São Paulo, domingo, 29 de Maio de 2011

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RECORTE V

Deu branco no poder

por Vivian Whiteman

Leandra Leal, protagonista e produtora do filme "Estamos Juntos" (estreia em junho), saiu de ferias com mil sonhos e volta agora com outros tantos: uma minissérie, um documentário e outro longa. E está de olho no teatro da família

O branco é o novo preto, a nova febre. Nos últimos meses, todas as grandes revistas de moda do mundo vestiram suas garotas da capa com a mais descolorida entre as cores. E a onda alvejante chegou aos velhos palácios da Inglaterra nesta semana, quando a rainha Elizabeth recebeu o presidente Obama e sua primeira-dama, Michelle, para um banquete político-diplomático. Michelle e Elizabeth usaram vestidos brancos no jantar -a cor das noivas, da pureza e um dos símbolos da paz. É sintomático que ambas tenham feito uso de um código tão evidente -sabiamente, há séculos, os cerimoniais políticos têm usado as mensagens silenciosas das cores a seu favor. Aproveitando a ressaca do casamento de Kate e William, o governo inglês tenta despistar seus graves problemas econômicos e a crescente falta de confiança da população. Já os EUA, atolados até o pescoço na crise e nas consequências de suas incursões desastrosas no Oriente Médio, ainda estão tendo de lidar com as saias-justas criadas por Obama em suas recentes considerações sobre o confilto Israel x Palestina. O escapismo e o apelo virginal do branco nas capas de revistas, festas de Hollywood e eventos políticos não são mera coincidência fashion. A moda, aliás, segue padrões muito ordenados em suas vertiginosas mudanças. Entre conflitos internos, greves, crise e medo das consequências dos levantes populares em países como o Egito, Europa e EUA precisam desesperadamente de um "extreme makeover" em suas imagens, e, para isso, também fazem uso da moda, arma cada vez mais poderosa. Elizabeth encarnou no tal jantar a própria figura da rainha "do bem" dos contos de fadas, uma velhinha imaculada, cintilando perante o povo. Já Michelle, a maior garota-propaganda dos EUA atualmente, era a própria debutante virginal, a princesinha do Novo Mundo convidada para o rega-bofe da realeza tradicional. Para completar essa atmosfera de paz plastificada, digna dos desenhos Disney, só faltou as duas darem as mãos e saírem cantando o webhit "Oração" -canção meloso-marqueteira do grupo A Banda Mais Bonita da Cidade e hino perfeito para tempos de pacifismo de butique, feito"pra inglês ver".

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