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Hábitos de leitores ajudam livrarias a definir estratégias

Registro de dados como tempo de leitura e frequência já é feito pela Saraiva e está nos planos da Livraria Cultura

Nos EUA, Barnes & Noble compartilha informações com editoras; Amazon também coleta dados

Fernando de Almeida

LEONARDO LUÍS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Livrarias digitais estão definindo estratégias de mercado com base nos dados fornecidos pelos aplicativos que os leitores de e-books usam.

Para aprimorar seus serviços, as americanas Barnes & Noble e Amazon -que têm seus próprios equipamentos e aplicativos para e-books- aproveitam dados como a frequência de leitura e as marcações que os leitores fazem de páginas e trechos, segundo uma reportagem do "Wall Street Journal". A Barnes & Noble compartilha algumas informações com editoras.

Com a coleta de dados sobre os leitores -que está prevista nos termos de uso das livrarias- é possível estabelecer novos rumos. A Barnes & Noble, por exemplo, decidiu lançar uma seção de livros curtos depois de ver que seus leitores costumavam abandonar obras longas de não ficção pelo meio.

No Brasil, grandes livrarias nacionais já acompanham a tendência de analisar hábitos dos leitores.

O Saraiva Digital Reader, aplicativo da livraria Saraiva para várias plataformas, coleta dados como o tempo de leitura e os dias da semana em que o usuário mais lê.

"As informações nos ajudam a entender o comportamento dos clientes em cada tipo de aparelho", afirma Marcílio Pousada, diretor-presidente da Saraiva.

Segundo ele, a livraria pode, por exemplo, dar ênfase a livros digitais nas recomendações do site se o cliente for um leitor assíduo de e-books.

Joaquim Garcia, diretor de tecnologia da informação da Livraria Cultura, fala que a empresa já trabalha para ter um sistema parecido. Hoje, a plataforma deles registra as aquisições que o cliente faz e dá recomendações baseadas nisso, mas não recolhe dados sobre os hábitos de leitura.

Nos EUA, a Electronic Frontier Foundation, que defende o direito à privacidade na rede, luta para evitar que lojas de livros possam entregar dados de clientes a autoridades sem que uma corte aprove. "Há um ideal de sociedade em que o que você lê não é da conta de ninguém", disse Cindy Cohn, diretora jurídica da EFF, ao "WSJ".

MERCADO PEQUENO

Uma pesquisa do Instituto Pró-Livro feita em mais de 5.000 domicílios em todos os estados do Brasil, publicada em março, apontou que 70% dos brasileiros nunca tinham ouvido falar de e-books.

A Livraria Cultura diz que menos de 1% dos livros que vende são digitais. A americana Amazon -que planeja chegar ao Brasil ainda em 2012, segundo a Reuters- viu seus e-books superarem a venda de livros físicos em 2011, segundo a IHS iSuppli.

Ivan Pinheiro Machado, editor da L&PM, diz que registrar o comportamento dos leitores de e-books num mercado incipiente como o brasileiro ainda é irrelevante.

A escritora Martha Medeiros, cujo e-book "Noite em Claro" é sucesso na Cultura, diz que jamais levaria em conta dados sobre leitores. "Não estamos trabalhando com uma margarina", afirma.

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