São Paulo, quarta-feira, 05 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Empresas de segurança miram celulares

Diante de ataques recentes, desenvolvedores de programas contra ameaças voltam as atenções para os telefones

Hackers levam usuários a baixar aplicativos infectados; no Android, ameaça é 250% maior do que seis meses atrás

CLAIRE CAIN MILLER

DO "NEW YORK TIMES"

Hackers conseguiram invadir os celulares de celebridades como Scarlett Johansson e o príncipe William.
Mas e quanto ao restante de nós, que talvez não tenhamos fotos eróticas ou mensagens de voz sacanas, mas mantemos e-mails, números de cartões e o histórico de nossos deslocamentos?
Crescente número de empresas, tanto novas quanto conhecidas, consideram a segurança dos celulares uma oportunidade de negócios.
Na terça-feira, a McAfee introduziu um serviço para a proteção de celulares inteligentes, tablets e computadores pessoais, simultaneamente, depois de lançar na semana passada um sistema de proteção para aparelhos móveis empresariais.
No mês passado, a AT&T formou parceria com a Juniper Networks para criar aplicativos de segurança destinados a celulares. O Departamento da Defesa norte-americano apelou a empresas e universidades para que desenvolvam maneiras de proteger contra malware aparelhos acionados por Android.
Como sinal do interesse dos investidores, uma empresa iniciante, a Lookout, levantou US$ 40 milhões junto a grupos de capital para empreendimentos. A empresa faz um aplicativo que rastreia 700 mil programas e se atualiza automaticamente sempre que detecta ameaça.
Mas de muitas maneiras o setor está adiante de seu tempo. Os especialistas em segurança móvel concordam que os hackers ainda não representam grande ameaça no segmento de celulares.
No entanto, isso deve mudar, alegam, especialmente quando as pessoas começarem a usar aparelhos para pagamentos com sistemas digitais como o Google Wallet.
"Ao contrário dos computadores, a chance de encontrar ameaça inesperada em celular é bastante baixa por enquanto", disse Charlie Miller, pesquisador da Accuvant, uma consultoria de segurança, e hacker que revelou pontos fracos do iPhone.
"Isso acontece em parte porque os celulares são mais seguros, mas principalmente porque os malfeitores ainda não entraram com força no setor. Mas eles lentamente acompanharão o dinheiro na direção dos celulares."
A probabilidade de que usuários de celulares sigam links perigosos ou baixem aplicativos dúbios é maior do que entre os usuários de computadores, porque eles muitas vezes estão distraídos enquanto usam seus aparelhos, dizem os especialistas.

ANDROID ATACADO
Já aconteceram ataques severos, a maioria dos quais originados na China, disse John Hering, co-fundador e presidente-executivo da Lookout.
Neste ano, o Android Market foi atacado pelo malware DroidDream. Hackers piratearam 80 aplicativos e enganaram usuários para levá-los a baixar esses programas. O Google informou que 260 mil aparelhos foram atacados.
Também neste ano, muita gente baixou sem perceber outro malware, chamado GGTracker, ao clicar em links publicitários e visitar o site aos quais eles conduziam. O malware inscrevia usuários, sem avisar, em serviços pagos de SMS com preços entre US$ 10 e US$ 50.
A Lookout afirma que até 1 milhão de usuários podem ter sido atacados por malware direcionado a celulares no primeiro semestre, e o nível de ameaça para o Android é 250% mais alto agora do que seis meses atrás.
Ainda assim, especialistas acautelam que o medo é lucrativo para o setor de segurança e que os consumidores deveriam encarar com realismo a dimensão da ameaça, até o momento modesta.

"HACKERS DO BEM"
Os fundadores da Lookout começaram como hackers, ainda que aleguem que sejam hackers do bem, que expõem riscos, mas não causam danos. "É uma coisa bem James Bond", disse Hering.
Alguns anos atrás, ele se posicionou, com uma mochila carregada de equipamentos para hacking, diante do tapete vermelho na cerimônia do Oscar, e descobriu que perto de cem astros e estrelas carregavam celulares que ele poderia invadir na hora.
Hering não invadiu os aparelhos, mas divulgou que poderia fazê-lo. Criou a Lookout em 2007, com Kevin Mahaffey e James Burgess, a fim de prevenir esse tipo de intrusão.
Giovanni Vigna, professor da Universidade da Califórnia em Santa Barbara e estudioso de segurança e malware, diz que não demorará para que cuidar da segurança do celular seja tão automático entre os consumidores quanto cuidar da segurança do computador.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: FOLHA.com
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.