São Paulo, Domingo, 29 de Julho de 2012

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POP UP

F O R Ç A N O P I A N O

por Adriana Küchler

AUSTIN PERALTA, FILHO DE UM LENDÁRIO SKATISTA E DOCUMENTARISTA DE LOS ANGELES, TRAZ AO BRASIL SUA MISTURA DE JAZZ E ELETRÔNICA, COM PITADAS DE MILTON NASCIMENTO, ARTHUR VEROCAI E HERMETO PASCOAL

Seu pai é Stacy Peralta, autordo documentário premiado "Dogtown and Z Boys - OndeTudo Começou" (2001). Seriafácil para Austin, 21, passar avida em pranchas com rodinhas. Mas se apaixonou por música aos cinco anos, quando um professor tocou Mozart na escola. Na volta para casa, pediu ao pai um piano e aulas particulares.

"Ele não ficou surpreso porque eu era uma criança louca, um maníaco. Era obcecado por ferramentas, furadeiras e todas as coisas com que um menino não deve brincar", diz, por telefone, de Los Angeles, enquanto se prepara para vir ao Brasil. Ele mostra seu jazz bem experimental no Cine Joia, em São Paulo, no dia 13 de setembro.

E nunca pensou em entrar para o mundo do skate, apesar de ter praticado muito e até levado um tombão na adolescência. "Estava andando dentro de uma piscina e caí. Machuquei muito o pulso. Meu pai disse para só entrar em piscinas quando valesse a pena. Mas essa é a história dele, não a minha." O pai de Austin e sua turma, nos anos 1970, descobriram que piscinas vazias se transformavam em ótimas pistas improvisadas.

NEM SKATE NEM ROCK

Mas Austin tinha outros sonhos. Na casa dos Peralta, no entanto, ninguém queria saber de música clássica. "Eles só ouviam rock e outras coisas que não me interessavam."

Quando tinha dez anos, ganhou de um amigo ("de uns 50 anos") um CD do pianista Bill Evans e começou a incorporar o jazz à sua música.

Aos 14, o menino-prodígio já gravava o primeiro álbum, "Maiden Voyage" (uma homenagem ao disco de mesmo nome de Herbie Hancock), com participação do baixista de jazz Ron Carter, atualmente com 75 anos. No ano seguinte, ele se apresentava no Festival de Jazz de Tóquio ao lado de outra lenda, o pianista Chick Corea, 50 anos mais velho.

Por incrível que pareça, diz não lembrar de detalhes dessas parcerias. "Foi como uma experiência extracorporal. Eles dividiam histórias, coisas que não se pode aprender na escola."

Depois de passar por grandes gravadoras, no ano passado Austin lançou seu terceiro álbum, "Endless Planets" (algo como planetas infinitos), pelo selo independente do produtor californiano de eletrônica e hip-hop Flying Lotus. E hoje se divide entre apresentações em festivais de jazz, clubes e eventos de arte. "Minha música está crescendo e tomando um formato mais psicodélico, numa interseção de eletrônica e música acústica."

Austin também coleciona ídolos na música brasileira. "Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Arthur Verocai...", lista, caprichando na pronúncia. "Aaah, e não posso esquecer de um dos meus favoritos, amo Hermeto Pascoal."

O pianista já prepara novo álbum para lançar no final do ano -quando terá completado 22 anos. "Para mim, parece pouco. Há tantas músicas na minha cabeça que preciso colocá-las pra fora, sabe?", diz. "Espero que consiga."


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