São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 2005

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Cheiro de livro novo, gosto por livro velho

Ele tinha apenas 14 anos quando decidiu fazer a assinatura da histórica "Coleção Saraiva", lançada em 1946. Nas ruas de terra de Sorocaba (SP), ele aguardava ansiosamente a chegada de "um homem de terno, com uma maleta", que lhe entregava os lançamentos do mês. "Os livros vinham numa espécie de cinta de papel, onde estava escrito o nome da próxima atração. Eu achava lindo e até hoje não me esqueço das capas assinadas pelo Nico Rosso", lembra o ator Paulo Betti, 52, que credita aos pais sua paixão pelos livros: apesar de analfabetos, eles incentivaram o hábito da leitura entre os filhos.
"Eu gosto do cheiro de livro. Gosto de apreciar a impressão e as ilustrações", explica o bibliófilo que, modestamente, insiste em não se considerar como tal. Diz não ter idéia de quantos livros possui, mas confessa o vício: "Adoro freqüentar sebos. Quando viajo com alguma peça de teatro, aproveito o caminhão que carrega o cenário para transportar os livros que vou comprando pelo caminho".
Conciliar a carreira de ator com a arte de garimpar raridades da literatura brasileira, sua área de preferência, é tarefa fácil, prazerosa e recompensadora para ele. "Muitas vezes, nós temos que ficar horas esperando para entrar em cena. Aproveito para ler nesses momentos", afirma Betti.
Ele também relata sua apreciação por dicionários variados. Em sua coleção, há os que trazem nomes próprios, os de citações e os de provérbios. "Eles me ajudam muito na hora de escrever um texto. O "Dicionário Analógico da Língua Portuguesa", de 1936, por exemplo, é uma preciosidade", diz. E anuncia: "Estou à procura de "O Negro no Mundo dos Brancos", do Florestan Fernandes. Já tive um, mas o perdi". (LN e EF)


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