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Análise

Tablet Surface mostra quanto a Microsoft quer virar a Apple

Se empresa não se estabelecer no mercado móvel, seu crescimento freará

CHARLES ARTHUR
DO “GUARDIAN”

Um convite enviado a jornalistas e analistas com apenas quatro dias de antecedência; a apresentação de um "algo que você não vai querer perder", em um evento na costa oeste dos EUA; o presidente-executivo da companhia servindo como garoto propaganda do aparelho, elogiando o design e a estética.

Seria fácil confundir a apresentação do tablet Microsoft Surface, em 18 de junho, com um evento da Apple.

Sim, a Microsoft decidiu competir no mercado do iPad. Depois de anos contemplando o cenário, agora começou a correr atrás do setor de mais rápido crescimento no mercado da computação.

O mais fascinante no anúncio, porém, é que demonstra de modo dramático o quanto a Microsoft quer se transformar na Apple.

A empresa que deu ao mundo o Windows e enriqueceu com ele sofre há anos de séria inveja da Apple.

Quando Bill Gates ainda trabalhava na empresa em período integral, expressava irritação ao visitar a loja londrina da Apple em Regent Street, inaugurada no final de 2004. "É dessas coisas que precisamos!", queixava-se.

Além do Xbox, uma loja da Microsoft naquele período teria expostos apenas caixas e mais caixas de software e alguns mouses e teclados. Os laptops acionados pelo Windows eram todos fabricados por outras companhias, como a Dell e a HP.

E esse era um bom arranjo para a Microsoft: software é altamente lucrativo, porque, depois que você cria o original, o próximo bilhão de cópias custa praticamente zero, o que fez da Microsoft a companhia mais valiosa do mundo no final de 1999.

No entanto, agora a Microsoft está esnobando as empresas que a tornaram rica ao fabricar todos aqueles computadores com Windows.

Está imitando descaradamente a Apple, produzindo um aparelho do tamanho de um iPad, colocando seu nome nele, decidindo o preço e vendendo-o por meio de suas lojas físicas e on-line. (Gates ficará contente.)

A mobilidade ganha cada vez mais importância. Os celulares inteligentes superaram os computadores pessoais em volume de vendas no final de 2010, e um total de 108 milhões de tablets deve ser vendido neste ano.

A Microsoft está imitando a Apple porque não tem escolha. Se não conseguir estabelecer posição nesses mercados, seu crescimento freará. Até agora não conseguiu fazê-lo nos celulares inteligentes. Os tablets subitamente se tornaram um produto necessário.

Ao ingressar com força no mercado de tablets, a Microsoft demonstrou que compreende a necessidade de uma reinvenção. A velha Microsoft teria permitido que mil fabricantes de computadores produzissem tablets -grandes, pequenos, ótimos, horríveis, caros, baratos. A nova controlará os aplicativos que operam no Surface por meio de uma loja on-line e decidirá quanto a preços e modelos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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