São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2010

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#PRONTOFALEI

LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br

O potencial cívico dos videogames

EM ANO DE ELEIÇÕES, a crítica digital parece se dividir entre os que a-do-ram a campanha Obama e os que dizem que, no Brasil, a TV é quem manda no jogo. Estou do lado dos últimos. Por enquanto.
É inegável que a vida conectada continua a crescer, independente da renda de seus usuários. Até mesmo os super-ricos, que sempre estiveram na rabeira da inovação, acabaram aderindo a modernidades como o comércio eletrônico.
Do outro lado do estrato social, o avanço é indiscutível: não se pode chamar de "analfabeto digital" um povo que aprende rápido a usar SMS, a contrabandear de tudo nos mercados persas de microcomércio, a fofocar nas redes sociais e a piratear software, música, filmes e séries em profusão. A Inclusão Digital é rápida sempre que representa economia e poder.
O Brasil ocupa hoje um promissor segundo lugar em número de usuários do Twitter e é a quarta maior nação em número de blogs (atrás dos EUA, do Reino Unido e do Japão), mas é preciso observar esses números com cautela. O conteúdo das redes ainda reflete muito da mídia de massa. O #CALA BOCA GALVAO é um bom exemplo.
A verdadeira participação popular só acontecerá na hora em que a política deixar de ser uma editoria, um papo que não se discute ou o assunto mais chato em uma mesa de bar e se tornar acessível a todos, feito futebol ou novela.
Os videogames podem ser a ferramenta perfeita para essa mudança de mentalidade. Ao longo da história, jogos sempre foram ambientes de representação, competição direta e formação de grupos. Na administração pública, podem ser instrumentos ideais para a gestão coletiva e transparência.
Oportunidades não faltam: supervisionar o orçamento e planejamento público em simulações como SimCity, acompanhar governantes e deputados em redes sociais como LinkedIn ou Facebook, usar ferramentas sociais para encaminhar, acompanhar e votar projetos... iniciativas que podem ser obras públicas para aumentar a consciência e o interesse da população e melhorar a administração.
Videogames e redes sociais, enfim, têm um potencial cívico enorme. E bem mais duradouro do que os fogos de artifício de campanhas à Obama. A tecnologia já existe e é bem conhecida. O que falta, como diz o chavão, é vontade política.


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