São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2005 |
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Experimentar Maestro tira números de sons
Gilberto Dimenstein
Desde os cinco anos, Jamil Maluf já tinha
certeza de que sua
paixão era a música. A única
concorrente da música era a
matemática. Ele tinha enorme
prazer em ficar horas e mais
horas - isso quando não tocava- resolvendo problemas
com números. Só agora, aos 56
anos, é que os prazeres da matemática e da música começam a se transformar em uma
experiência única para o reconhecido maestro. "Música e
matemática são uma única
linguagem."
Logo ao sair da adolescência,
Jamil resolveu levar a sério a
música. Mudou-se para a Alemanha e estudou regência de
ópera. Ali, entendeu a vinculação entre ritmos, harmonias e
números. Percebeu por que
aquelas duas paixões se cruzaram em sua vida. Passados sete
anos na Alemanha, entre 1973
e 1980, voltou para o Brasil e,
para sobreviver, fez de tudo.
Tocava jazz em bares e boates,
fazia composições de música
popular brasileira. "Aos poucos, fui encontrando meu espaço." Seu espaço era a ópera. Jamil não apenas regia mas também fazia adaptações.
No início deste ano, assumiu a direção artística do Teatro Municipal
de São Paulo decidido a fortalecer-lhe a vocação para a ópera, o que
significava promover mais espetáculos, recuperar acervos e até mesmo
formar platéias. Uma experiência de crianças com ópera inspirou-o a
realizar projetos mais ousados no teatro. Todos os meses, é feita a apresentação de uma aula-ópera, que tem um toque de humor.
"O teatro não pode ser solene, algo distante das pessoas. Tem de ir para a rua", diz. A idéia é formar professores e levar mais alunos à ópera,
facilitando o aprendizado das matérias tradicionais do currículo, além
de mostrar a beleza daquelas histórias.
Veio-lhe, então, a vontade de brincar, no palco, com sons e números.
Jamil está começando a preparar uma experiência para mostrar como
as linguagens da música e da matemática se misturam a ponto de parecerem uma única linguagem. Animado com a idéia -ousada nestes
tempos de massificação cultural tão aguçada- de levar meninos e meninas a gostar de ópera, Jamil se sente estimulado a mostrar-lhes também o prazer da matemática.
Gilberto Dimenstein, 47, é membro do Conselho Editorial da Folha e faz parte do board do programa de Direitos Humanos da Universidade de Columbia (EUA). Criou a ONG Cidade Escola Aprendiz, em São Paulo. @ - gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Sociais & cias.: Levantados do chão Índice |
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