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Robôs no comando

Tráfego automatizado já supera o humano na web, diz pesquisa; maliciosos são os mais ativos

RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON

Desde a publicação de "Eu, Robô", em 1950, o risco de a humanidade ser dominada por autômatos é um tema recorrente na ficção científica.

A profecia do escritor Isaac Asimov pode parecer exagerada, mas quem acha isso improvável pode ficar surpreso com o resultado de uma nova pesquisa: o mundo já é dominado pelos robôs.

Em proporção de atividade, eles superam os humanos por 51% contra 49%, mas não existem como androides, num ambiente físico, como concebidos por Asimov. É só na internet que o tráfego dos robôs já supera o das pessoas.

O número saiu de uma estimativa feita em março pela empresa de segurança digital Incapsula, que fez um levantamento sobre o fluxo automatizado de dados na rede, analisando sites de mil clientes.

Sem precisarem se materializar em armaduras metálicas falando com voz unitonal, essas criaturas se dedicam a navegar pela web para recolher informação. Sites como o Google, por exemplo, usam um programa do tipo "crawler", que navega na rede compulsivamente, registrando tudo o que vê pela frente. É ele que produz o índice a que recorremos quando fazemos uma busca.

Outros tipos de aplicação, como aquelas que ajudam um usuário a monitorar mudanças em sites, também contribuem para aumentar o fluxo automático de dados.

Segundo o relatório, porém, não é esse tipo de atividade que faz o tráfego de robôs superar o humano.

Para deixar as coisas ainda mais parecidas com um roteiro de filme, os autômatos que mais contribuem para a população robótica na web são os mal-intencionados: ferramentas usadas por hackers, ladrões de conteúdo e disseminadores de spam.

Não foi à toa que uma empresa de segurança digital foi a primeira a fazer uma estimativa da proporção que a atividade dessas máquinas está ganhando.

"Não sei como eram esses números dez anos atrás -imagino que menores", disse à Folha Marc Gaffan, um dos fundadores da Incapsula. "Havia menos serviços automatizados, menos plataformas de software para varredura. Hoje, cada vez mais serviços e tecnologias vêm sendo desenvolvidos para automatizar sites."

CENSO CIBERNÉTICO

Pensando com ceticismo, porém, será que uma empresa de segurança digital não teria interesse em superestimar a ameaça robótica só para atrair mais clientes?

Não é impossível, mas cientistas da computação na academia não parecem surpresos ao ver o tráfego robótico superando o humano.

Lee Giles, professor de ciência da computação na Universidade Estadual da Pensilvânia, fez um experimento dois anos atrás para tentar estimar a quantidade de robôs na internet.

Após usar três sites como isca, capturou uma grande amostragem de autômatos e concluiu que eles estavam operando a partir de mais de 780 mil endereços IP -o código que identifica um usuário na rede.

Essa quantidade pode parecer pequena diante dos mais de 2 bilhões de pessoas que usam a internet no planeta. Um robô, porém, é capaz de visitar muito mais sites do que uma pessoa em um mesmo período de tempo.

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