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Games clássicos ainda cativam seguidores fiéis

Jogos antigos como 'Super Mario' e 'Sonic' têm nichos em redes sociais

São fãs como Marcelo Nietto, que montou em casa uma máquina de fliperama para jogar sucessos do passado

MARINA LANG
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Toda sexta à noite, o comprador metalúrgico Marcelo Nietto, 38, se dedica a um passatempo raro, instalado no meio de sua sala de estar.

Enquanto a mulher assiste à novela, Nietto liga, com som baixinho, o seu arcade, máquina de fliperama arquitetada por ele próprio e que contrasta com a decoração discreta do cômodo.

São 3.500 games dentro do aparelho -todos os clássicos dos fliperamas, como "Pac-Man", "Mortal Kombat", "Back Street Soccer" e "Dragon Ninja", estão lá.

"Não tem quem venha aqui em casa e que não se apaixone ou faça algum comentário, que não se lembre de alguma coisa", conta ele à Folha. "Até mulheres pedem para ligar e jogar."

Nietto construiu seu brinquedinho. "Comprei o gabinete da máquina original usado e o reformulei. Dentro, tem um computador rodando os jogos antigos. Tem todos os jogos de fliperama que você imaginar", relata.

O custo total da engenhoca ficou em torno de R$ 2.000. Por dentro, o arcade modificado leva uma placa-mãe, HD e os emuladores de jogos.

Aficionado por games desde os sete anos, Nietto já colecionou cerca de 50 videogames. "Mas, depois do fliperama, eu os vendi. Era difícil achar peças de conserto", relata. Sua próxima missão é adaptar um simulador de carros com volantes para duas pessoas. "Esse eu coloco fora da sala, senão minha mulher me mata", diverte-se.

"REVIVAL"

Numa época de controle de games a partir de sensores de movimento, Nietto não é o único a aderir aos jogos clássicos, cultuados até hoje.

Emuladores, programas que reproduzem o sistema operacional para executar esses jogos clássicos, também se espalham na internet. O uso, entretanto, é controverso -a Nintendo, por exemplo, repudia a prática.

"É como perguntar por que a Nintendo não legitima pirataria. Não faz o mínimo sentido mercadológico. Isso simplesmente não está aberto a debate", decreta a companhia em seu site oficial.

Tal controvérsia torna difícil precisar números sobre os guardiões dos games "vintage" -mas as redes sociais ajudam a visualizar algumas estatísticas.

"Mortal Kombat", por exemplo, detém 20 mil usuários mensais no Facebook, segundo contagem do próprio site. O número é fichinha perto do clássico "Super Mario", cuja base mensal de usuários é 150 mil. "Ultimate Sonic", porco-espinho azul que foi um dos principais rivais de mercado do encanador de macacão vermelho, tem 20 mil adeptos mensalmente.

"Pong", primeiro game a fazer sucesso comercial em fliperamas, tem duas comunidades que totalizam 19 mil usuários mensais.

Uma comparação com um grande sucesso atual dos games mostra como o apego às velharias se restringe a um nicho: a franquia "Call of Duty", por exemplo, vendeu 124,65 milhões de cópias.

Releituras dos games clássicos estão presentes em tablets e smartphones. A Atari, por exemplo, mantém apps oficiais para Android e iOS. Ao lançar o antológico "jogo da cobrinha" para iPhone na semana passada, a desenvolvedora Webelix disse: "Talvez você não fosse nem nascido quando 'Snake' era jogado nos fliperamas, mas certamente vai passar tempo com esse game velho e divertido". Pelas avaliações positivas na loja, parece que sim.

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