São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Semana do Leitor

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Educação
"Porque o tema dos livros escolares voltou à pauta nesse tom inquisitório? Porque o repórter Fábio Takahashi não vai ouvir a escritora Tatiana Belinky, que sabe tudo sobre crianças e livros?
Por que não procura a psicanalista infantil Cecília Faria para falar demente infantil e leitura? Será que ele (e as pessoas cuja opinião ele colheu) não percebeu a crítica embutida no poema? E que, do mesmo modo que a comédia castiga os costumes rindo deles, a poesia usa o impacto da linguagem para fazer pensar e criticar?
Desde os seis anos leio tudo, sem nenhuma censura. Não me tornei marginal, tornei-me escritora. Poderia dizer mais, mas, certamente, há quem saiba falar sobre hipocrisia e jogo político melhor que eu."
MARIA ADELAIDE AMARAL, escritora e dramaturga (São Paulo,SP)

"Independentemente de conotações morais Ou éticas, a denúncia de mais um livro distribuído inadequadamente pela Secretaria da Educação a alunos aos quais não era destinado mostra total descaso na avaliação de livros didáticos.
Que diferença tem essa compra daquelas de antigamente em que, muitas vezes,professores elegiam um livro pelas qualidades alardeadas pelos propagandistas na sala dos professores ao final do ano letivo?
Com certeza, dado o grande volume, boa parte dos livros não foi analisada na sua função pedagógica,mas, teoricamente, teve o aval de algum técnico.
Uma boa avaliação da adequação dos livros distribuídos certamente irá mostrar outras incoerências, que não passam necessariamente pelo crivo da moral e da ética, mas, sim, da função pedagógica do livro. Infere-se a falta de planejamento educacional e de definição de objetivos."
MARIA APARECIDA JUSTO DA SILVA SCHOENACKER, socióloga, ex-professora de sociologia da rede pública (São Paulo, SP)

"O texto'Com esse salário, quem quer ser um professor?', de Antônio Gois, é pertinente e ilustra a tragédia da educação brasileira, pois educar é a atividade de maior impacto social.
Em países sérios, o educador é reconhecido, e seu salário está entre os mais altos do serviço público. Vamos parar de brincar e propor piso salarial do professor do ensino básico de R$ 9.500 em lugar dos R$950. Seria um passo importante na conquista de seriedade nessa área."
ISAAC ROITMAN, professor aposentado da UnB (Brasília, DF)

"Como professora em início de carreira,os textos 'Até teólogo e bibliotecário dão aula de física' e 'Com esse salário, quem quer ser um professor?' me fizeram refletir sobre o assunto.
Nós, professores, precisamos de muita persistência, boa vontade e paciência para seguir na profissão. E creio que o salário baixo não seja nem o único nem o maior obstáculo para isso.
Tenho formação na área em que atuo e, para mim, a falta de interesse em aprender e a falta de respeito pelo professor por parte dos alunos é a maior decepção do magistério. Mesmo com capacidade e vontade de ministrar aulas diferentes das que considero ultrapassadas, sinto-me impedida de fazê-lo devido às situações com que deparo em sala de aula.
Minha formação, cultura e vivência nunca me deram base suficiente para lidar com alunos que jogam cadeiras e mesas para cima, chutam portas, batem nos colegas, arremessam apagadores, giz e canetas, gritam palavrões, rasgam e amassam cadernos, livros e apostilas, mexem no material do professor e entram e saem da sala sem pedir permissão.
Preparei-me para ensinar química, mas, infelizmente, esse não parece ser o papel que preciso desempenhar em algumas salas. Não posso generalizar as situações que Encontrei durante minha (ainda) curta carreira.
Há ambientes escolares agradáveis e alunos interessados em aprender. E é por eles e por acreditar que a educação é o único caminho para uma vida melhor que não contribuirei com as estatísticas de rejeição à carreira do magistério."
TATHIANE MILARÉ, doutoranda em ensino de química, professora temporária de química da rede estadual (Piracicaba,SP)

Ética e vestais "É ótimo o artigo 'Com ética e sem vestais',do deputado federal Chico Alencar ('Tendências/Debates', terça-feira). Só não dá para concordar coma posição de dissociar a ética privada da ética pública.
Ao dizer que 'o resgate da grandeza na política não será consolidado a partir do caráter individual de cada um, por mais notável que seja', esquece que não dá para juntar vários cachos de bananas e conseguir um caminhão de laranjas.
Se as pessoas não são 'vestais', no sentido de ter um mínimo de ética pessoal, não terão condições de ter uma 'ética pública'.
É claro que apenas a 'ética pessoal' não é suficiente, mas, com certeza, é necessária."
PAULO VARELA SENDIN (Londrina, PR)

Nãos
"Belíssimo e emocionante o Texto 'Quantos 'nãos' serão precisos?', da vereadora e psicóloga Mara Gabrilli ('Tendências/Debates', quarta-feira), no qual ela denuncia o abuso sexual de crianças por pessoas que deveriam cuidar delas.
O artigo consterna e choca ao Propor que, com urgência, se criem redes de apoio a essas crianças,para que denunciem e não se calem.
A autora foi de uma felicidade enorme quando escreveu, numa metáfora muito apropriada, que, 'de acordo com o dicionário, 'rede' é um entrelaçado de diversos fios, feitos de material resistente, e é usada para aparar corpos em queda'.
Que todos os brasileiros sejam os convocados para lutar contra essa perversão que é o abuso sexual infantil, que tanto envergonha a nós e a toda a humanidade."
ANTONIO AUGUSTO FAVETTI (Curitiba, PR)

"Parabenizo a psicóloga Mara Gabrilli por expor esse assunto assim, tão abertamente. A gente está acostumada a ver esse tema ser citado sempre no meio do conteúdo, nunca como título de artigos ou reportagens. Quantos 'nãos' ainda serão precisos e quantas vidas prejudicadas ainda teremos?"
SUELY NEGREIROS (São Paulo, SP)

China e Brasil
"Poderíamos chamar a senhora Xu Yingzhen, subdiretora do Departamento de Assuntos de Américas e Oceania o Ministério do Comércio da China ('Chineses criticam ações do Brasil', Dinheiro), para uma visitinha ao Brasil e dar-lhe um relatório com o número de empresas que faliram na década de 90.
É fato que não nos preparamos para a concorrência exterior, mas a China tem uma boa porcentagem de culpa nisso. A subdiretora poderia visitar o porto de Santos (SP) e acompanhar o escaneamento de contêineres chineses para ver se eles só trazem mesmo os tecidos declarados. Poderíamos também levá-la a Franca (SP) para visitar as fábricas de calçados.
Quem sabe assim ela entenderia o porquê das medidas antidumping. Demorou, e muito, para que o governo e a indústria do Brasil acordassem. Agora podemos brigar pelo que é nosso."
CARLOS PIGNATARI, bacharel em comércio exterior (Guarulhos, SP)

Coreia do Norte
"A finalidade dos governos deve ser sempre o bem-estar da população de seus respectivos países.
Não dá para entender que uma nação passe 56 anos se preparando para reiniciar uma guerra sem que não tenha ainda conseguido dar as condições mínimas para os seus habitantes ('Coreia do Norte provoca com três novos mísseis', Mundo, quarta-feira).
É preciso que se estude a polemologia do sociólogo francês Gastón Bouthoul."
ROLDÃO SIMAS FILHO (Brasília,DF)



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