São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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IN LOCO

para ler e para comer

por CRISTINA FIBE, DE NOVA YORK

Repórter foi conferir o restaurante xará desta revista? em Nova York e conta como deve ser a filial em são Paulo

Diante da promessa de que a filial paulistana espelhará os originais, fui ao restaurante Serafina mais badalado de Nova York –na rua 61, entre as avenidas Park e Madison–, para entender o que, na casa italiana, atrai celebridades, paparazzi e turistas endinheirados.

Escolhi uma noite quente de sábado de primavera, daquelas em que ninguém gosta de ficar em casa. Sozinha, quase desisti de sentar após ser ignorada por três (!) hostess de salto alto.

Acanhada diante da dance music alta, fiquei alguns minutos olhando o cardápio, até uma das recepcionistas me notar e oferecer uma mesa. Aí, sim, comecei a ser tratada como se estivesse "na extensão da minha sala", como dizem os donos.

O restaurante cheirava a trufas negras. Decidi escapar das escolhas de sempre, em um menu que vai de pizzas a peixes, e pedi um risoto da iguaria com champanhe Veuve Clicquot, a US$ 24.

"Não, não, não, você não quer isso", censurou o garçom, esforçando-se para ajudar. "Temos um prato especial hoje, com as trufas raladas por cima do risoto de queijo. Esse que você escolheu é só com azeite de trufas."

Obedeci. Ele não deu a entender que eu pagaria muito mais por isso, e calculei que, apesar de entrarem as trufas "de verdade", a saída do Veuve Clicquot equilibraria as contas.

O risoto foi trazido por um ajudante sorridente, que me ofereceu pimenta e queijo ralado. Queijo, por favor. Segundos depois, recebi nova visita do garçom-conselheiro. "Pediu queijo, não é? Se quiser, tudo bem, aqui está", disse, agarrado ao ralador. "O problema é que seu prato tem queijo demais..."

Em outros tempos, já o teria contrariado no início. Mas, no ímpeto de cumprir a pauta, resolvi seguir mais essa recomendação (e não queria prejudicar o sabor das lâminas de trufas).

De fato, o tempero do prato não foi feito para ser esquecido. Bem servido, cremoso e com o fungo em quantidade.

Na esperança de que entrasse alguma das celebridades-frequentadoras para comprovar a fama do Serafina, fiquei mais um pouco e pedi sobremesa. Desta vez, pude manter a minha escolha.

Pulei opções como "cheesecake italiano", "panna cotta com vanila de Madagascar" e "Crème brûlée de Capri" e fiquei com um tiramisù "do jeito que a vovó fazia, talvez melhor".

Nem tão feliz quanto os finos moradores do Upper East Side à minha volta, dei o meu jantar por encerrado. Em tempo: o risoto com trufas "reais" custa, em NY, US$ 40. Resta ver a que preço chegará ao Brasil.

Nos portões do céu

Os atores Harrison Ford e Kate Hudson, a modelo Isabeli Fontana e a socialite americana Kim Kardashian são alguns dos clientes que a rede de restaurantes Serafina, de Nova York, que tem cinco filiais espalhadas pela cidade, gaba-se de atrair.

Neste ano, além da expansão para o luxuoso balneário dos Hamptons e para a Filadélfia, os donos da casa, Vittorio Assaf e Fabio Granato, decidiram que será o Brasil o seu primeiro destino internacional. Vittorio, dono do Serafina, teve a seguinte conversa com a Serafina:

Por que decidiram abrir um Serafina em São Paulo? Porque meu parceiro e eu temos um esplêndido grupo de amigos e sócios brasileiros. Também adoramos a cidade e nos apaixonamos por esse lindo lugar [na alameda Lorena].

O que São Paulo deve esperar do Serafina? A mesma consistência, qualidade, leveza e rapidez das nossas fabulosas e divertidas unidades Serafina em Nova York. E o glamour vindo da beleza e da energia da nossa clientela.

E o cardápio? Será idêntico aos de NY? O menu será o nosso autêntico cardápio Serafina, servindo cozinha do Norte da Itália. Mas gostaria de respeitar a riqueza natural da herança brasileira.

Não sei se vocês já souberam disso, mas pode ficar muito caro obter certos ingredientes no Brasil, como as trufas negras. Como lidarão com isso? Um dos nossos marcos é tentar tanto quanto possível ter preços justos. Vejo-me antes como cliente que como dono de restaurante.

Já definiram quem será o chef e qual é a data de abertura? A inauguração será em 17 de julho, que, por acaso, é também o aniversário de 15 anos do nosso primeiro restaurante em NY. Sobre o chef, prefiro manter o seu nome em segredo.

Têm planos de expansão no Brasil? Amamos o país, as pessoas, a energia positiva sem fim, o senso de felicidade que flutua em cada pedaço do ar que respiram.

Por último, gostaria de dizer que escreverei esta reportagem para uma revista chamada Serafina... Isso é perfeito! Serafina é um nome especial, porque na Itália conhecemos o anjo Serafim, que protege os portões do Céu.

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