São Paulo, domingo, 25 de abril de 2010

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ÍCONE

Grace Kelly, a mulher que não repetia os vestidos

por MARIANNE PIEMONTE, DE LONDRES

"você nunca usa o mesmo vestido duas vezes?"

A pergunta, feita pelo ator James Stewart a Grace Kelly no clássico "Janela Indiscreta", valia também para a vida real; exposição em Londres reconta a história visual do mito

Uma das mulheres mais fotografadas do século 20, dona de uma "incomparável elegância sensual", nas palavras do cineasta anglo-americano Alfred Hitchcock, Grace Kelly (1929-1982) é o tema de recente exposição no museu londrino Victoria & Albert.

Segundo a curadora Jenny "Lister, essa é a primeira mostra sobre a atriz e seu guarda-roupa no Reino Unido e o V&A, museu famoso por suas exibições sobre moda, o lugar ideal para contar a história da mulher que, quando se casou, chegou com 60 malas na casa do marido - Rainier, o príncipe de Mônaco.

A mostra está dividida em três partes. Na primeira, está a fase da atriz, com figurinos que entraram para a história do cinema, como o vestido verde-pálido de seda que usou para receber o Oscar por "The Country Girl", em 1955. Só o tecido custou US$ 4.000 e, na época, foi considerado o mais caro da história do prêmio. Sua breve carreira de cinco anos no cinema - rodou 11 filmes, entre eles clássicos como "Janela Indiscreta" (1954), de Alfred Hitchcock, e "Alta Sociedade" (1956), em que faz par com Frank Sinatra - foi responsável por sua fama mundial. E a de seu figurino também.

A segunda parte é dedicada à noiva, com peças clássicas como o vestido acinturado com gola de camisa, usado para anunciar o noivado com o príncipe Rainier. Na última parte, chamada A Princesa, estão os vestidos Balenciaga, Dior, Chanel e joias que usou nos anos 1960 e 1970.

Grace Kelly morreu em 1982, num trágico acidente de carro. A curadora da mostra conta em entrevista exclusiva à Serafina por que a atriz se tornou um ícone da moda. A exibição "Grace Kelly, Style Icon" fica em cartaz no Victoria & Albert até 26 de setembro.

Em qual filme ela aparece mais deslumbrante? Eu diria "Janela Indiscreta". Suas roupas são importantes na história do filme e contrastam com seu par, James Stewart, que passa o tempo todo usando pijamas.

Existe alguma outra mulher com seus atributos hoje em dia?
Difícil pensar em alguém que se aproxime do que foi Grace Kelly. Talvez a princesa Diana. Depois temos Gwyneth Paltrow e Scarlett Johansson, duas atrizes que tentam usar um estilo clássico simplificado, principalmente nos tapetes vermelhos. Apesar do estilo peculiar e eclético, talvez alguém como Sarah Jessica Parker, ou a Carrie, de "Sex and the City", tenha impacto semelhante nas outras mulheres. Ela parece adorar suas roupas, tanto quanto Grace Kelly, que dizia que as tratava tão bem quanto aos amigos.

Grace Kelly foi um produto de seu tempo ou continua na moda?
Ela não tinha um estilo inovador ou chocante. Escolhia as peças que, separadas, podiam ser usadas facilmente, como tailleurs bem cortados usados com acessórios, o que continua um clássico. Como Audrey Hepburn e Jackie Kennedy, ela preferia peças básicas, que nunca sairão de moda. As primeiras-damas atuais deveriam se inspirar mais no guarda-roupa dessas mulheres. Para a noite, Grace Kelly usava basicamente vestidos de pregas, em uma cor só, com tecidos nobres e joias. Essa é toda a base das coleções atuais de noite da grife Lanvin.

Por que uma mulher tão básica se tornou um ícone da moda?
Desde de que comecei a trabalhar para essa exposição, cada vez mais me convenço de que Grace Kelly é uma das poucas que merecem esse título. O sucesso que ela fez no cinema na década de 1950 assegurou que sua imagem fosse reconhecida internacionalmente. Depois, o casamento com um príncipe real e a vida como princesa de Mônaco fixaram a imagem de símbolo de elegância clássica.

Quais são suas marcas registradas?
Vestidos com corte de camisa, "twin-sets" e vestidos de noite. As joias e acessórios não podem ser esquecidos, como pequenos broches em formato de animais e pássaros, geralmente da Van Cleef & Arpels. Finalmente, a Kelly bag, da Hermès, um par de luvas brancas e óculos escuros.

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