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'Tablet serve como modelo para indústria'

Objetivo do Nexus 7 não é vender milhões de unidades, diz diretor de produto do Android, o brasileiro Hugo Barra

Na empresa desde 2008, mineiro afirma que aparelho explora oportunidade ainda não capturada no mercado

Kimihiro Hoshino/France Presse
Barra apresenta o Nexus 7 no Google I/O
Barra apresenta o Nexus 7 no Google I/O

DA ENVIADA A SAN FRANCISCO

O mineiro Hugo Barra, 35, foi um dos astros do principal evento do ano do Google, na semana passada, ao tomar o palco para lançar o primeiro tablet da gigante de buscas, o Nexus 7, e uma central de mídia, o Nexus Q.

Na empresa desde 2008, o diretor de produtos para Android afirmou que o tablet é um "modelo para a indústria e não algo para vender 100 milhões" de unidades.

Em entrevista exclusiva à Folha, Barra falou da importância do Brasil e da mentalidade de trabalho numa das firmas mais poderosas do mundo, além de propagandear o tablet Nexus 7.

"Cabe em qualquer lugar", disse, numa sutil indireta ao concorrente iPad, colocando o aparelho no bolso de trás do jeans. "Estou sem cinto e a calça não caiu."

Leia a seguir os principais trechos da conversa com o executivo.

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Mercado de hardware

Não descreveria isto [Nexus 7 e Nexus Q] como uma entrada no mercado de hardware. O tablet é uma parceria com uma fabricante de hardware, a Asus. Não é uma mudança estratégica.

Para ser bem claro, o objetivo desse modelo é mostrar a direção para a indústria. Não é vender 100 milhões de aparelhos. É dizer que a gente acha que um tablet de sete polegadas, com processador de núcleo quádruplo e tela HD, é uma excelente ideia. Agora, a HTC, a Samsung, a Motorola e a LG podem pegar este modelo e melhorar, especializar.

Rivais do Nexus 7

É uma oportunidade não capturada no mercado. Claro, existem produtos parecidos, mas não um que seja pequeno, leve, portátil e extremamente poderoso. Este é o primeiro. O público alvo é extremamente amplo por causa do preço. Para ler livro na cama, é fantástico. Você deita de lado e o negócio não cai na sua cara, não é grande demais.

Tendências do Brasil

Nossos serviços estão crescendo absurdamente no Brasil. O processo de inclusão digital é uma coisa sem igual porque o mercado é muito grande, e a velocidade [de expansão] é extrema. O Brasil cresceu em número de Androids quase seis vezes nos últimos 12 meses.

O brasileiro está comprando smartphone sem pensar duas vezes. O cara que talvez tenha internet discada em casa ou que talvez vá ao cibercafé agora tem internet no bolso, 24 horas por dia. É a tendência mais importante para o Google do que acontece no Brasil. E a adoção de todos os nossos produtos está subindo rapidamente devido ao fenômeno Android.

Brasileiros no Vale do Silício

Tem pouco brasileiro no Google. Em geral, os brasileiros que trabalham em companhias como o Google ou que estudaram nos EUA têm uma característica de serem globais por natureza, são descolados, não são bitolados em nenhum aspecto social, cultural ou religioso. A gente se relaciona muito melhor com o resto do mundo do que praticamente qualquer outra nacionalidade.

Trabalhar no Google

É muito diferente. O Google recruta pessoas com perfil empreendedor. Não no sentido do cara que quer fazer uma empresa própria, e sim gente que é pau para toda obra. Pessoas com uma capacidade e interesse intelectual para um grande número de coisas.

Todo mundo faz um pouco de tudo, dá opinião em tudo. Isto pode às vezes ser um pouco caótico, mas no final das contas é muito bom.

(FERNANDA EZABELLA)

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