São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 2009

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FINAS

O sucesso das irmãs Silvia e Emilia Brandão em Madri

por MARÍLIA SCALZO

LAS HERMANAS

Com seus eventos badalados e a abertura de um restaurante em Madri, as irmãs Silvia e Emilia Brandão conquistaram os espanhóis

Elas nasceram Brandão Carneiro. As duas primeiras entre quatro filhos do casal mineiro Paulo Emilio e Sônia –ele empresário, ela dona de casa. Na infância e na adolescência, passadas em São Paulo, eram conhecidas pelo sobrenome Carneiro. Hoje, as duas usam apenas Brandão. Emilia, 27, por conta de uma história que mistura sonhos e numerologia. Silvia, 31, porque sua primeira chefe na Espanha sugeriu, dizendo que "era mais charmoso e soava mais brasileiro". Silvia nasceu em Belo Horizonte, "mineira, de coração paulista". Emilia, em São Paulo, "paulista, de coração mineiro".

Semelhanças e diferenças sempre uniram as irmãs. "O especial entre mim e a Sil é que somos muito amigas, muito parecidas e muito diferentes ao mesmo tempo, temos uma relação forte de cumplicidade e amor", diz Emilia.

Emilia descobriu o interesse pela fotografia e pela arte na Nova Zelândia; formou-se em cinema e trabalha com fotografia e comunicação. Depois do curso de hotelaria, Silvia passou por grandes redes hoteleiras de Portugal e da Itália, fez curso de pâtisserie no Le Cordon Bleu, em Paris, trabalhou no bufê Charlô, em São Paulo, e fez uma especialização em Boston, onde aprendeu que "time is money".

Mas o que as irmãs queriam mesmo era viver uma perto da outra –e trabalhar juntas, de preferência. Entre as muitas viagens que cada uma fez na vida, lembram-se com alegria dos períodos em que moraram na mesma casa e faziam planos. "Sempre soubemos que era só uma questão de tempo", conta Emilia.

E o tempo chegou: hoje as duas vivem em Madri (Silvia casada com o espanhol Iñaki Bengoechea) e trabalham juntas na BeChic, empresa de eventos criada por Silvia em parceria com o chef espanhol Amado García, que conheceu trabalhando no Hotel Hesperia, um cinco estrelas de Madri.

TÃO LONGE, TÃO PERTO
As primeiras ideias para criar a BeChic, entretanto, estavam ligadas ao Brasil e contribuiriam para aproximar as irmãs que sofriam com a separação –Silvia em Madri, Emilia em São Paulo, terminando a faculdade de cinema. Pensaram em fazer um guia bacana, de estilo, recomendando lugares especiais no Brasil para estrangeiros. Queriam também fazer livros que mostrassem a tradição das mesas brasileiras, importar arte do Brasil...

"Eram ideias muito soltas, pensávamos em tudo, sonhávamos alto", lembra Emilia. Enquanto isso, a empresa de eventos começou a crescer, e Emilia foi ajudando de longe. "Ela teve um papel importantíssimo", conta Silvia, "pois desenvolveu nosso site, nossa identidade visual. Todas as fotos da BeChic são e serão sempre dela".

Os eventos e festas oferecidos por elas, além de comida e bebida, têm cada detalhe –flores, serviço, música, lugar– planejado especialmente. Por conta disso, fizeram fama. No boca a boca foram crescendo e hoje organizam as festas de empresas como Estée Lauder, Carolina Herrera, Tag Heuer e Bank of New York, entre muitas outras.

Para Silvia, preparar festas e jantares é uma das mais fortes lembranças que traz da infância, enquanto Emilia se lembra do cuidado que a mãe dedicava às arrumações. "Adorava quando ela trazia da feira as flores para os arranjos dos jantares e das festas. Colocava os aperitivos nos pratos, preparava os guardanapos, as toalhas de linho, as bandejas de prata, os copos de cristal. Era tudo tão lindo! Aquele mundo me fascinava."

Não demorou muito e Silvia percebeu a importância de a BeChic ter seu próprio espaço. "Durante um ano, buscamos por toda Madri um lugar especial, que se encaixasse com as necessidades de nossos clientes", diz. Encontraram há alguns meses, em Chueca, bairro gay chique de Madri, um imóvel pelo qual se apaixonaram. Reformado com capricho, o lugar abriga desde 19 de novembro o BeChic Loft, um misto de restaurante e local para eventos que abre de quinta a domingo. Três pátios internos, dois bares e lounge tornam o lugar muito versátil: é possível tomar um drinque a partir das 19h no bar ou experimentar o menu degustação que varia semanalmente.

E as irmãs não param: "Temos muitas ideias. Gostaríamos de desenvolver o livro de mesas do Brasil, exportar produtos gourmet BeChic, ter um escritório de comunicação para fazer também cenografia e design nos eventos …", diz Silvia.

Para tanto, elas contam com a disciplina aprendida nas aulas de piano, que a mãe insistiu para que seguissem por dez anos. Se não serviu para forjar concertistas, as aulas ajudaram de outra maneira. Como diz Silvia, "o piano ensinou a improvisar, a ser flexível e a saber que para alcançar o mesmo fim existem vários acordes".

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