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A fantástica fábrica de games

Zynga, a maior empresa de jogos das redes sociais, sonha em conectar 1 bilhão de pessoas

Fotos David Paul Morris/Bloomberg
Funcionário e seu cão na Zynga; 200 animais têm crachá da empresa
Funcionário e seu cão na Zynga; 200 animais têm crachá da empresa

CHRIS NUTALL
DO “FINANCIAL TIMES”

Entrar na sede da Zynga em San Francisco é como entrar em um dos jogos que a companhia desenvolve para redes sociais. A recepção é uma cabana de troncos inspirada por uma edificação virtual de "FrontierVille". Há até caveiras de bois e lanternas antigas como decoração.

Ao passar por essa fronteira, os convidados percorrem um túnel iluminado e chegam ao enorme saguão principal.

Olhando para cima, é possível ver os pisos superiores do edifício, como se fossem níveis de jogo a superar -e cada piso significa um jogo em que a empresa trabalha.

O presidente-executivo, Mark Pincus, me espera à porta. Ele é uma espécie de guia de parque de diversões em minha visita. "Eu me vejo como um Willy Wonka", diz, meio brincando, apontando para a fábrica de jogos que criou, em vez da fábrica de chocolates do personagem da literatura e do cinema.

"Esse saguão era imenso, silencioso e horrível. Decidimos fazer dele um espaço lúdico e comunitário."

Agora a área abriga uma Winnebago, casa sobre rodas decorada com imagens associadas à Zynga, uma área para jogar basquete, uma quadra com grama artificial para esportes e um minipalco decorado por 13 pôsteres de cachorros de funcionários.

AMOR AOS CÃES

A nome da empresa é uma homenagem a Zinga, um buldogue que Pincus teve. Enquanto conversamos, passam por nós cachorros de todos os tamanhos e formas, conduzidos pelos donos -200 animais de estimação têm crachás personalizados da Zynga para acesso ao edifício.

Pincus, 46, trabalhava de jeans e camiseta em um banco de investimento antes de se tornar empresário no setor de tecnologia.

Seria possível afirmar que o edifício de sua empresa, com 62 mil m², representa o florescimento da criatividade que Pincus tinha de sufocar em sua carreira precedente.

Ele tem planos ambiciosos para a conversão de um grande saguão na ponta oposta do edifício. "Estou pensando em criar um parque coberto -quero que a sensação seja a de estar no Central Park [de Nova York], com bancos, uma pista para que os cachorros possam correr, áreas tranquilas. Creio que podemos criar um espaço ao mesmo tempo espetacular e íntimo."

DIVERSÃO E TRABALHO

O plano tem muito de "CityVille", o jogo social mais popular da Zynga, no qual os participantes constroem a cidade de seus sonhos. A sede da empresa tenta encarnar esse espírito, com café da manhã, almoço e jantar gratuitos, happy hours, bar esportivo, academias de ioga e de ginástica e cinema. Os funcionários são estimulados a decorar o espaço de trabalho.

"Gosto de dizer que estamos tentando construir uma casa na qual desejamos viver." Dessa forma é possível compreender o caos organizado da empresa: combinar real e virtual, diversão e trabalho, escritório e residência.

Além dos cachorros por toda parte, Carmen e Georgia, as filhas gêmeas do fundador, vão ao escritório duas vezes por semana e participam das reuniões da empresa desde um mês de idade.

E todo mundo tem a chance de representar outros papéis -Pincus deseja que todos os funcionários saibam o que é ser o presidente. Por isso, uma nova empresa, com equipe autônoma, é criada para cada jogo planejado.

FORÇA DO FACEBOOK

Pincus fundou a Zynga em 2007, após participar da criação de outras três empresas de tecnologia.

O crescimento da nova empresa vem sendo fenomenal, ajudado pela popularidade das redes sociais. Ela tem 290 milhões de usuários ativos de seus jogos no Facebook, mais de seis vezes o total combinado de seus rivais. A Zynga abriu capital em dezembro, conquistando avaliação de US$ 7 bilhões.

Mas o preço das ações da empresa tem oscilado -a abertura iminente do capital do Facebook motiva altas, e dúvidas quanto à capacidade do grupo para continuar criando sucessos como "FarmVille" e "Words with Friends" resultam em baixas.

COMPRA INFELIZ?

Também surgiram dúvidas quanto à aquisição da OMGPOP por US$ 200 milhões em fevereiro. A companhia criou o jogo "Draw Something", que teve 35 milhões de downloads nas sete primeiras semanas de lançamento, mas que já dá sinais de ter sido só uma moda passageira.

"Talvez não tenhamos grande resultado no primeiro trimestre, mas os investidores podem esperar que no futuro ela [OMGPOP] influencie positivamente nossos resultados e nossa estratégia."

A estratégia tem por base a ideia que "brincar" -o termo que Pincus usa para se referir aos jogos sociais- é uma nova mídia, da mesma forma que a TV foi um dia. A Zynga quer conectar 1 bilhão de pessoas para que elas brinquem em todas as categorias de jogos, da mesma forma que a TV cobre todos os tipos de programa.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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