São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

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MINHA HISTÓRIA SPARKYBLAZE

fui recrutado pelo Anonymous

(...) Nunca contei à minha família, e só alguns amigos sabem da verdade

(...) Eu caí fora quando vi os hackers dando risada das violações dos dados das pessoas.

(...)É um bando de crianças que não tem o que fazer


RESUMO
Quando está na internet, Matthew, um hacker que reside na cidade de Manchester, Inglaterra, atende pelo nome de guerra SparkyBlaze. Até o último dia 14, ele era membro do Anonymous, o famoso grupo de hackers. Na data, Matthew, que não revela sua idade nem seu sobrenome, publicou uma carta cheia de críticas ao grupo e anunciou sua saída.

BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O meu interesse por computação começou na infância. Eu ficava fuçando para ver o que podia fazer com computadores e me interessei por segurança. Eu quis virar hacker depois de assistir a filmes como "Jogos de Guerra" [de 1983]. =P
Queria saber como ordenar o computador de outra pessoa a fazer o que eu quisesse.
Eu me tornei um membro do Anonymous depois de encontrar um site sobre eles. Eu já era um ativista e parecia a coisa lógica a fazer. Eu nunca contei à minha família, e só alguns dos meus amigos sabem da verdade.
É mais fácil assim, pois provavelmente meus familiares não aprovariam isso. Não tenho medo de ser preso.
Se tivesse, não revelaria na rede meu nome e minha cidade.
O Anonymous consiste em pequenas operações, algumas comandadas pelos "líderes". Eles têm canais de comunicação privados para conversar sobre alvos e planos. Como eu sei? Aconteceu na Operação Sony [quando o grupo vazou dados bancários e de cadastro de milhões de usuários da rede PSN].
Apenas algumas operações são comandadas pelos líderes. Eles não se importam com o resto. Até que essas operações comecem a chamar a atrair a imprensa. Daí, eles se envolvem.
A maioria das ações é feita para chamar a atenção da mídia e atrair membros, não para mudar alguma coisa.
Eles postam comunicados dizendo "você pode ser parte da revolução" ou "só você pode mudar isso". Querem que as pessoas se sintam importantes e acreditem que o que estão fazendo é bom.
Eu não acho que grupos de internet podem mudar alguma coisa no mundo real. As pessoas não dão bola, se não podem acessar um site que um moleque atacou.
Tudo o que o Anonymous está fazendo é revelar dados de pessoas que não têm nada a ver com as operações. Se o Anonymous quer promover mudanças, os membros têm que sair de casa e conversar com pessoas reais, organizar eventos e conversar com os governos.
Eu caí fora quando vi o Anonymous dando risada das violações dos dados das pessoas. Percebi que isso não estava ajudando em nada.
Conversei com outros membros sobre divulgar os dados de pessoas comuns, questionei-os, mas, por serem moleques e idiotas, eles disseram que é divertido.
Alguns membros me desejaram sorte na minha saída. Outros, como o Sabu, tentaram me colocar em descrédito. E fracassaram.
Não me preocupo com o Anonymous porque ele é formado por um bando de crianças que não tem o que fazer e que não sabe a razão para estar lá. Alguns pensam como eu, mas se recusam a sair. Não sei por quê.
Depois de sair, estou passando o mesmo tempo na internet que antes. Só estou fazendo coisas diferentes. =D


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