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'Kony 2012' rediscute fórmula de vídeos virais

Documentário de 30 minutos foge dos padrões de sucesso da web

Vídeo, que já conta com mais de 100 milhões de visualizações, também suscita novos debates sobre ativismo digital

Fotos Reprodução
Em apenas seis dias, "Kony 2012" atingiu mais de 100 milhões de visualizações, foi considerado o vídeo viral mais rápido da internet e levantou discussões.
Em apenas seis dias, "Kony 2012" atingiu mais de 100 milhões de visualizações, foi considerado o vídeo viral mais rápido da internet e levantou discussões.

LEONARDO MARTINS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Qual a receita para criar um bom vídeo viral? Daqueles que se espalham rápido pela web, que todo mundo vê e comenta na mesa de bar?

Na história recente da internet, com o YouTube e sites de compartilhamento, o caminho parecia claro: vídeos engraçados, de preferência com bebês ou animais, ou clipes de fenômenos que começaram na internet, como Lady Gaga e Justin Bieber.

"Kony 2012", um documentário com ares de produção hollywoodiana, 30 minutos de duração e nenhuma gota de humor ou absurdo -elementos tidos como necessários para o sucesso de um viral- quebrou a receita.

"Ele é a prova de que, apesar de existir um certo padrão nos virais, não há uma fórmula", diz Kaluan Boarini, produtor de conteúdo da YouPix, empresa que organiza eventos de cultura digital.

O documentário, feito pela ONG americana Invisible Children, já é considerado o viral a se disseminar mais rapidamente pela internet.

Segundo dados da empresa de monitoramento Visible Measures, "Kony 2012" atingiu 100 milhões de visualizações em apenas seis dias -ele foi publicado originalmente em 5 de março. O monitoramento contabiliza o vídeo original e também republicações e repercussões.

A proposta do vídeo é chamar a atenção da comunidade internacional para atrocidades de Joseph Kony, líder do LRA (Exército de Resistência do Senhor), em Uganda. Seu grupo sequestra e tortura crianças em protesto contra o governo do país.

Apesar do sucesso na web, o vídeo foi recebido com reprovação em Uganda.

Victor Ochieng, que organizou a exibição do vídeo na cidade de Lira e teve dois parentes sequestrados pelo LRA, disse ao "Guardian" ter sido "muito doloroso para as vítimas ver pôsteres, braceletes e bótons da pessoa que é a maior responsável pela destruição de suas vidas".

No site de leilões e compras eBay, já é possível comprar mais de 7.000 produtos relacionados ao vídeo. Alguns se comprometem a doar 10% do valor do produto à causa.

"Por um lado, o vídeo chama atenção à temática, mas ele não trata de toda a complexidade do assunto. Prefere ir para o lado mais tocante", diz Adriana Amaral, professora de pós-graduação em ciência da comunicação da Unisinos e autora de uma tese sobre vídeos virais.

"O sucesso do Kony 2012 deve criar nova fórmula de 'viral de mobilização', usando basicamente os mesmos princípios do cinema e da publicidade e aplicando-os à internet", diz Boarini.

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