São Paulo, domingo, 27 de junho de 2010

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SEMANA DO LEITOR - leitor@uol.com.br

Mata atlântica
Tanto se fala em Amazônia que a mata atlântica parece menos importante. Devastada por séculos, é um dos biomas mais ameaçados de extinção no mundo. E o Estado de São Paulo ainda mantém políticas de regularização do desmatamento, cobrando a preservação de míseros 20% e a assinatura de termos de compromisso que pouco são cumpridos para autorizar com gosto o corte raso. Não há estudos que ensinem a plantar mata atlântica. Ridículo é trocar um fragmento florestal por mudas nativas que nem virarão fragmento.
Enquanto isso, o resto do país discute um Código Florestal que nunca foi cumprido.
MARIANA GRIMALDI (São Paulo, SP)

Mineração
Inacreditável o artigo "Exploração mineral deve ser feita de forma sustentável" (Mercado, 23/6), do presidente do Instituto Brasileiro de Mineração. Ele diz que, no passado, a mineração deixou cicatrizes. Verdade que vale para hoje. Se alguém duvida, que venha a Minas. Verá crateras imensas e profundas. Recuperação? Parte das minas é transformada em lagos, recuperação bem mais barata do que recompor o solo. O estrago é mais do que ambiental. Quase nada fica da riqueza. As usinas estão sendo feitas no Espírito Santo e no Rio. E a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), espécie de royalty, é ridícula: no caso do minério de ferro, 2% sobre o lucro líquido. Em 2009, foram arrecadados em Minas Gerais cerca de R$ 360 milhões sobre todas as substâncias minerais, dinheiro que ainda foi dividido entre a União, Estado e municípios. Com o royalty do petróleo, só o Rio levou R$ 4,5 bilhões.
Enfim, é como se diz aqui: o ouro pelo menos deixou o barroco, o ferro, apenas o buraco.
THOMÉ S. SANTOS (Belo Horizonte, MG)

POR UM OUTRO MITO
Divulgação
Michael Jackson em imagem estilizada do disco "Thriller"; dia 25 completou-se um ano de sua morte

Um ano
Fiquei emocionada com o texto do ministro Carlos Ayres Britto sobre Michael Jackson ("Tendências/Debates", 25/6).
Com sua esquisitice voluntária, brindou-nos por décadas com seu talento, sua música, seu canto, sua dança. Por ser nosso ídolo, simplesmente nos acostumamos a ele, e sentimos falta de sua figura intocável, agora rara em nosso vídeo.
Quando aparecia, meu Deus, era aquele sonho, uma figura impactante. Qualquer nota sobre ele atiçava a nossa imaginação: será realidade ou fantasia? Sua energia, seu olhar e seus giros desafiavam qualquer julgamento. Apenas o admirávamos, com um amor imenso. Agora estamos órfãos e, quem sabe, à procura de outro mito.
TEREZINHA DIAS ROCHA (São Paulo, SP)

AGRICULTOR, O INCOMPREENDIDO

Código Florestal
Parabenizo Melchiades Filho (Opinião, 25/6) por defender a imagem do nosso incompreendido agricultor, mesmo correndo o risco de se tornar alvo de ONGs.
Nos anos 80, a Associação de Agricultura Americana pagava US$ 300 por hectare não plantado! Agora esses assalariados da ecologia querem eliminar (sem pagamento) as plantações de café em Minas, de maçãs em SC e de arroz de várzea em todo o país. A Promotoria e os governadores devem impedir tal barbaridade.
OSNY SILVEIRA JÚNIOR (São Paulo, SP)

Irônica vingança
O editorial "Procura-se engenheiro" (Opinião, 22/6) me fez lembrar da minha adolescência, nos anos 80, quando meu sonho era ser engenheiro. À época, as escolas técnicas, preparatórias para futuros engenheiros, foram brutalmente sucateadas, abandonadas à própria sorte, como se fossem fantasmas da então crise pós-"Brasil Grande" dos anos 70.
Resultado: poucos colegas se formaram e menos ainda trabalham na área. Eu mesmo desisti e formei-me em direito. Agora colhe-se a falta crônica de profissionais preparados, na mais irônica vingança daqueles dias em que se encerravam cursos técnicos de período integral.
PAULO ROGÉRIO BASTOS COSTA, promotor de Justiça (Lorena, SP)

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