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#PRONTOFALEI
LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br
O potencial cívico dos videogames
EM ANO DE ELEIÇÕES, a crítica digital parece se dividir
entre os que a-do-ram a campanha Obama e os que dizem
que, no Brasil, a TV é quem
manda no jogo. Estou do lado
dos últimos. Por enquanto.
É inegável que a vida conectada continua a crescer,
independente da renda de
seus usuários. Até mesmo os
super-ricos, que sempre estiveram na rabeira da inovação, acabaram aderindo a
modernidades como o comércio eletrônico.
Do outro lado do estrato
social, o avanço é indiscutível: não se pode chamar de
"analfabeto digital" um povo
que aprende rápido a usar
SMS, a contrabandear de tudo nos mercados persas de
microcomércio, a fofocar nas
redes sociais e a piratear software, música, filmes e séries
em profusão. A Inclusão Digital é rápida sempre que representa economia e poder.
O Brasil ocupa hoje um
promissor segundo lugar em
número de usuários do Twitter e é a quarta maior nação
em número de blogs (atrás
dos EUA, do Reino Unido e do
Japão), mas é preciso observar esses números com cautela. O conteúdo das redes ainda reflete muito da mídia de
massa. O #CALA BOCA GALVAO é um bom exemplo.
A verdadeira participação
popular só acontecerá na hora em que a política deixar de
ser uma editoria, um papo
que não se discute ou o assunto mais chato em uma mesa
de bar e se tornar acessível a
todos, feito futebol ou novela.
Os videogames podem ser
a ferramenta perfeita para
essa mudança de mentalidade. Ao longo da história, jogos
sempre foram ambientes de
representação, competição
direta e formação de grupos.
Na administração pública,
podem ser instrumentos
ideais para a gestão coletiva
e transparência.
Oportunidades não faltam: supervisionar o orçamento e planejamento público em simulações como SimCity, acompanhar governantes e deputados em redes sociais como LinkedIn ou Facebook, usar ferramentas sociais para encaminhar,
acompanhar e votar projetos... iniciativas que podem
ser obras públicas para aumentar a consciência e o interesse da população e melhorar a administração.
Videogames e redes sociais, enfim, têm um potencial
cívico enorme. E bem mais
duradouro do que os fogos de
artifício de campanhas à
Obama. A tecnologia já existe
e é bem conhecida. O que falta, como diz o chavão, é vontade política.
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