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Semana do Leitor
leitor@uol.com.br
Educação
"Porque o tema dos livros escolares
voltou à pauta nesse
tom inquisitório?
Porque o repórter Fábio Takahashi não vai ouvir
a escritora Tatiana Belinky,
que sabe tudo sobre
crianças e livros?
Por
que não procura a psicanalista
infantil Cecília Faria para falar
demente infantil e leitura?
Será que ele (e as pessoas cuja opinião ele
colheu) não percebeu a
crítica embutida no
poema? E que, do mesmo modo
que a comédia castiga os costumes
rindo deles, a poesia usa o
impacto da linguagem para fazer pensar
e criticar?
Desde os seis anos leio tudo,
sem nenhuma censura. Não me
tornei marginal, tornei-me escritora.
Poderia dizer mais,
mas, certamente, há quem saiba
falar sobre hipocrisia e jogo
político melhor que eu."
MARIA ADELAIDE AMARAL, escritora e dramaturga
(São Paulo,SP)
"Independentemente de conotações morais
Ou éticas, a denúncia de mais um livro distribuído
inadequadamente pela
Secretaria da Educação a alunos
aos quais não era destinado
mostra total descaso na avaliação de
livros didáticos.
Que diferença tem essa compra daquelas de
antigamente em que, muitas vezes,professores
elegiam um livro pelas qualidades
alardeadas pelos propagandistas na
sala dos professores
ao final do ano letivo?
Com certeza, dado o grande
volume, boa parte dos livros
não foi analisada na sua função
pedagógica,mas, teoricamente,
teve o aval de algum técnico.
Uma boa avaliação da adequação dos
livros distribuídos
certamente irá mostrar outras
incoerências, que não passam
necessariamente pelo crivo da
moral e da ética, mas, sim, da
função pedagógica do livro.
Infere-se a falta de planejamento educacional
e de definição de objetivos."
MARIA APARECIDA JUSTO DA SILVA
SCHOENACKER, socióloga, ex-professora de
sociologia da rede pública (São Paulo, SP)
"O texto'Com esse salário,
quem quer ser um professor?',
de Antônio Gois, é pertinente e
ilustra a tragédia da educação
brasileira, pois educar é a atividade de maior
impacto social.
Em países sérios, o educador
é reconhecido, e seu salário está
entre os mais altos do serviço
público. Vamos parar de brincar
e propor piso salarial do
professor do ensino básico de
R$ 9.500 em lugar dos R$950.
Seria um passo importante
na conquista de seriedade
nessa área."
ISAAC ROITMAN, professor aposentado da
UnB (Brasília, DF)
"Como professora em início
de carreira,os textos 'Até teólogo
e bibliotecário dão aula de física'
e 'Com esse salário, quem
quer ser um professor?' me fizeram refletir
sobre o assunto.
Nós, professores, precisamos
de muita persistência, boa vontade
e paciência para seguir na
profissão. E creio que o salário
baixo não seja nem o único nem
o maior obstáculo para isso.
Tenho formação na área em
que atuo e, para mim, a falta de
interesse em aprender e a falta
de respeito pelo professor por
parte dos alunos é a maior decepção do magistério.
Mesmo com capacidade e vontade de
ministrar aulas diferentes das
que considero ultrapassadas,
sinto-me impedida de fazê-lo
devido às situações com que
deparo em sala de aula.
Minha formação, cultura e
vivência nunca me deram base
suficiente para lidar com alunos que
jogam cadeiras e mesas
para cima, chutam portas, batem nos
colegas, arremessam
apagadores, giz e canetas, gritam palavrões,
rasgam e amassam cadernos,
livros e apostilas,
mexem no material do professor
e entram e saem da sala
sem pedir permissão.
Preparei-me para
ensinar química, mas,
infelizmente, esse não parece
ser o papel que preciso desempenhar
em algumas salas.
Não posso generalizar as situações que
Encontrei durante
minha (ainda) curta carreira.
