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Entrevista Fernanda Viégas

Brasil já vê dados na web como bem público

Brasileira desenvolve ferramentas de visualização de dados no Google

Nossa missão é criar formas de transmitir informações complexas de forma intuitiva, afirma Fernanda Viégas

NATASHA FELIZI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A brasileira Fernanda Viégas, 42, comanda ao lado de Martin Watterberg o grupo Big Picture', dedicado à pesquisa e ao desenvolvimento de ferramentas de visualização de dados no Google.

É dela o Google+ Ripples (ou Google Eco, no Brasil bit.ly/googleeco), lançado em 2011, que mostra a trajetória de compartilhamento de um link desde que foi postado.

Ao olhar para o gráfico, um círculo central mostra o nome do usuário que originalmente postou o conteúdo. Ao redor dele, círculos menores indicam quem compartilhou.

No Rio, Fernanda falou com a Folha sobre como seu trabalho ajuda a entender os novos fluxos de informação.

Ela não quis falar sobre o impacto disso na privacidade dos usuários. Por meio da assessoria de imprensa, o Google disse tratar-se de uma prioridade e que "centenas de milhões de dólares são investidos todos os anos".

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O que mudou, de dez anos pra cá, com o aumento da quantidade de dados em circulação?

Há que pensar em três coisas. Volume: 90% dos dados que existem hoje foram criados nos dois últimos anos. Hoje temos dados sendo gerados em contextos novos, como redes sociais.

Variedade: há estimativas mostrando que cerca de 80% dos dados de empresas hoje não são numéricos. Isso significa vários formatos: texto, imagens, áudio.

E velocidade, que não se refere somente à produção de dados, mas também ao seu processamento.

De que maneira esse fenômeno teve impacto sobre a visualização?

Hoje há muito mais dados disponíveis na web. Vários governos têm iniciativas para publicação na rede. Cientistas também. A tarefa de visualização tem se tornado um pouco mais fácil devido à criação de ferramentas gratuitas. Hoje há opções para o usuário leigo (e.g. Many Eyes) e para o desenvolvedor (e.g. d3.org, processing). A visualização de dados traz a vantagem de ressaltar claramente certos erros numa base de dados, por exemplo. Também é importante haver sempre uma conexão entre a visualização e os dados brutos para que se possa checar quaisquer dúvidas que surjam.

Como diferenças culturais influenciam a criação e a interpretação de dados?

De maneira muito sutil. Um exemplo clássico se refere à leitura das cores. Enquanto o vermelho para nós significa perigo ou alerta, em alguns países asiáticos essa cor é positiva.

O que você tem desenvolvido no Google?

Nossa missão é criar visualizações que transmitam informações complexas aos usuários de maneira intuitiva. Já lançamos o Google+ Ripples, que mostra como links se tornam virais na rede social. Também lançamos o YouTube TrendsMap, que mapeia os vídeos mais assistidos em tempo real.

No Brasil ainda não temos uma cultura forte de disponibilização de dados abertos. Enxerga algum caminho pra melhorar isso?

O Brasil já começou a dar os primeiros passos. Com a criação do dados.gov.br, o governo abriu um diálogo com a população e reconheceu neles um bem público.

A visualização de dados pode apelar para a emoção?

A visualização de dados é uma maneira de entendermos o mundo à nossa volta. Há dados impessoais, mas também há muitos dados emocionais. Quando visualizamos nossas conversas com familiares, por exemplo, criamos um mapa íntimo de nossas vidas. Há alguns anos, o "New York Times" publicou uma visualização chamada "Faces of the Dead", que mostra o rosto de todos os soldados americanos mortos na guerra com Iraque e Afeganistão. A visualização é atualizada todos os dias até hoje.


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