral da educação. E a causa são as ações irresponsáveis dos políticos. O fiasco em que se encontra a educação não tem a ver com má formação do professor, pois, se tivesse, as escolas que andam descoladas do governo também iriam mal. E o professor que trabalha na escola pública é, muitas vezes, o mesmo que trabalha nas escolas particulares, que por muitas vezes se saíram bem nessas provas. Nós, professores, somos muito competentes e interessados em modernizar a categoria."
NADEJE M. PEIXOTO AIRES (São Paulo, SP)

Facultativo
"Fala-se muito em voto de lista, lista aberta, voto misto, fidelidade partidária, mas nada sobre o voto livre. Apenas o Brasil, algumas ditaduras, como o Iraque de Saddam, e uma meia dúzia de republiquetas usam o voto obrigatório. Ele nasceu com o intuito de ajudar o brasileiro a aprender a votar, mas, passados 24 anos da redemocratização e umas 15 eleições (contando turnos e plebiscitos), já dá para supor que o brasileiro aprendeu a votar. Caso contrário, é melhor considerar esse aluno eternamente incapaz. O voto livre, ao contrário do que se propala, é o único praticamente imune à compra. Hoje vota-se em troca de camiseta, cesta básica, promessa de emprego. É um garrote patrocinado pela elite covarde, por políticos oportunistas e por eleitores colecionadores de migalhas."
ROSENILDO GOMES FERREIRA (São Paulo, SP)

Violência e impunidade
"O assassinato da menina de 8 anos em Rio Claro (SP), o deputado que matou dois jovem em acidente de trânsito e milhares de outros casos de violência são o resultado de muitos problemas, mas o maior deles é a impunidade que existe no Brasil. Atirar em crianças inocentes, jogá-las pela janela do apartamento, arrastá-las pelas ruas, matar os próprios pais, sequestrar, estuprar e causar mortes no trânsito por imprudência virou rotina, pois no fundo todos os criminosos deste país sabem que dificilmente serão condenados. E, se forem, sabem que serão soltos por bom comportamento ou que terão a oportunidade de fugir no primeiro indulto que aparecer. Onde estão os três Poderes, que nada fazem para mudar a situação de guerra civil que atingiu as cidades brasileiras? É preciso alterar a legislação. Os benefícios para réus e condenados são um tapa na cara de famílias que sofrerão por toda a vida a perda de entes queridos. No dia em que um condenado a 30 anos de prisão for obrigado a ficar os 10.957 dias na cadeia, a sociedade brasileira vai saber que realmente está sendo feita justiça no país."
CRISTIANO REZENDE PENHA (Campinas, SP)

Jefferson Péres
"Será que Jefferson Péres morreu de verdade? Pois seus ideais e bandeiras não morreram. Senão, vejamos: em maio de 2008, denunciou a Petrobras pelo aumento irregular e injusto no preço dos combustíveis, acusou Lula de manipular os reajustes, reclamou da falta de transparência nas decisões, afirmando existir uma caixa-preta na empresa, e sentenciou: "Apesar de ser uma empresa de economia mista, com acionistas privados, duvido que algum dos seus acionistas conheça realmente a estrutura de custo do petróleo no Brasil". Daí fica fácil concluir que suas denúncias, aliadas ao fato de pagarmos a gasolina mais cara do mundo, justificam plenamente a instalação da CPI no Senado. Em abril, também no plenário, rechaçou com veemência a ideia do terceiro mandato presidencial: "O terceiro mandato fere um dos fundamentos da democracia, que é a alternância no poder. Instituir um terceiro mandato seria um pulo para o quarto, para o quinto, para o sexto, enfim, para a permanência indefinida do presidente Lula ou de outro no poder. Isso seria a negação da democracia". E, em relação à tese do plebiscito, ensinou: "Não se pode usar dos instrumentos da democracia para destruir a própria democracia. Democracia não é ditadura da maioria". Ontem completou-se um ano de sua morte. Será que a agenda política brasileira ainda está regida pelos seus ideais?"
CARREL YPIRANGA BENEVIDES (Brasília, DF)

 
"O presidente Lula precisa demonstrar que não é tão primitivo quanto os seus bajuladores de plantão. Deveria afirmar em cadeia nacional de TV: "O Brasil tem uma Constituição em vigor, que deve ser respeitada, custe o que custar. Parem de falar em terceiro mandato para mim. Isso é ilegal". Seriam os 15 segundos mais significativos de sua administração."
ROBERTO BENITEZ (S. José dos Campos, SP)




Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.