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Dicionário "Aurélio" incorpora alguns termos estrangeiros
Nova versão amplia o corpus, mas não segue à risca o "Vocabulário" da ABL
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
DE SÃO PAULO
A chegada de uma nova
versão do dicionário "Aurélio" é motivo de expectativa
entre os que trabalham com a
língua no dia a dia e que ainda convivem com as dúvidas
próprias da fase de adaptação à reforma ortográfica.
Durante muito tempo, o
"Aurélio" foi a grande obra
de referência da língua portuguesa, tendo seu nome
confundido com a própria
noção de dicionário. Hoje já
não navega sozinho por esses mares. Tem de enfrentar
a concorrência do "Houaiss"
e de outros.
No Brasil, o "Vocabulário
Ortográfico" da ABL, embora
seja um documento oficial,
nem sempre é acatado pelos
dicionários. O "Aurélio" não
incorporou os hifens das novas grafias "conta-corrente"
e "vão-livre", por exemplo.
A ampliação do uso da internet, portanto da comunicação com pessoas de todas
as partes do mundo, vem incrementando o câmbio de
palavras entre as línguas. O
resultado são dúvidas frequentes sobre a grafia de estrangeirismos, um dos desafios postos aos dicionaristas.
O "Aurélio" preocupou-se
com a inclusão de alguns termos de informática, como o
verbo "tuitar", que ele ensina
a conjugar como "eu tuito",
embora a maioria das pessoas pronuncie "eu tuíto",
hiato em vez de ditongo.
Substantivos como "tuíte" e
"post" não foram registrados, mas "bullying", "pet
shop", "sex shop", "pen drive" e "reality show" lá estão.
Quem, todavia, se der ao trabalho de comparar grafias de
estrangeirismos nos principais dicionários atuais vai
encontrar discrepâncias.
O "Aurélio 7.0" tem uma
vantagem para quem ainda
não aprendeu as regras da
nova ortografia: a pessoa insere um termo com a grafia
antiga e é informada de que
ele sofreu mudança com a reforma. Há também uma ferramenta que permite buscar
termos usados nas explicações dos verbetes.
Os dicionários são autorais, fazem escolhas e refletem a hesitação dos usuários
da língua. Falta uma obra capaz de enfrentar a dura tarefa
de pôr ordem no caos.
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO é
consultora de língua portuguesa do Grupo
Folha-UOL
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