Há ambientes escolares agradáveis
e alunos interessados
em aprender. E é por eles e por
acreditar que a educação é o
único caminho para uma vida
melhor que não contribuirei
com as estatísticas de rejeição à
carreira do magistério."
TATHIANE MILARÉ, doutoranda em ensino
de química, professora temporária de química
da rede estadual (Piracicaba,SP)
Ética e vestais
"É ótimo o artigo 'Com ética
e sem vestais',do deputado federal Chico Alencar
('Tendências/Debates', terça-feira). Só
não dá para concordar coma
posição de dissociar a ética privada da
ética pública.
Ao dizer que 'o resgate da
grandeza na política não será
consolidado a partir do caráter
individual de cada um, por mais
notável que seja', esquece que
não dá para juntar vários cachos de bananas
e conseguir
um caminhão de laranjas.
Se as pessoas não são 'vestais',
no sentido de ter um mínimo de
ética pessoal, não
terão condições de ter uma
'ética pública'.
É claro que apenas a 'ética
pessoal' não é suficiente, mas,
com certeza, é necessária."
PAULO VARELA SENDIN (Londrina, PR)
Nãos
"Belíssimo e emocionante o
Texto 'Quantos 'nãos' serão precisos?',
da vereadora e psicóloga Mara Gabrilli
('Tendências/Debates', quarta-feira), no qual
ela denuncia o abuso sexual de
crianças por pessoas que deveriam cuidar delas.
O artigo consterna e choca ao
Propor que, com urgência, se
criem redes de apoio a essas
crianças,para que denunciem e
não se calem.
A autora foi de uma felicidade
enorme quando escreveu,
numa metáfora muito apropriada,
que, 'de acordo com o
dicionário, 'rede' é um entrelaçado de diversos
fios, feitos de
material resistente, e é usada
para aparar corpos em queda'.
Que todos os brasileiros sejam os
convocados para lutar
contra essa perversão que é o
abuso sexual infantil, que tanto
envergonha a nós e a toda a
humanidade."
ANTONIO AUGUSTO FAVETTI (Curitiba, PR)
"Parabenizo a psicóloga Mara Gabrilli por
expor esse assunto assim,
tão abertamente.
A gente está acostumada a ver
esse tema ser citado sempre no
meio do conteúdo, nunca como
título de artigos ou reportagens.
Quantos 'nãos' ainda serão precisos
e quantas vidas
prejudicadas ainda teremos?"
SUELY NEGREIROS (São Paulo, SP)
China e Brasil
"Poderíamos chamar a senhora Xu Yingzhen,
subdiretora do Departamento de Assuntos de Américas
e Oceania o Ministério do Comércio da
China ('Chineses criticam
ações do Brasil', Dinheiro), para
uma visitinha ao Brasil e
dar-lhe um relatório com o número
de empresas que faliram
na década de 90.
É fato que não nos preparamos
para a concorrência exterior,
mas a China tem uma boa
porcentagem de culpa nisso.
A subdiretora poderia visitar
o porto de Santos (SP) e acompanhar
o escaneamento de
contêineres chineses para ver
se eles só trazem mesmo os tecidos
declarados. Poderíamos
também levá-la a Franca (SP)
para visitar as fábricas de calçados.
Quem sabe assim ela entenderia
o porquê das medidas
antidumping.
Demorou, e muito, para que
o governo e a indústria do Brasil
acordassem. Agora podemos
brigar pelo que é nosso."
CARLOS PIGNATARI, bacharel em comércio
exterior (Guarulhos, SP)
Coreia do Norte
"A finalidade dos governos
deve ser sempre o bem-estar da
população de seus respectivos
países.
Não dá para entender que
uma nação passe 56 anos se
preparando para reiniciar uma
guerra sem que não tenha ainda
conseguido dar as condições
mínimas para os seus habitantes
('Coreia do Norte provoca
com três novos mísseis', Mundo,
quarta-feira).
É preciso que se estude a polemologia do sociólogo
francês Gastón Bouthoul."
ROLDÃO SIMAS FILHO
(Brasília,DF)
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