São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011

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CARTAS

Amy
Amy Winehouse não nasceu para o "mainstream" de hoje. Ela não tinha a consciência feliz, aquela a que tanto se referia Marcuse, essencial para sobreviver atualmente. Nossos dias cultivam a hipocrisia a qualquer custo, nem que sejam necessárias doses de antidepressivos para isso.
Nós, artistas, precisamos da angústia. Querer aniquilar isso seria eliminar a essência da arte. Fazemos arte para sublimar nossos desejos e nossas angústias. Assim nascem os grandes artistas. O que seria de Ella Fitzgerald, Nina Simone e Janis Joplin sem a tristeza?
Está na moda a alegria e muita "mise-en-scène". Onde fica a música? Onde fica o espaço para cantar a dor, a mentira e a traição? O que seria de Maysa ou de Elizeth Cardoso hoje, quando privilegia-se a interpretação blasé? Haveria espaço para cantarem suas dores?
Nos tempos mais remotos da história da arte, sobressaiam-se os indivíduos que Joel Birman chamou de "dentro de si", que, em sua introspecção quase autista, construíam sua arte.
Amy foi tratada e requerida como celebridade. Ela não estava preparada para isso. Fez no Brasil um show considerado medíocre por alguns. Um show que poderia ocorrer numa beira de estrada, numa garagem, num pub londrino. Sem coreografias performáticas, cristais Swarovski e sem nenhum ventilador no palco. Só a voz e a música. E que voz!
Doce e perturbadora Amy. Inesquecível. Incomparável. Única. Agora morta, Amy Winehouse será mais ouvida do que nunca. É dessa lógica perversa que se sustenta o mercado. Amy cantou suas dores em praça pública. Muito obrigada, Amy, por me encorajar a cantar as minhas também.
LUZIA DVOREK , cantora (São Paulo, SP)

Dilma
Boa parte da imprensa agora deu para cobrir de elogios a depuração que a presidente Dilma tem promovido no Ministério dos Transportes. Não que eu desaprove a iniciativa, mas algumas coisas estão um tanto fora do lugar.
Vejamos: Dilma não era aquela "gerente" rigorosa e severa que, até outro dia, tudo sabia e tudo controlava a partir da Casa Civil?
Não foi esse o peixe que foi vendido aos eleitores? Como é que, enquanto ministra, a implacável "mãe do PAC" não tomou conhecimento sobre toda aquela roubalheira que se passava naquele e nos demais ministérios?
Quer dizer então que só agora ela descobriu tudo? Para cima de mim, não, cara pálida! Dilma sabia e compactuou com aqueles próceres do PR ao reconduzi-los em seu governo.
RODRIGO BORGES DE CAMPOS NETTO (Brasília, DF)


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