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Taiwan corre atrás do mercado de tablets

Empresas do país, outrora poderosas com seus notebooks e netbooks, agora tentam entrar no filão do iPad

Companhias admitem influência da Apple e investem em aparelhos ousados; canetinha ressuscita em modelos

RAFAEL CAPANEMA
enviado especial a taipé

Se entre 2008 e 2009 os rumos da indústria de computação eram ditados por uma empresa taiwanesa, pioneira na então emergente categoria dos netbooks, hoje as principais companhias de tecnologia do país asiático seguem o caminho aberto pela Apple, produzindo tablets que tentam se diferenciar do líder do mercado, o iPad.

As tabuletas com tela sensível ao toque estão ganhando espaço às custas dos laptops ultraportáteis e baratos, introduzidos em 2007 pela Asus -no segundo trimestre deste ano, a produção mundial de tablets superou a de netbooks pela primeira vez, de acordo com a empresa de pesquisa ABI Research.

A diretora de marketing da Asus, Cecilia Huang Fu, não esconde a inspiração dos tablets da companhia.

"Admiramos a Apple, nossa concorrente. O iPad é um produto muito inovador, quase perfeito. Quando ele surgiu, desistimos dos nossos protótipos e começamos a segui-lo como modelo", afirma.

Apesar da influência explícita, os tablets da Asus são bem diferentes do iPad -talvez a própria Apple reconheça isso, já que até agora não processou a empresa taiwanesa por plágio, como fez com a coreana Samsung.

O tablet mais ousado da Asus é o PadFone, engenhoca apresentada em maio pela empresa na feira de tecnologia Computex, em Taipé, capital de Taiwan.

O PadFone é um smartphone com tela de quatro polegadas e Android que pode ser acoplado a um aparelho em forma de tablet. O "cérebro" fica no celular, o que elimina a necessidade de transferir dados de um dispositivo para o outro.

No início do mês, a Asus apresentou mais um tablet com Android, o Eee Pad Transformer Prime, que pode ser acoplado a um teclado, vendido separadamente, tomando a forma de laptop tradicional.

A VOLTA DA CANETINHA

Também de Taiwan, a HTC oferece atualmente só um modelo de tablet, o Flyer, que roda sistema Android e se diferencia do iPad pela tela menor -tem sete polegadas, ante 9,7 do aparelho da Apple- e pela inclusão de uma caneta digital, acessório comum nos tablets pré-iPad e execrado por Steve Jobs. "Se você vir uma [caneta] stylus, quer dizer que estragaram", afirmou o cofundador da Apple em abril de 2010.

Além de servir para desenhar, a caneta pode ser usada para acrescentar anotações manuscritas a um site e enviá-las para um amigo, emulando a antiga experiência de recortar revistas.

Outro aspecto do Flyer inspirado por objetos tradicionais é o peso, de 420 gramas. "Em pesquisas com consumidores, descobrimos que o peso ideal de um tablet seria o de um livro em brochura, e trabalhamos para chegar a esse valor", conta John Wang, chefe de marketing da HTC.

Já a Acer aposta em tablets com tamanhos de tela diferente, oferecendo modelos de sete e de 10,1 polegadas.

A empresa acrescentou poucas camadas próprias aos aparelhos, o que deixa seus tablets bem próximos à experiência "pura" do sistema.

Além dos modelos com Android, a Acer produz tablets com Windows. Previsto para 2012, o Windows 8, que mescla as interfaces de tablet e de computador tradicional, é visto pelo presidente da Acer, Jim Wong, como uma "mudança de paradigma".

AINDA DISTANTE

Se quiserem superar a Apple, tais empresas têm um longo caminho a percorrer.

A Apple vendeu até hoje 25 milhões de iPads no mundo todo, cerca de 10 milhões deles nos EUA.

Segundo a consultoria NPD, entre janeiro e outubro, todos os fabricantes de tablet juntos, excluindo a Apple, comercializaram nos EUA apenas 1,2 milhão de unidades.

O jornalista RAFAEL CAPANEMA viajou a convite da Taitra (Taiwan Trade Center do Brasil)

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