A antiapple
Líder em celulares na China, Xiaomi chega ao Brasil e rechaça comparação com a fabricante do iPhone
Apesar das referências da imprensa e do público à fabricante de celulares Xiaomi como a "Apple da China" --e das semelhanças em produtos--, o vice-presidente internacional da empresa, Hugo Barra, rechaça a comparação.
"A Apple faz exatamente o contrário do que fazemos", disse à Folha. "Eles não conversam com os fãs, não tratam jornalistas com informalidade, casualidade. Os consumidores da Apple vivem no mundo deles e não conversam com a empresa."
A Xiaomi tornou-se a marca líder em venda de smartphones em seu país natal em apenas quatro anos e a sétima maior vendedora de celulares no mundo. O mineiro Barra, antes chefe da divisão do sistema de smartphone do Google, lidera hoje a expansão global da companhia.
No evento de lançamento do primeiro celular da Xiaomi no Brasil, na semana passada, o engenheiro, com formação na UFMG e no MIT (EUA), comparou seu produto diversas vezes ao iPhone 6.
Mas, para ele, dizer que há semelhança entre as empresas é "sensacionalismo".
"Em hipótese alguma você pode dizer que o produto que a gente lançou hoje tenha similaridade com um da Apple, mas a comparação é natural. Quando você está vendo a apresentação de um novo celular, fica se perguntando como aquilo se parece com o iPhone, que é o parâmetro da indústria", diz.
Além da tela de 4,7 polegadas ("um tamanho padrão", diz Barra), do peso praticamente igual e do software com algumas funções e características visuais parecidas, celular o Redmi 2 tem de fato pouco de iPhone 6 --afinal, é um aparelho de R$ 499 comparado a um de R$ 3.499.
A empresa é considerada o análogo chinês da Apple porque as apresentações de produtos têm formato parecido (um monólogo cercado de suspense). E seu fundador Lei Jun é equiparado a Steve Jobs por ser considerado um visionário tecnológico e por ter levado a Xiaomi a uma rápida ascensão em popularidade --além de vestir-se em público da mesma maneira.
A empresa também tem uma massa de consumidores fiéis --a corporação afirma que tem fã clubes em 18 países. Os clientes são conquistados com ações pontuais (no evento em São Paulo, eles receberam uma bateria externa de R$ 99) e com marketing ativo nas redes sociais.
A página brasileira da Xiaomi tem 37 mil seguidores no Facebook. A Apple não tem uma página oficial.
ANDROID
Dos tempos de Google, Barra carrega as amizades, mas também negócios --a empresa tem de licenciar e pagar pelo Android. "Estou do outro lado da mesa agora. Mantenho minhas amizades, mas morando na China tudo fica mais difícil. Sempre que posso tento visitá-los."
O executivo diz gostar de afirmar que o que a Xiaomi faz com seu sistema operacional Miui é o que o Android deveria ser desde o começo, mais aberto. Segundo ele, metade das funcionalidades do programa foi sugerida por consumidores. No fórum chinês, há 40 milhões de usuários cadastrados.
"Era o que os caras que conceberam o Android tinham em mente: colocar a plataforma na mão de gente que entende de software e desenvolver em cima disso."
REDMI 2
SISTEMA Android 4.4 KitKat
TELA 4,7 polegadas
PROCESSADOR Snapdragon 410, quatro núcleos (1,2 GHz)
MEMÓRIA RAM 1 Gbyte
ARMAZENAMENTO 8 Gbytes
CÂMERA 8 Mpixels (traseira); 2 Mpixels (frontal)
4G Sim, dois chips
ONDE mi.com
QUANTO R$ 499