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Serviços na nuvem arrumam bicos para quem tem tempo

Capacidade da internet para conectar pessoas otimiza tempo de empresas

Companhias como a LiveOps passam tarefas para pessoas ociosas em casa; Airbnb aluga quartos desocupados

QUENTIN HARDY
DO “NEW YORK TIMES”

O que têm em comum os seguintes itens: servidores, limusines, camas vazias e donas de casa? A nuvem os mantêm ocupados. E todos nós somos os próximos.

A virtualização dos servidores, um elemento central no desenvolvimento da computação em nuvem, tornou possível que um servidor médio, em uso normalmente durante 20% do tempo, esteja em uso durante 80% do tempo ou mais. Um software monitora cargas de trabalho, percebe quando uma máquina está desocupada e lhe atribui uma tarefa que a mantenha ocupada, sem desviá-la de sua função original.

Agora, graças à capacidade da nuvem para conectar muita gente e muita informação, uso semelhante de recursos antes subempregados está acontecendo em outros setores da economia.

Uma empresa chamada Uber conecta limusines ociosas a pessoas que repentinamente descobrem precisar de um carro -depois de um jantar regado a álcool, por exemplo, ou ao final de uma noite estendida de trabalho. O Airbnb faz dos quartos desocupados que pessoas têm em suas casas uma alternativa mais barata a hotéis, ocasionalmente com resultados desagradáveis.

É possível encarar essa tendência como função da nuvem em si, já que anunciar, identificar e ocupar vagas de improviso requer acesso de múltiplos locais a um banco de dados comum.

Sempre foi possível alugar um quarto vago ou encontrar um passageiro para um carro no intervalo entre dois serviços agendados, mas agora fazê-lo custa pouco e existe um sistema comum.

TEIA DE ATENDIMENTO

Outro exemplo nos EUA é a LiveOps, uma central de atendimento telefônico que usa computação em nuvem. Empresas como Pizza Hut, NationsHealth e Kodak pagam à LiveOps US$ 0,25 por minuto para que ela receba pedidos, ofereça assistência a clientes e venda produtos.

A LiveOps terceiriza essas funções para 20 mil pessoas conectadas aos seus servidores em nuvem de suas casas.

Elas se inscrevem semanalmente para o número de sessões de meia hora que desejarem, ocupando tempo que antes ficaria ocioso.

"Os computadores em nuvem identificam a pessoa certa entre nossos agentes de serviço e encaminham a chamada à sua casa", diz Marty Beard, presidente-executivo da LiveOps. "São em geral estudantes, pais, veteranos de guerra -pessoas com algum tempo disponível."

Além das ligações, ele está preparando sua companhia para responder a posts no Facebook e Twitter sobre empresas que tenham contratado a LiveOps.

Os agentes em geral trabalham 25 ou 30 horas por semana, diz Beard. "Um agente realmente bom consegue ganhar US$ 40 mil ou US$ 50 mil ao ano", diz. "O mais provável é que ganhe cerca de metade disso."

Na prática, essas pessoas estão ocupando seu tempo ocioso, como as limusines do Uber ou um servidor de uma companhia, graças à computação em nuvem.

Essa forma de urgência mecânica de utilizar tudo, criando preços mais baixos (e, para muitos, salários idem), provavelmente se expandirá a diversas outras áreas.

Boa parte de nossa rotina talvez fique parecida com o modelo da LiveOps, à medida que agendas de contatos e compromissos compartilhadas e aparelhos com geolocalização viabilizem o trabalho em mais horários e locais.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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