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Preços ameaçam adoção dos e-readers no Brasil
Aparelhos podem custar até mais de R$ 1.000; tributação é problema
Chegada de tablets ao mercado nacional também assombra a categoria, que peca por ser monofuncional
BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pouco mais de um ano
após a Amazon começar a
vender o Kindle para o país, o
brasileiro passou a ter opções "nacionais" de leitores
de livros eletrônicos. Os altos
preços, porém, podem fazer
com que essa categoria de
aparelhos não emplaque.
Além do dispositivo da
Amazon, existem quatro leitores no mercado brasileiro:
o Alfa, o ER-7001, iRiver
Story e o Cool-er.
Todos, porém, têm o mesmo problema: preço de produto importado, que varia de
R$ 599,90 (Cool-er) a R$
1.099 (iRiver). O Kindle com
3G, Wi-Fi e tela de seis polegadas , por exemplo, é vendido para o mercado brasileiro
por US$ 409 (cerca de R$
707). Desse valor, quase US$
200 são impostos.
Essa é, de fato, uma das
grandes reclamações e preocupações de fabricantes e lojas. Mesmo os leitores que levam marcas nacionais são
importados e, por isso, tributados como o concorrente
americano.
Uma das armas da Amazon para manter a popularidade do Kindle é o preço. Em
julho, a loja virtual abaixou
para US$ 139 o valor do modelo mais simples. Ele não
está à venda para o Brasil,
mas tem especificações comparáveis às dos dispositivos
encontrados por aqui.
Isso significa, por exemplo, que esse modelo do Kindle vale, com impostos, aproximadamente 12% de um salário mínimo da Califórnia
(cada Estado especifica um
valor mínimo; na Califórnia é
US$ 8 a hora trabalhada). No
Brasil, o Cool-er, o e-reader
mais barato do mercado, sai
por R$ 89,90 a mais que um
salário mínimo.
Marcílio D'Amico Pousada, diretor-presidente da Livraria Saraiva, fala que as
vendas do Alfa na loja foram
um sucesso, mas vê o preço
ainda como problema. "A
maior plataforma de livros
eletrônicos no Brasil ainda
são os PCs", diz ele.
Porém, Isar Mazer, da Positivo, acredita que os preços
cairão no futuro.
A vida dos leitores de livros eletrônicos deverá ficar
ainda mais difìcil com a chegada de tablets ao país.
Além do Galaxy Tab, o
iPad também terá venda oficial por aqui -nesta sexta-feira, o modelo mais simples
estará nas lojas por R$ 1.649.
MAIS RECURSOS
Claro, os tablets são mais
caros, mas também oferecem
mais funções, como conectividade sem fio (coisa que só o
Alfa tem), navegação pela internet, e-mail, maior espaço
de armazenamento e tela
com boa resolução.
Além disso, os tablets permitem a leitura não apenas
de livros, mas também de jornais e revistas -algo que não
ocorre tão bem nos e-readers.
"Eu não acredito em aparelhos que sejam monofuncionais. Dessa forma, eles serão produtos de nicho", diz
Sergio Herz, presidente-executivo da Livraria Cultura.
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