São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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Jovem vende suas posses, mas não desiste dos gadgets

Kelly Sutton, 23, se livrou de quase tudo que tinha, mantendo apenas a tecnologia; hoje se sente "livre"

Engenheiro de software quase não usa mais livros ou até mesmo DVDs; internet é fonte do trabalho e diversão

CARLOS OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

Kelly Sutton, nova-iorquino de 23 anos, precisava revezar seu tempo entre Berlim e Nova York para seu trabalho de engenheiro de software. Cansado de empacotar suas coisas, pensou numa solução nada ortodoxa.
"Eu tinha deixado umas dez caixas de tranqueiras com amigos em Los Angeles. No fim do verão, não lembrava o que havia nas caixas. Decidi que, se não me lembrava das coisas, provavelmente não valia a pena tê-las", disse à Folha.
Inspirado pelo livro "Trabalhe 4 horas por semana", de Timothy Ferris, Kelly decidiu que conseguiria guardar tudo que tem em duas caixas de 50 cm3 e duas malas pequenas.
Nerd assumido, o engenheiro criou o site Cult of Less (cultofless.com) -algo como "culto ao menos"-, em que catalogou todos os seus pertences, de carro, bicicleta e cuecas a MacBook, iPad e Kindle, e começou a realizar as vendas, sempre pela internet.
Estava decidido, contudo, a não vender um tipo específico de propriedade: a tecnologia."Não acho que abriria mão do meu computador. É minha fonte de renda, planejamento e diversão. Você não pediria a um fazendeiro para viver sem sua enxada ou seu cavalo. Assim, não pediria para um engenheiro de software para viver sem seu computador", argumenta.
Em menos de quatro meses, atingiu seu objetivo.
Hoje, Kelly lê quase sempre por meio de seu Kindle ou de seu iPad, fugindo dos livros. Assiste a programas, seriados e filmes no seu MacBook, dispensando DVDs. Para ver programas não disponíveis na internet, vai a um bar. Para lavar roupas, visita um serviço de lavanderia perto de onde mora.
O engenheiro faz parte de uma geração que está se desapegando cada vez mais das mídias físicas. Entretanto, a tecnologia tornou-se parte tão fundamental do cotidiano que vai além do materialismo que critica: ela virou necessidade básica.
Kelly acredita que seu estilo de vida não se sustentará quando tiver uma família, mas diz que não desistirá de ter apenas o necessário.
"Agora, a cada compra que faço, me pergunto: Preciso mesmo disso? (...) Acabei comprando menos coisas, mas coisas mais legais", diz.


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