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À moda antiga

Com mais de 200 mil desenhos feitos à mão por ex-funcionários da Disney, jogo idealizado para fliperamas é lançado para iOS após quase dez anos

Fotos Reprodução
Cena de "The Act", game para iOS
Cena de "The Act", game para iOS

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os traços, a trilha sonora e o enredo não deixam dúvidas de que "The Act" é um desenho animado à moda antiga, em duas dimensões e todo feito à mão -diferente da geração Pixar.

Porém basta um comando errado e fim. Você leva um "game over" e descobre que a produção é um game.

Há pouco mais de um mês na App Store, "The Act" não é tão óbvio porque poderia ser um filme da década de 1980 perdido nos porões da Disney. O jogador acompanha uma animação bem acabada e precisa agir dentro dela.

Edgar, um atrapalhado limpador de janelas, tenta se dividir entre salvar seu preguiçoso irmão de um transplante de cérebro acidental e conquistar a garota dos seus sonhos, uma enfermeira que deve ser uma prima distante de Jessica Rabbit, de "Roger Rabbit".

Ao contrário do que normalmente ocorre no mundo dos games, o jogador precisa controlar, na maior parte do tempo, as emoções do personagem, e não suas ações.

Para flertar com a musa, por exemplo, é necessário observar as reações dela e demonstrar interesse na medida certa. Um passo estabanado e ela sai correndo.

Os comandos são acionados ao deslizar o dedo na tela do iPad, do iPhone ou do iPod touch para esquerda ou para a direita. A direção e a velocidade do movimento determinam a intensidade das ações.

PARA FLIPERAMA

Apesar de apontar para uma tendência atual -a convergência entre filmes e games-, "The Act" não é um projeto novo. Demorou nove anos para ficar pronto.

O mais impressionante é que o jogo não foi desenvolvido com nenhum console em mente, e sim com os fliperamas (que em 2003 já estavam em decadência).

O idealizador é Omar Khudari, que, depois de passar a metade final da década de 1990 investindo em empresas de internet, decidiu fundar uma produtora, a Cecropia.

A empresa seria a responsável por dar vida ao sonho que ele carregava desde a década de 1980: criar um jogo em que as emoções dos personagens fossem controladas.

Depois de dois anos sofrendo com os resultados das animações, a Disney deu uma ajuda indireta ao projeto.

Com o sucesso de filmes como "Toy Story" e "Os Incríveis", a companhia resolveu fechar seu estúdio de animação na Flórida, responsável por desenhos em 2D como "O Rei Leão", "A Bela e a Fera" e "Aladdin".

Khudari contratou mais de 40 dos 250 ex-empregados do Mickey. Quando o trabalho deles terminou, "The Act" tinha mais de 230 mil desenhos individuais para seus 22 minutos de animação (a maior reclamação contra o jogo é que é curto demais!).

Em 2007, a Cecropia fechou as portas. O mundo dos fliperamas não existia mais, e nenhum gigante dos consoles se interessou pelo título.

A salvação do projeto aconteceu em 2009, quando a React Entertainment comprou os direitos de "The Act" e a Chillingo, responsável por "Cut the Rope", decidiu distribuí-lo.

(BRUNO ROMANI)

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