São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2010

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Dicionário "Aurélio" incorpora alguns termos estrangeiros

Nova versão amplia o corpus, mas não segue à risca o "Vocabulário" da ABL

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
DE SÃO PAULO

A chegada de uma nova versão do dicionário "Aurélio" é motivo de expectativa entre os que trabalham com a língua no dia a dia e que ainda convivem com as dúvidas próprias da fase de adaptação à reforma ortográfica.
Durante muito tempo, o "Aurélio" foi a grande obra de referência da língua portuguesa, tendo seu nome confundido com a própria noção de dicionário. Hoje já não navega sozinho por esses mares. Tem de enfrentar a concorrência do "Houaiss" e de outros.
No Brasil, o "Vocabulário Ortográfico" da ABL, embora seja um documento oficial, nem sempre é acatado pelos dicionários. O "Aurélio" não incorporou os hifens das novas grafias "conta-corrente" e "vão-livre", por exemplo.
A ampliação do uso da internet, portanto da comunicação com pessoas de todas as partes do mundo, vem incrementando o câmbio de palavras entre as línguas. O resultado são dúvidas frequentes sobre a grafia de estrangeirismos, um dos desafios postos aos dicionaristas.
O "Aurélio" preocupou-se com a inclusão de alguns termos de informática, como o verbo "tuitar", que ele ensina a conjugar como "eu tuito", embora a maioria das pessoas pronuncie "eu tuíto", hiato em vez de ditongo.
Substantivos como "tuíte" e "post" não foram registrados, mas "bullying", "pet shop", "sex shop", "pen drive" e "reality show" lá estão. Quem, todavia, se der ao trabalho de comparar grafias de estrangeirismos nos principais dicionários atuais vai encontrar discrepâncias.
O "Aurélio 7.0" tem uma vantagem para quem ainda não aprendeu as regras da nova ortografia: a pessoa insere um termo com a grafia antiga e é informada de que ele sofreu mudança com a reforma. Há também uma ferramenta que permite buscar termos usados nas explicações dos verbetes.
Os dicionários são autorais, fazem escolhas e refletem a hesitação dos usuários da língua. Falta uma obra capaz de enfrentar a dura tarefa de pôr ordem no caos.


THAÍS NICOLETI DE CAMARGO é consultora de língua portuguesa do Grupo Folha-UOL


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