São Paulo, quarta-feira, 04 de maio de 2011

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Apple e Google rastreiam dados e mapeiam mundo

Para coletar informações, empresas ultrapassam os limites da privacidade

Publicidade móvel pode ser um mercado de US$ 2,5 bilhões até 2015, segundo a consultoria Frost & Sullivan

MIGUEL HELFT
DO "NEW YORK TIMES"

Você pode não saber, mas, se estiver carregando um smartphone no bolso, está provavelmente realizando um trabalho não remunerado para a Apple e o Google -- e os ajudando a direcionar mais publicidade para você.
Enquanto disputam o domínio na área de computação móvel, essas duas empresas têm usado cada vez mais os telefones de seus clientes como sensor a fim de coletar informações sobre torres de telefonia celular em seu entorno e bases Wi-Fi.
O Google e a Apple usam essas informações para aprimorar a eficiência de todos os aplicativos que usam localização no telefone, incluindo mapas e serviços de navegação mas também publicidade direcionada a pessoas localizadas em lugares específicos -- um negócio potencialmente gigantesco e que está apenas decolando. De fato, coletar informações se transformou em algo tão valioso que, para fazê-lo, as empresas estão dispostas a invadir os limites da privacidade.
As empresas estão usando informações de torres de celular e bases Wi-Fi a fim de construir mapas do mundo, que ajudam smartphones a rapidamente identificar a sua localização. Usar os sinais como guia de navegação é útil onde sinais de GPS são fracos, como em áreas urbanas ou em lugares fechados.
A Apple inicialmente confiou na tecnologia da Skyhook Wireless, empresa pioneira na técnica de usar bases Wi-Fi para localização. Porém, em 2010, passou a coletar as suas próprias informações. E, no fim do ano passado, a Skyhook processou o Google, alegando que este havia copiado a sua tecnologia e convencido a Motorola a rescindir o contrato com a Skyhook e usar o serviço concorrente do Google.
O Google e a Apple disseram coletar as informações anonimamente e usá-las para mantê-las atualizadas sobre bases Wi-Fi e não para rastrear indivíduos. Mas, porque a localização de uma pessoa é uma informação delicada, a prática tem provocado temores sobre privacidade.
O uso desses dados pelas empresas tem sido minuciosamente analisado desde a semana passada, quando dois pesquisadores de tecnologia relataram que um arquivo armazenado em muitos iPhones e iPads registram todos os locais visitados pelos usuários. O arquivo é decodificado e copiado para os computadores pessoais das pessoas quando seus dispositivos são sincronizados.
Diversos governos europeus disseram que iriam abrir investigações sobre as práticas da Apple e legisladores norte-americanos a solicitaram explicações à empresa.
No fim de abril, o Google disse estar coletando informações de usuários do Android localizadas no seu entorno, mas afirmou não rastrear indivíduos e que os usuários podiam optar por não participar da pesquisa.
Alguns especialistas em segurança disseram acreditar que a Apple não rastreava as pessoas, mas que coletava informações a fim de atualizar o seu banco de dados, pois as redes Wi-Fi podem surgir e desaparecer rapidamente.
O Google, que inicialmente coletava informações em bases Wi-Fi com a mesma frota de carros que fotografava para o serviço StreetView, agora captura a maioria das informações de tráfego por meio do telefone.
Publicidade móvel poderia representar um mercado de US$ 2,5 bilhões até 2015, de acordo com a Frost & Sullivan, e anúncios vinculados à localização são muito mais lucrativos do que outras formas de publicidade. No entanto, Ted Morgan, diretor-executivo da Skyhook, disse que as informações sobre localização poderiam ser valiosas em outras áreas, além da internet e dos celulares.
Por exemplo, um varejista que tem oito pontos de venda em uma cidade seria capaz de usar informações sobre passeios habituais a fim de determinar onde abrir a sua próxima loja. "Nós estamos basicamente tendo uma visão do comportamento humano que nunca tivemos antes", disse Morgan.

Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS


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